Cortar pela raiz
A coluna de Rangel Cavalcante é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review" e
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( Brasília-DF) A capital do Brasil viveu 97 anos sem assembléia legislativa. Nunca precisou de deputados locais. Para fazer mutretas teve até 1960, ainda no Rio, uma Câmara de Vereadores, a famigerada “Gaiola de Ouro, que centralizava os escândalos e roubalheiras da política local, mas que comparada à atual Câmara Legislativa de Brasília não passava de um ajuntamento de trombadinhas. Brasília nasceu também sem vereador, deputado, senador. Tinha uma Comissão do Senado, que legislava para a capital. E tudo corria às mil maravilhas. Não havia governador, mas um prefeito nomeado pelo presidente da República. Nenhum deles saiu como ladrão. Aí, em 1986, inventaram a inútil e cara Câmara Legislativa de Brasília, que logo se transformou num valhacouto, um dos maiores antros de corrupção da política brasileira. Acabou a neutralidade da Capital do país, que ganhou também governador eleito, senador e deputado federal. Todos levados aos cargos por um eleitorado que é o menos qualificado do país, formado em sua maioria por gente humilde fugida da miséria nas região mais pobres, atraída pelo assistencialismo criminoso de Joaquim Roriz, que transformou o sonho de JK num imenso amontoado de favelas. O que se está vendo agora com a divulgação do mensalão do DEM não é novidade. Não é de hoje que esse pessoal saqueia os cofres públicos. Só que agora apareceu um delator e tudo saiu nos jornais. Mas vem aí o Natal e o Ano Novo e logo tudo será esquecido quando aparecer o próximo escândalo. Lembremos que quando surgiram as roubalheiras da Sudene, Sudam, DNER e outros, o governo, ao invés de prender os ladrões e retomar o butim, extinguiu os órgãos saqueados, que eram necessários ao país, e garantiu a impunidade dos larápios. No caso da Câmara Legislativa de Brasília a questão é parecida. Só que a dita cuja é totalmente dispensável, desnecessária, inútil e cara. Já que não vão mesmo punir ninguém, o governo podia, pela primeira vez, ter a coragem de agir contra a corrupção, propondo ao Congresso a extinção imediata da casa dos espantos do Distrito Federal. Se não toma de volta o que roubaram, pelo menos tiraria dos deputados a gazua. E, aproveitando a onda, acabar com essa história de governador eleito e trazer de volta o prefeito nomeado, de saudosa memória. É cortar o mal pela raiz. O difícil será convencer os mais de 300 picaretas, hoje companheiros, de que fala o filho do Brasil, a votarem algo assim tão vergonhosamente moralizador.
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Enquadrado
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Um amigo militar garante que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, pode ser enquadrado no Estatuto dos Militares que, no seu artigo 76, considera crime o “uso por quem a eles não têm direito de uniformes militares”, quando aparece fantasiado de general, como num churrasco recente em Brasília.
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Pedra
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Uma pedra no caminho de Fernando Sarney. Sua candidatura a deputado, para ganhar imunidades, e, portanto a impunidade, está ameaçada pela teimosia da mana Roseana, que não quer largar o osso e é candidata à reeleição. Para que Fernando seja candidato, ela teria que renunciar ao governo seis meses antes da eleição, coisa em que ela nem quer ouvir falar.
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Conta
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Condenado pelo Tribunal de Contas da União a devolver R$ 40 mil desviados de verbas recebidas da Fundação Nacional de Saúde, em sua administração, o Antonio Evaldo Gomes Bastos, ex-prefeito de Irauçuba, não deve esquecer de acrescentar à conta os juros, correção monetária a e mais a multa de R$ 2 mil aplicada pela corte.
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Turismo
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Fernando Henrique Cardoso exibe seu brilho de Zaratrusta na reunião de um tal Inter American Dilogue, em Washington, durante uma semana, numa viagem particular. Leva a tiracolo um “assessor” com passagens, diárias e todas as despesas pagas pelo otário do contribuinte, que nada tem a ver com os passeios dele. .
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por Rangel Cavalcante
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