31 de julho de 2025

Os 100 dias e o Nordeste

A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço

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( Brasília-DF) A Presidente Dilma está bem na fita. Pesquisa CNI-Ibope está aí para não nos deixar mentir. As aparições públicas não foram reiteradas, porém quando ela o fez, fez bem. Assim foi na tragédia fluminense, logo no início, e agora com a “Chacina de Realengo”, quando o Brasil chorou junto com a Presidenta. Nada melhor para um governante quando ele chora com seu povo – isso vale tanto para democracias como para autocracias. São todos olhando para o mesmo espelho de suas mágoas. Espírito de Nação se expressa e consolida nas dores e não nas alegrias.
Aqui com o Nordeste, é outra coisa.
A Presidenta ao tomar posse falou três vezes, em seu discurso no Congresso Nacional, sobre desenvolvimento regional. Deixou-nos, aqueles que se preocupam com a questão, entusiasmados. 
Esses 100 dias nos levam a crer que ela escolheu bem o seu ministro da Integração, o pernambucano Fernando Bezerra Coelho. Um executivo público dos melhores e que neste momento de arrocho fiscal(!?) está atuando com desenvoltura. Ele deverá ser o primeiro ministro a apresentar uma proposta clara de combate a miséria extrema fora do Ministério de Desenvolvimento Social, sem contar que deverá conduzir o “Água para Todos”, algo parecido com o “Luz para Todos” e que começou a notabilizar a então ministra Dilma Rousseff, nas Minas e Energia.
A Integração Nacional comanda a maior estrutura do Governo Federal para o Nordeste. É sabido que os ministérios da Saúde e Educação têm mais recursos circulando na região, sem contar os recursos do MDS e dos excepcioanais Esportes, Cidades e BNDES, por conta da Copa do Mundo de 2014. Questionar esta turma pela apatia da Sudene, Dnocs e o futuro da Codevasf merece cuidado. Já foi anunciada a reestruturação desses dois últimos. É só aguardar para ver se fica como se precisa. Há informações de que a Sudene terá nova cara, mas o que assusta nesses dias é o futuro do Banco do Nordeste. 
No final da semana passada, surgiu a informação de que o Ministério da Fazenda está para anunciar um nome que não tem histórico com o desenvolvimento regional -  especialista na área mais tradicional e conservadora do mercado financeiro, seguros, com trabalho no Banco do Brasil e que fez criar nos especialistas na região a sensação de intervenção branca no banco que devido as dificuldades extremas da Sudene ganhou ares de verdadeira agência de desenvolvimento. A Presidenta Dilma quer mudanças, quer dar sua cara. O ministro Guido Mantega vive uma pressão grande face ao retorno da inflação e a necessidade de fazer o país continuar a crescer. Na reunião dos governadores, em Sergipe, a Presidenta disse que sua meta para a região era faz
ê-la continuar a crescer acima da média nacional. Levar a ortodoxia de um financista típico para o Banco do Nordeste parece ser uma estultice, a não ser que as metas para a região sejam um novo papel para a relação BNDES/BB sob a égide de uma Sudene ligada diretamente à Presidência. 
Mesmo com o novo assustando é perigoso para a região perder o controle do que, goste-se ou não, deu certo. Espera-se juízo e coragem da nossa classe política.
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, jornalista