Os ricos, não os pobres, vão salvar Dilma
As duas principais entidades industriais nacionais – Fiesp e Firjan – já anunciaram que querem manter esse governo. As federações das indústrias dos estados nordestinos não estão na mesma sintonia
(Brasília-DF) As lideranças nordestinas e o voto nordestino, apesar das conquistas dos últimos anos que fez com que os últimos governos fossem afiançados por eles, devem estar começando a ver que nada mudou no jogo de poder nacional.
As duas principais entidades industriais nacionais – Fiesp e Firjan – já anunciaram que querem manter esse governo. As federações das indústrias dos estados nordestinos não estão na mesma sintonia – isso se repete na maioria das outras entidades empresariais, sejam de construção civil ou de serviços. As federações das indústrias de vários estados do Nordeste estão diminuindo suas estruturas face a redução brusca da atividade econômica que enfraquecem a distribuição de recursos do Sistema S.
Na semana passada alertei sobre a força das elites em detrimento dos grandes movimentos. Isso se confirmou, para minha infelicidade, ao final da última semana com os movimentos de apoio a Presidenta Dilma, intitulados “Atos em Defesa da Democracia”. Os movimentos não foram impactantes, dúbios, apoiam Dilma e criticam o Governo, como se não fossem os fiadores! Os movimentos de repulsa e pelo impedimento e os de apoio pela manutenção da ordem, contra a interrupção de mandato, que poderíamos considerar, ambos, conservadores - um de fato e outro de direito, não conseguiram ser o que gostariam.
Os movimentos do Governo Federal de apoio a setores econômicos instalados no ABC, para o setor automobilístico como um todo, e a declaração domingueira do presidente do Itau-Unibanco, o banqueiro Olavo Setúbal, mostram que apesar dos votos que mantém o atual governo estejam no Nordeste foi o poder paulista que deverá salvar o mau governo, “ilegítimo” segundo Fernando Henrique Cardoso, da Presidenta Dilma.
Tudo indica que os grandes agentes da articulação nacional aptos para acalmar o ambiente virão da alta plutocracia. Os petistas mais empedernidos e os mais empolgados golpistas foram derrotados em suas mais profundas convicções. Não será o poder das ideias de um governo social democrata, “de esquerda”, ou a completa falência de uma gente corrupta e incompetente que vai valer o quanto pesa, mas os interesses de uma plutocracia. As agruras que o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, vai enfrentar para salvar a pele serviram como uma luva para que os ricos tenham tomado tal decisão.
O poder nordestino de nada valeu para este caminho que se apresenta. As conquistas que essa gente teve são só bucha para os grande interesses nacionais. A Presidenta Dilma errou por quatro anos em suas políticas anticíclicas que afundaram mais ainda o capenga modelo federativo nacional. Ela desestruturou as principais empresas públicas com atuação no Nordeste e cultivou a tese de que quando o bolo aumentasse as migalhas nos serviriam. Contou com o pavor das possíveis perdas das poucas, mais importantes, conquistas sociais dos Anos Lula.
Dilma faz tudo errado, mas deverá se salvar não por conta dos seus, mas porque os ricos decidiram que o custo seria muito alto.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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