E daí?
A coluna de Rangel é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review" e "Diári
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( Brasília-DF) Acusado de corrupção, o governador do Distrito Federal – para que governador aqui? – foi preso. Mas não por causa da roubalheira e sim por tentar atrapalhar as investigações com manobras nada sutis como o suborno de testemunhas. Logo estará solto, se já não foi liberado depois que redigimos estas mal traçadas. É de se perguntar: de que adiante meter um figurão que rouba o dinheiro público na cadeia se logo ele estará na rua, graças à ação de caríssimos advogados e à generosidade das nossas leis para com os que não são pessoas comuns, como diz o nosso cara? A grande maioria dos brasileiros não lembra que o doutor Paulo Maluf, o deputado mais votado do país, e ícone nacional da impunidade, passou 40 dias na cadeia, por conta de um dos muitos processos a que responde por corrupção. O filho dele, companheiro de prisão especial, chegou à Polícia de helicóptero e quase desembarca pisando em tapete vermelho. Depois foi Jáder Barbalho, que cujas mãos nada limpas o nosso presidente beijou - preso e algemado pela Polícia Federa, também por crimes de corrupção. O senador Flexa Ribeiro, um dos mais caros líderes da chamada base de apoio do governo no Congresso. Teve também momentos de fama ao ser preso sob acusações de desvio de dinheiro publico. Joaquim Roriz, ex-governador do DF, renunciou ao mandato de senador, que mal assumira, para escapar da cadeia e de um processo de cassação. A lista é longa demais para caber neste espaço. E vem a pergunta: os caras foram presos. E daí? Quanto do dinheiro roubado voltou aos cofres públicos? Quantos dos seus bens – que são muitos – foram confiscados para o ressarcimento do botim ao tesouro nacional? Deles, os que já foram condenados em vários processos – mas continuam “inocentes” porque há ainda uma trajetória de alguns anos-luz de recursos a percorrer na lenta burocracia. Cadê os que quebraram os bancos como o Nacional, o de Santos, o Econômico? Vão acabar recebendo indenização do governo. Ninguém lembra do Lutfalla, sogro do dr. Maluf, que teve as indústrias confiscadas pelo governo e depois as recebeu de volta com lucro, por conta do que se chamou de má gestão dos interventores estatais. Povão gosta mesmo é de circo. Por isso se contenta em ver o corrupto importante passar uns dias preso. Devolver o botim é outra história. É por isso que se fizerem uma pesquisa entre os brasileiros podem ficar certos de que a grande maioria toparia de bom grado passar uma temporada na cadeia, depois de roubar o dinheiro público, para sair de lá rica, pronta para desfrutar em liberdade o produto do saque.
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Impune
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O cobrador de ônibus Lucimar Rodrigues de Oliveira, de 49 anos, ganha R$ 620,00 por mês. Pois foi flagrado na prática de honestidade explícita ao achar uma carteira recheada de dinheiro e documentos e perseguir o dono para entregá-la de volta. Continua solto, circulando impunemente pelas ruas enlameadas da cidade-satélite de Santa Maria, aqui no Distrito Federal. Se a moda pega...
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Rapidez
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O Senado levou oito anos discutindo um projeto babaca de um só artigo do ex-senador Vasco Furlan, que era suplente de Jorge Bornhausen, instituindo o Dia Nacional do Combate à Dengue, que j´pa existe, fixado pelo ministério da Saúde. O calhamaço que já tem mais de 300 páginas começou a tramitar em 2002 e só agora chega à votação.
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Chance
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Uma excelente chance para os companheiros sem-terra deixarem de fazer agitação nas capitais e de invadir fazendas alheias é a de irem pegar no cabo da enxada nos 29 mil hectares de terras que o companheiro Lula acaba de desapropriar nesta semana no Maranhão, Piauí, Pernambuco, Bahia, Goiás e São Paulo. Um detalhe: algumas delas já têm piscina e churrasqueira
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Mesa farta, lá
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Como não deve faltar comida para os pobres brasileiros, já alimentados pelos programas assistencialistas do governo, o nosso presidente Lula acaba de determinar, por medida provisória, a doação de 100 mil toneladas de feijão, 100 mil de milho, 50 mil de arroz e dez mil de leite em pós para o Haiti, El Salvador, Guatemala, Guatemala, Bolívia, Zimbábue. Palestina, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste
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por Rangel Cavalcante
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