31 de julho de 2025
OPINIÃO

Ivo Viu a Uva. Ou o Ovo.

Mas que ovo, excelências, iremos festejar? Provocou um nobre Deputado lá no fundo onde se aninham em cochichos os plantonistas do famoso Baixo Clero.

Publicado em

Nesse nosso intermitente devagar quase parando, e agora parando mesmo, até que se saiba quem venceu a Copa e quem perdeu as eleições, eis que o Povo Brasileiro, por seus ínclitos representantes e bastante Procuradores, ocupa o ultimo dia reservado para ser útil no período e sobrestando tudo o que, embora bem devagarinho, seguia andando, produz a fagulha e incendeia o debate em torno do projeto de lei instituindo o Dia Nacional do Ovo.

 

Mas que ovo, excelências, iremos festejar? 

Provocou um nobre Deputado lá no fundo onde se aninham em cochichos os plantonistas do famoso Baixo Clero. A pergunta ecoou como um grito de imensurável dúvida parada no ar. Num ambiente como o do Parlamento há que se preservar o respeito. Ninguém quis avançar querendo decifrar a origem do ovo a ser comemorado.

 

Ainda hoje segue sem elucidação a antiga dúvida – afinal, o que veio primeiro? O ovo ou a galinha?  Ovíparos não são apenas os galináceos. Também os repteis e daí o temido ovo da serpente. Repteis como as serpentes, ainda bem, põem menos ovos do que, por exemplo, os peixes e os anfíbios.

 

Os peixes como os galos não põem ovos. Suas fêmeas, por obvio, sim. O da galinha chama-se ovo. O da mulher do peixe chama-se ova. Daí dizer-se que isso ou aquilo é uma ova. Que eu também, por mais que a Catarina ache que eu sei tudo, não sei.

 

A principal justificativa para a lei incluindo no calendário o Dia Nacional do Ovo é que precisamos comer mais ovo.

 

No Japão o consumo de ovo é de um por dia por cada pessoa. Seguindo esse exemplo da terra do sol nascente, onde a expectativa de vida com boa saúde beira os 100 (cem) anos, gastaremos menos com remédios e tratamentos, economizando para investimentos na educação.

 

Em Gotham City ainda vive um cientista politico, aliás, cientista e politico, chamado Dr. Ivo Robotinik cuja cabeça lembra um ovo, o que lhe valeu o apelido de Dr. Eggman. E é assim que ele prefere ser chamado.

 

O Batman sabendo que o fim do reinado do Dr. Eggman está próximo parece nem mais se incomodar com ele. Mas o  doutor não admite que algum dia irá morrer. Obcecado pela imortalidade tem inventado tipos à sua imagem e semelhança.

 

Com sucatas velhas achadas num lixão da NASA e chips contrabandeados da NSA criou um robô, calma, uma roboa (como é mesmo o feminino de robô? Lx&vs%$m? Não. Isso não.) Não deu certo. Partiu pra outra.

 

Inspirado em animais lendários de série de TV em temporada final, o doutor cabeça de ovo inventou o Egg Hawk. Quando já estava virando sucata resolveu reciclá-lo. O resultado não homenageia a evolução das espécies.

 

Evolução das espécies, uma ova!

 

Falando agora em ova, o Gago famoso pela peixada que a Dona Engrácia, sua mulher, e só ela sabia fazer no Bar que os dois mantinham na Praia do Olho Dágua, gostava de servir ova de pescada amarela frita no azeite de babaçu como antepasto. E não se cansava de falar inclusive para senhoras, inclusive as pudicas, aparentemente pudicas, sobre as propriedades afrodisíacas das ovas.

 

No mar Cáspio há um peixe chamado esturjão, que chega a pesar até mais de uma tonelada. As ovas da fêmea são 10% (dez por cento) proporcionais ao peso. É de lá o mais requintado e mais caro condimento dos antepastos dos ricos, o popular caviar.

 

Mas que ova que nada. Os nossos ínclitos e nobres e atentos e solidários Deputados estão querendo que a população coma é ovo.

 

E então, vamos festejar o Dia Nacional do Ovo? E porque não incluirmos também no calendário o Dia Nacional do Galo e o Dia Nacional da Galinha? Afinal sem esses dois não há ovo. Palmas para os nobres Deputados! Instigaria o Chacrinha. Palmas.

 

-oOo-

 

12.06.14.