31 de julho de 2025

Disputa PT/PMDB marca futuro do poder nordestino

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos

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( Brasília-DF) A postura pendular do líder do PMDB, na Câmara, Henrique Eduardo Alves(RN), na relação com o Palácio do Planalto e a decisão do Partido dos Trabalhadores de escolher o deputado José Nobre Guimarães(CE) para ocupar uma das vice presidências nacionais do partido são os indicativos, mais recentes, de que a disputa PT/PMDB na Câmara Federal será a mais emblemática e carismática no futuro da relação dos partidos mais importantes dentro da base parlamentar que sustenta o Governo Dilma Rousseff. Pelo menos na vertente nordestina.
 
O PSB, apesar de sua importância no Nordeste, com quatro governadores, terá como líder a deputada Ana Arraes(PE), mãe do governador e presidente nacional do partido – viverá a máxima política da concentração de poder que deverá gerar dificuldades para uma vida própria dos parlamentares – tanto dos novos como dos mais experientes. É difícil para um parlamentar que deseja avançar na vida parlamentar tendo que lidar com alguém que não pode ser destituído. O PSB deve agir na região com a nítida missão de manter o espaço que tem.
 
Deve chamar atenção, sim, a relação PT/PMDB. O PT com a unção dada a Guimarães privilegia o racionalismo e o pragmatismo. Guimarães que nunca teve o apoio do hoje senador José Pimentel(CE), decidiu apoiá-lo com todas as forças para derrotar os tucanos de Tasso Jereissati. Derrotado com o seu grupo pró Cândido Vacarezza(SP) para a Presidência da Câmara, logo se incorporou ao comando da campanha de Marco Maia(SP). Com ele não essa de chorar em cima de leite derramado. Mira o horizonte, sempre.
 
O PMDB perdeu muitos quadros de comando, na Câmara, ora para o Senado, ora para os erros estratégicos, como na Bahia. O PMDB tem um general, mas está sem coronéis e tenentes. Gente que mal chegou como Lúcio Vieira Lima(BA) e Danilo Forte(CE), que deveriam carregar pastas antes de virar vice líderes, já correm risco de assumir tarefas de fôlego. Gente como Marcelo Castro(PI), Gastão Vieira(MA) e Manoel Junior(PB) também serão chamados a sair da postura de líderes setoriais, periféricos. O PT não perdeu seus tenentes e coronéis no Nordeste. 
 
Não se sabe como Marco Maia vai administrar as dificuldades com Cândido Vacarezza, o redivivo líder do Governo na Câmara, que pode afetar os nordestinos, mas é certo que Henrique Alves vai dar espaço e poder para sua nova gente. Inclusive deve dar fôlego aos muito jovens, como Renan Filho, que estreou bem e cauteloso nessa semana em plenário.
 
Os partidos médios, como PR e PP têm a tradição(?!) de não buscarem geração de políticas públicas. Não devem chamar atenção a não ser por questões miúdas. Com um PSB centralizado, os movimentos de PT/PMDB no Nordeste devem dar condições de, em breve, dar a medida do futuro desse poder regional com forte implicação nacional
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Junior, jornalista