Que não demorem 50 anos
A coluna de Rangel é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review" e "Diári
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( Brasília-DF) Por iniciativa da indústria têxtil, um grupo de mulheres cadastradas no bolsa-família no Ceará frequentou um curso de treinamento e qualificação de mão-de-obra para ingresso no mercado de trabalho, que oferece muitas vagas para costureira. Pois grande parte delas - a Secretaria de Ação Social de Fortaleza nega que eram 500 - recusou o emprego com carteira assinada e tudo, para não perder o dinheiro que recebem do governo, sem trabalhar. Meses atrás vimos em Cuba o presidente Raúl Castro fazer uma auto-crítica ao regime que comanda ao dizer que, depois de quase 50 anos dando dinheiro de graça aos cidadãos, criaram-se no seu país duas gerações de vagabundos, para as quais o trabalho não é uma prioridade. E anunciou mudanças no assistencialismo que inspirou a remuneração da ociosidade instituída no Brasil. Segundo Raúl, as novas gerações não se sentem estimuladas ao trabalho, já que desde crianças veem os pais recebendo dinheiro do governo sem fazer nada. Tanto que - já dissemos aqui - uma pesquisa realizada pelo governo cubano mostrou que arranjar um emprego é apenas a sétima prioridade entre os jovens do país. O que ocorreu no Ceará não é um caso isolado. Por todo o País milhares de pessoas recusam um emprego formal para não perder o benefício da esmola estatal, muitas vezes acrescida de um botijão de gás, uma cesta básica e outros penduricalhos. Praticamente uma quarta parte dos brasileiros integra esse imenso exército de desocupados. Isso representa a soma das populações do Uruguai, Paraguai, Peru e Bolívia. O companheiro Raúl Castro levou quase 50 anos para concluir que esse negócio de esmola não ajuda a ninguém, vicia o cidadão, destrói a dignidade das famílias, estrangula o mercado de trabalho e desqualifica a mão-de-obra do país. É preciso exigir uma contrapartida de todos aqueles que recebem o beneficio. Por todo o País escolas são assaltadas por falta de vigilância e muitas estão caindo aos pedaços por falta de manutenção. Crianças deixam de comer por falta de merendeiras. Por que não recrutar os pais para vigiar a escola, consertar os pisos, as paredes, as carteiras, as instalações elétricas e hidráulicas, as mães para fazer a merenda? Vamos torcer para que os companheiros acordem a tempo e promovam uma reformulação séria nesses programas assistencialistas, cujo embrião foi o Bolsa-Escola, criado em Brasília pelo governador Cristóvão Buarque, e não demorem 50 anos para acordar.
Nome
O nome do cearense Valmir Campelo (foto), ministro do Tribunal de Contas da União, surge como provável candidato ao governo do Distrito Federal. É tido como um dos poucos nomes capazes de derrotar nas urnas o ex-governador Joaquim Roriz, que renunciou ao mandato de senador para não ser cassado por corrupção e em cujos governos se consolidou todo o esquema de corrupção que estourou agora nas mãos de José Roberto Arruda.
De pijama
Caiu na compulsória e foi aposentado aquele embaixador Júlio César Gomes dos Santos, o chefe do cerimonial no governo Sarney que estava na agulha para ser embaixador no México, mas foi apanhado com a boca na botija, metido nas mutretas do famoso escândalo dos contratos para instalação do sistema de vigilância da Amazônia e perdeu a boca. Como sabia demais, ao invés de punição, ganhou um cargo de 20 mil dólares por mês em Roma. Tem gente tremendo de medo de que ele decida publicar suas memórias.
Correios
Correspondência postada em Brasília para os Estados Unidos, prioritária e sob registro, no dia 20 de janeiro, ainda não chegou lá. Reclamação aos Correios indicou que a dita cuja só saiu do Brasil dez dias após a postagem. Os incas andavam mais ligeiro na entrega de suas mensagens.
Promoção
Depois de prestar com eficiência serviços em várias de nossas embaixadas espalhadas pelo mundo, o diplomata cearense Marcelo Saraiva Câmara está de volta a Brasília, desta feita como o novo Chefe da Divisão da África III do Itamarati.
Visão
Ao visitar Cuba mais uma vez, o presidente Lula viu o que praticamente nenhum cubano consegue ver: o coma andante Fidel Castro. Mas não viu o que todo o mundo vê: a falta de liberdade, de comida e de respeito aos direitos humanos que cobram na ilha.
Gastança
Sabem quanto vão custar as novas persianas com acionamento manual e motorizado que a Casa Civil comprou para a Presidência da República? Nada menos de R$ 600 mil reais, dinheiro que dá para comprar dois apartamentos de três quartos ou para pagar um mês de salário a mais de mil trabalhadores.
Tá certo
O nosso presidente manda mais R$ 25 milhões do nosso dinheiro para ajudar na reconstrução de casas na faixa de Gaza. O cara está certo. Se a gente não ajudar a reconstruir o que eles derrubam, em pouco tempo judeus e palestinos não terão mais o que bombardear e podem até acabar com essa salutar guerra milenar.
por Rangel Cavalcante
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