31 de julho de 2025

A mola do poço

A coluna de Genésio Araújo Junior é editada todos os domingos neste espaço

Publicado em

( Brasília-DF) A  pesquisa Datafolha, divulgada no último sábado, vai marcar a semana ,mais até que a busca de espaço para viabilizar o plebiscito da reforma política.

Em março, a Presidenta Dilma tinha 65% de aprovação, na primeira semana de junho ela chegou a 57% e agora, no auge da crise, chega a 30% de aprovação.  Foi a maior perda de prestígio de um presidente da República desde Fernando Collor, no início dos anos 90. 

No Nordeste, Dilma tem 40% de aprovação - 10 pontos percentuais acima da média nacional.

É impressionante como em menos de 3 meses uma chefe de Governo que tinha sido relançada à Presidência da República, menos de um mês antes, tenha perdido mais de 30% de popularidade!  É verdade que a inflação está fazendo água, pois isso é um verdadeiro imposto inflacionário. É bom que se diga que os salários continuam crescendo acima da produtividade, pois à beira da estaginflação(estaginação+inflação) o nível de emprego não se abala.

Ora bolas, com isso tudo dá para imaginar um fim do mundo?!  Depois de uma onda de manifestações que chegou ao pico na cidade do Rio de Janeiro, com 300 mil pessoas nas ruas, não dava para esperar outra coisa. 

O momento deve ser visto como o pior.  É certo que se fizerem pesquisas em todos os grandes estados brasileiros todos os chefes de governos estaduais e municipais terão perdido musculatura junto à opinião pública.  

Durante a semana vimos a Presidenta da República mudar, radicalmente, em sua lida com os políticos.  Ela começou dando patadas em correligionários, e aliados, depois foi só ouvidos e terminou recebendo até líderes do LGBT!  

Apesar da agonia vir, em maior dose, dos centros do Sudeste, é o poder nordestino que dá o tom do jogo político a que a o Palácio do Planalto terá que se ater em meio ao impacto dos números da Datafolha.

Às escancaras, o senador Ciro Nogueira(PI), presidente do PP, foi logo dizendo que era contra o plebiscito e a favor do referendo.  O Governo divulgou logo que a base, em uníssono, estava apoiando Dilma.  Tudo da boca para fora. Renan Calheiros(AL), presidente do Senado, e Henrique Alves(RN), presidente da Câmara, não querem saber desse jogo que eles sabem só interessar ao PT. O sumiço do senador W. Dias(PI), líder do PT no Senado, que preferiu ir para uma festa de sua mulher que colocar a cara no Planalto, também dá o tom desse jogo duro.

Os políticos não aceitam ser usados pelo Planalto quando se sabe que o povo está de mal com eles não é, prioritariamente, por acusá-los de serem ladrões, mas por serem mal de serviço. A tradição brasileira aponta que povo atendido não liga para traquinagem de políticos inescrupulosos.

Dilma terá que mudar o foco, apesar da pesquisa Datafolha apoiar até uma Constituinte para tocar uma reforma.  Os políticos precisam receber sinais de que o Governo vai andar com suas ações que atendem a população.  Eles sabem que o governo não funciona como deveria, nem parecido com os resultados do período Lula, pois Dilma se comporta como alguém que controla e não como alguém que deseja fazer.

Mal ou bem, Lula queria fazer e não se importava como iria ser feito. Precisava-se do controle feminino, mas não se precisava de tanta pretensão para tal.

A chegada dos movimentos orgânicos a onda de protestos e a capacidade de lidar com os ensinamentos da dor oferecem a Presidenta Dilma razões para crer que tudo pode mudar, para melhor!

Eis o mistério da fé.

Por Genésio Araújo Jr, é jornalista

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