A imprensa deve assumir posições claras?!
A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço
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( Brasília-DF) Desde que o mundo é mundo o ser humano especula sobre o seu destino. Estamos à beira de mais uma eleição presidencial onde existe um inequívoco sentimento de serviço realizado. As pessoas parecem desejar, quase que de forma unânime, que tudo ser resolva logo para que a vida possa voltar ao normal.
A democracia exige que algumas tarefas sejam feitas para que ela continue a funcionar. Devemos respeitar esta máxima.
A maior justificativa para que esta situação se mantivesse assim, capenga, acredito, se deva ao fato das oposições não terem conseguido convencer a maioria da sociedade de que algo de novo e sensacional estivesse por vir.
Não se observa nada de consistente nas oposições. A candidata oficial também não anima. Seu grande mérito é dizer que não vai mexer no que está aí. Nesta reta final da campanha, como antevemos, observou-se o Presidente Lula ocupando quase todos os espaços. As entrevistas que ele deu a dois grandes portais de internet, ao IG e ao Terra, foram marcantes. As falas do Presidente conseguiram ser mais desatacadas que o resultado das duas últimas pesquisas Ibope e Datafolha, que mostraram uma queda, dentro da margem da candidata oficial e um avanço leve nos números da senadora Marina Silva e do ex-governador José Serra.
Lula reconheceu os erros de sua ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, ao dizer que ela perdeu a oportunidade de ser uma grande servidora pública e ao falar sobre a imprensa não reconhece que tem um partido, que apóia um determinado candidato. O Presidente ao mudar sua forma de lidar com a imprensa, depois de avançar o sinal dizendo num recente comício de que ele e o povão eram a própria opinião pública, coloca a questão num outro patamar.
Os grandes jornais do chamado mundo rico, que o Brasil almeja entrar em breve, costumam assumir publicamente que são favoráveis a um ou outro candidato. Na mais recente eleição americana, os grandes jornais assumiram, especialmente o “The New York Times” e o “The Washington Post”, posição favorável, em seus editoriais, ao candidato Barack Hussein Obama. Os grandes jornais europeus também o fizeram, mas isto é outro assunto. No corpo editorial eles faziam a cobertura normal de todos os candidatos. Os grandes jornais brasileiros não conseguem administrar muito bem esta questão. No Brasil, só a antiga “Tribuna da Imprensa”, que sucumbiu com o jogo bruto do mercado, fazia isto.
Será que os grandes jornais nacionais deveriam assumir publicamente, em seus editoriais, suas posições sobre qual o melhor candidato?! Acredito que sim.
Semana passada, arrisquei dizer que Lula iria dominar a cena em meio ao dilúvio de denúncias para segurar o ímpeto da oposição. A imprevisibilidade, dentro de um roteiro certo, deverá ser a tônica dos próximos dias. Vamos aguardar.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Junior, jornalista
Editor da Política Real – agência de notícias