Quem matou a pequena Alanis
A coluna de Rangel Cavalcante é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review"e &
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( Brasília-DF) Antonio Carlos Xavier, o “Cassim”, está preso pelo seqüestro, violação e assassinato da menina Alanis Maria, de cinco anos, por ele levada da porta de uma igreja em Fortaleza. Mas será que foi ele o único responsável pela monstruosidade de que é acusado? Claro que não. Foi ajudado e estimulado por um poderoso cúmplice: o Estado, que o deixou na rua, graças ao famigerado instituto da progressão de regime prisional. Mesmo condenado a 23 anos de cadeia por um crime igual, cometido há dez anos, andava a solta pelas ruas, ante a indiferença das autoridades. Cassim não teria cometido mais essa monstruosidade não fora a cumplicidade do Estado que o deixou fora das grades, desfrutando da sensação da impunidade. Um estímulo a mais para o crime. Juntamente com as mãos do assassino estavam em torno do pescoço e do corpo débil da garotinha as mãos do Estado. Do Estado que gera as leis da impunidade, que permite que assassinos permaneçam nas ruas, relaxam a vigilância. A cada dia surgem novas leis que tratam de maneira generosa os criminosos. É a própria que lei que praticamente proíbe que os condenados cumpram integralmente as suas penas, afagando-os com absurdos, um dos quais bem generoso é a rua para quem cumpriu parte da condenação. Junto com Cássim deveria estar no banco dos réu outro grande culpado que é o Estado. E, escondidos sob o seu manto protetor, por certo deputados e senadores que aprovaram tais leis, presidentes da República que as sancionaram, magistrados que as aplicam na interpretação mais simplista. Um monstro como esse Cassim não poderia estar nas ruas gozando de regimes relaxantes antes de cumprir e pena anterior e sem uma rigorosa investigação de suas condições de conviver com a sociedade. Psiquiatras, psicólogos e outros especialistas tinham que ser ouvidos antes que ele pusesse os pés fora da cadeia. E assim como ele existem milhares espalhados pelo país. Muitos reincidentes em seus crimes. A gente cruza com eles a toda hora, a polícia sabe onde estão. Mas, ao invés de acordar para a gravidade do problema, o Estado Brasileiro a cada dia cuida de fornecer embasamento legal para o crime. Exemplo disso é o famigerado Estatuto da Criança e do Adolescente, que concede aos menores de 18 anos a licença para roubar e matar e vem criando em todo o país um verdadeiro exército de bandidos, os “di menor”, que zomba das autoridades e da lei. É preciso reconhecer que Cassim não matou sozinho. Teve a ajuda culposa do Estado, nas suas três faces, o legislativo, o judiciário e o executivo. E, tenhamos a humildade de reconhecer: temos todos também a nossa parcela de culpa, já que sustentamos pelo aplauso ou pelo silêncio e com o voto esse estado de coisas.
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Aviso
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Os chilenos mandaram um recado a Lula ao derrotarem nas urnas um ex-presidente da República muito popular e apoiado pela presidente Michelet, que desfruta de índices de popularidade superiores aos do cara mas não conseguiu transferis seus votos ao pupilo, sem dúvida um poste muito melhor do que o dos cumpanheiro.
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Tem razão
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O presidente Lula deve ter razão. Esses militares da aeronáutica não devem entender mesmo coisa alguma de avião de caça..
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Gastança
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O Senado tem um jornal, uma emissora de TV, outra de rádio, boletins, um comitê de imprensa com centenas de jornalistas que cobrem as suas atividades, um naco diário na Voz do Brasil, mas mesmo assim contrata por R$ 142 mil mensais, sem licitação, uma empresa, cujo nome omite na publicação, para fazer a divulgação de suas atividades nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.
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Quem dera
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Quem dera tivesse o nosso governo a mesma rapidez e eficiência com que agiu na ajuda às vítimas do terremoto do Haiti em relação aos atingidos pelas inundações, temporais e desabamentos em Angra dos Reis, São Paulo, Santa Catarina e outras regiões do país, que, na ausência de aviões de socorro, ficaram a ver navios.
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Saíram todos
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Deputados da inútil e cara Câmara Legislativa de Brasília estiveram na Polícia Federal para tratar da convocação do delator e colega do escândalo do Panetone para depor na CPI com que fingem apurar as denúncias contra o governador Arruda. Surpreendentemente, todos conseguiram sair de lá, depois da reunião.
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Ajuda
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O ministério do Turismo deu R$ 13,5 milhões para o governo do Ceará recuperar 15,6 quilômetros a estrada que liga Fortaleza a Beberibe, uma das regiões turísticas mais importantes do litoral sul cearense. Para botar a mão na grana, Cid Gomes tem que cair com uma contrapartida de R$ 1,5 milhão.
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Derrotada
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A Câmara dos Deputados prepara uma sessão solene para homenagear a memória de Zilda Arns, a criadora da pastoral da Criança, que morreu no terremoto do Haiti. É a mesma Câmara que em 2001 recusou a indicação dela para o Conselho da República, feita pelo PPS, preferindo eleger para o lugar o deputado Edmar Moreira, aquele do castelo em Minas Gerais, personagem de recentes escândalos de corrupção no legislativo.
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Consagração
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A maioria dos habitantes de Brasília, cerca de 68%, acha que o governador Roberto Arruda é corrupto. Mas 85 por cento dos mesmos cidadãos são favoráveis a que ele permaneça no governo até o ultimo dia do mandato. É a consagração do rouba mas faz do saudoso Adhemar de Barros, um simples trombainha diante de muitos políticos atuais..
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Afago
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O Itamarati prepara uma nova saraivada de condecorações para afagar o ego de centenas de civis e militares por “inestimáveis serviços prestados ao país”, serviços esses que muitos dos agraciados nem sabem que prestaram Acaba de encomendar mais R$ 734 mil em medalhas e colares das Ordens do Rio Branco e do Cruzeiro do Sul.
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Bossa Nova
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Atenção, brasileiros. Amanhã é o Dia Nacional da Bossa Nova, criado por lei cuidadosamente elaborada, longamente debatida e recentemente sancionada pelo presidente Lula..
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Poder
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É o Estado dentro do Estado. Para produzir uns programas mostrando as excelências das favelas brasileiras, no Rio de Janeiro, a televisão da Empresa Brasil de Comunicação, da Presidência da República, teve que pagar R$ 3,2 milhões a uma Central Única de Favelas, organização dos chefões dos morros cariocas.
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por Rangel Cavalcante
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