Nunca, na história
A coluna de Rangel é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review" e "Diári
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(Brasília-DF) Passado o susto, quando os brasileiros já deixaram de se beliscar para ter a certeza de que não estavam sonhando, a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, merece alguma reflexão. É que nunca na história deste país algum governador foi preso por corrupção. A questão é saber se tudo não passou de apenas um engano, um tropeção, do nosso Judiciário ou se acabamos de estabelecer um marco inicial de uma nova era na distribuição da justiça no Brasil. Não cabe aqui a lista das figuras importantes dos três poderes da Republica envolvidas em processos de corrupção. Boa parte deles tem seus crimes amplamente comprovados, mas jamais chegam a ser julgados, não apenas pela lentidão do Judiciário, mas, e principalmente pelas facilidades que a lei oferece para garantir a impunidade dos réus. O caso Arruda surpreendeu os brasileiros. Assim como, no outro extremo, o país inteiro se emociona quando vê um sujeito pobre flagrado numa prática explicita de honestidade, devolvendo, por exemplo, uma carteira que achou na rua. Ganha manchetes e até homenagens do presidente da República. É claro que o governador Arruda guardará na memória os dias de hóspede – preso fica em cela com grandes e não em sala especial - da Policia Federal. Mas o importante é saber como esse episódio inusitado – a prisão do governador corrupto – vai influenciar no comportamento dos nossos cidadãos. Servirá de exemplo para inibir a roubalheira desenfreada e a falta de vergonha que tomam conta do país ou apenas valerá como um alerta para que os saqueadores do dinheiro público ajam com mais cuidado para não serem pegos em flagrante, filmados, fotografados e gravados? Pela reação do próprio presidente da República, vê-se que a coisa pode ajudar a mudar muita gente. Lula lamentou o fato de a Câmara Legislativa do DF não ter sido capaz de investigar as denúncias de corrupção. Uma boa mudança de comportamento, já que tem sido ele, nos últimos sete anos, o principal obstáculo à apuração de todas as denúncias de corrupção contra aliados políticos, companheiros e figuras do governo, impedindo a formação de CPIs no Congresso e fazendo vista d’olhos à corrupção oficial. A nós, meros contribuintes que pagamos a conta, resta esperar que, quando deixar as manchetes para dar lugar a outros escândalos, o caso Arruda não caia no esquecimento, mas sirva de ponto de partida para o inicio da recuperação da vergonha-na-cara nacional.
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Escolha feliz
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Ao indicar o auditor Edilberto Pontes Lima para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, o governador Cid Gomes deu àquela corte um dos mais competentes, brilhantes e corretos profissionais deste país, com um currículo que não lhe cabe na idade e que sem dúvida vai contribuir em muito para o mais eficiente controle do uso publico do dinheiro dos contribuintes.
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Anistia
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É de R$ 2 mil mensais a pensão que a Comissão de Anistia ministério da Justiça concedeu ao poeta, ex-deputado, ex-secretário e ex-prefeito José Maria Barros, um do que foram perseguidos de verdade durante a ditadura militar. Outra vitima dos anos de chumbo, o professor Cláudio Regis de Lima Quixadá, vai receber uma indenização de R$ 100 mil e fecha a conta.
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Oportuna
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Justamente quando um governador corrupto amarga um estágio na prisão, a Controladoria-Geral da União lança um concurso de redação e cartazes para estudantes do ensino fundamental e médio com o rema “Como será o futuro do Brasil com o dinheiro público bem aplicado?”.Melhor ainda se mudassem para “Como seria o Brasil hoje se tivessem aplicado bem o dinheiro público?”.
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Gastança
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Sabem quanto a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC – vai pagar de aluguel por um prédio comercial de sete pavimentos no centro de Brasília? Nada menos de R$ 67 milhões por ano. O locador é a Caixa de Previdência Funcionários do Banco do Brasil.
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Rangel Cavalcante
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