ESPECIAL DE FIM DE SEMANA: "Sentimento de indignação no Nordeste"
Líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, afirma que os nordestinos sentem-se enganados pela presidenta Dilma Rousseff e que recursos do governo federal não chegam à região
(Brasília-DF, 07/08/2015) O líder do PSDB no Senado, senador Cássio Cunha Lima (PB) afirmou, em entrevista a Política Real, que a rejeição histórica da presidente Dilma Rousseff no Nordeste é o retrato do que ele percebe nos nove estados da região. Disse que há um “sentimento de indignação” entre os nordestinos porque se sentiram enganados na eleição.
Ele refere-se à pesquisa Datafolha, divulgada quinta-feira, 6, registrando 66% de reprovação ao governo da presidenta Dilma Rousseff. Aprovação foi de 10%, um pouco maior do que em nível nacional, que atingiu somente de 8%. Nacionalmente, a rejeição chegou a 71%, percentual histórico na série do Datafolha em 25 anos.
Agravante
Somente Fernando Collor (PTB-AL), antes de ser afastado, em 1992, teve tamanha rejeição no país. Mas esteve abaixo da presidenta Dilma Rousseff: tinha 9% de aprovação e reprovação de 68%. Para Cássio Cunha Lima o resultado reflete perfeitamente o “sentimento de indignação” com as “mentiras” da então candidata do PT nas eleições de 2014.
No caso específico do Nordeste, de acordo com o líder do PSDB, ainda há agravante. Cássio Cunha Lima assegurou que não estão chegando recursos do governo federal à região. Citou obras paralisadas, como a transposição do Rio São Francisco, e outras em ritmo lento, como as do programa Minha Casa, Minha Vida.
Racionamento
“Situação econômica da região se agrava com a seca, com as dificuldades históricas de abastecimento, que sobretudo às populações rurais têm. Mas agora, até mesmo os grandes centros urbanos também enfrentam racionamento de água”, afirmou.
Sobre o bom desempenho de Dilma Rousseff na Região Nordeste nas eleições, Cássio Cunha Lima respondeu que havia, sim, esperança dos nordestinos em um bom governo da petista. “A compreensão naquela instante que o governo do PT tinha trazido, e nós nunca tivemos dificuldade de reconhecer, aspectos positivos como, por exemplo, Bolsa Família, o anúncio da própria obra da transposição, para manter exemplos muito conhecidos”, explicou.
Lucidez
O líder do PSDB disse ainda que as pessoas mais humildes do Nordeste percebem a “enganação”. E que “por serem humildes não deixam de ser lúcidas, inteligentes”. Cássio Cunha Lima acrescentou que “As pessoas têm consciência política, têm discernimento”.
Novas eleições
Antes de dar entrevista exclusiva a Política Real, Cássio Cunha Lima, junto com o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), falaram em entrevista coletiva o que o partido defende neste momento: nova eleição para presidente da República. O entendimento da legenda, confirmada pelo presidente nacional, senador Aécio Neves (MG), é de que somente um novo ocupante da Presidência da República, eleito pelo voto popular, terá condições de tirar o país da crise econômica e política em que se encontra.
Leia trechos da entrevista de Cássio Cunha Lima a Política Real
Líder, estão chegando recursos do governo federal aos nove estados da Região Nordeste?
Não. Infelizmente, não. Tudo o que o governo anuncia não passa da velha tática da propaganda. Obras como, por exemplo, a transposição do São Francisco, com mais de quatro anos de atraso no cronograma, e sem perspectiva ainda de conclusão. Programas como Minha Casa, Minha Vida, paralisados. Outras obras do PAC também sem execução a pleno vapor. Situação econômica da região se agrava com a seca, com as dificuldades históricas de abastecimento, que sobretudo às populações rurais têm. Mas agora, até mesmo os grandes centros urbanos também enfrentam racionamento de água. Então, a situação do Nordeste não é diferente do resto do Brasil. A situação de profunda dificuldade social e econômica.
A que o senhor atribui essa quantidade de votos mais expressiva aos petistas, tanto à presidenta Dilma Rousseff quanto ao ex-presidente Lula na região?
A compreensão naquela instante que o governo do PT tinha trazido, e nós nunca tivemos dificuldade de reconhecer aspectos positivos, como, por exemplo, Bolsa Família, o anúncio da própria obra da transposição, para manter exemplos muito conhecidos. E Nordeste percebeu, assim como todo o Brasil percebeu, que tudo não passava de mentira. Tudo que foi dito, me vem à memória aquele comercial na campanha eleitoral, tirando o prato de comida da boca do povo e dizendo que se Aécio (Neves, candidato do PSDB) fosse eleito ia faltar comida. A eleita foi Dilma e a população está sentindo isso na pele. Então toda essa rejeição decorre daquele sentimento de uma sociedade que foi enganada. Então, é esse sentimento de indignação que leva a esse patamar histórico de rejeição da presidente.
Na Paraíba, o senhor percebe isso nas pessoas mais humildes?
Claramente. Claramente, as pessoas, por serem humildes, não deixam de ser lúcidas, inteligentes. As pessoas têm consciência política, têm discernimento. E esse discernimento do povo nordestino soma-se ao do restante do Brasil na rejeição que hoje a presidente Dilma Rousseff tem.
O senhor verifica essa reação também nos outros oito estados?
No Nordeste inteiro.
(Valdeci Rodrigues, especial para Política Real. Edição de Valdeci Rodrigues)