Um teste para a Câmara
A coluna de Rangel é publicada todos os domingos aqui e nos "Florida Review" e "Diári
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(Brasília-DF) O senador Pedro Simon, da quase extinta categoria dos políticos sérios, oferece à Câmara dos Deputados a chance de começar a se recuperar ante a também quase extinta parcela dos brasileiros que ainda consegue se indignar diante do mar de lama que banha a política nacional. Por um descuido da maioria, foi aprovada no Senado a emenda que proíbe a candidatura de pessoas com ficha suja – os condenados por corrupção, principalmente - a cargos eletivos em todo o país. É um teste por demais difícil para os nossos caros, aliás, caríssimos, parlamentares. Uma lei dessa natureza representaria a maior revolução nos costumes políticos desta Pindorama, desde que por aqui chegou Cabral. Mas como aprovar uma lei que de saída expulsa da vida pública pelo menos um terço dos membros do Congresso Nacional, milhares de prefeitos e ex-prefeitos, vereadores e administradores de todos os matizes? Já pensarem em Paulo Maluf, Jader |Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá e tantos outros lideres consagrados nas urnas votando um projeto contra eles próprios? Não dá para se ter esperanças. Justamente nessa hora em que a Câmara e o Senado fingem um espasmo de moralidade, os brasileiros esperam que pelo menos alguma coisa mude nesse cenário vergonhoso que exibimos ao mundo. Na verdade, não há chance alguma de o projeto contra os sujos ser aprovado. A não ser que adotem uma emenda introduzindo no texto um artigo salvador, dispondo que a nova lei não se aplica aos atuais corruptos nem aos seus descendentes, até a segunda geração. Para eles, a corrupção seria um direito adquirido, a ser exercido até o final da vida. Quem vier depois, aí sim, só pode ser candidato se tiver a ficha limpa. Desse jeito, a proposta teria chances de ser aprovada.
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Contra, pero
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Logo após manifestar-se em artigo publicado num jornal de Brasília contra o terceiro mandato para Lula, afirmando que ele “não prosperará por imposição do bom-senso”, o deputado Mauro Benevides, como bom pessedista, aprestou-se em assinar a emenda golpista do deputado Jackson Barreto. Ainda bem que o nosso grande timoneiro detesta ler jornal.
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Pátria Livre
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Nasce um no partido político no país. É o Partido Pátria Livre (PPL), que promete fazer barulho, além de faturar grana do Fundo Partidário. Seu presidente Sérgio Rubens de Araújo Torres, conhecido ativista do finado movimento terrorista MR-8. Ele foi,juntamente com Fernando Gabeira e o atual ministro Franklin Martins, um dos seqüestradores do embaixador britânico Charles Elbrik, em 1969.
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Regalo
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Dois técnicos da Presidência da Republica desembarcaram em El Salvador para montar o sistema de comunicações do gabinete do novo presidente daquele país, o companheiro Maurício Funes. É mais um regalo do Cara a uma republiqueta, em busca de votos para conseguir o ambicionado e desnecessário assento no Conselho de Segurança na ONU. A conta, a gente paga.
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Devagar
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Só na sexta-feira, dia 5 último, o governo federal resolveu reconhecer, por atos publicados numa edição extra do Diário Oficial, a situação de emergência no Maranhão, Pará e Rio Grande do Norte, depois que morreu gente e milhares de famílias estão sem com,ida e moradia, em conseqüência das inundações.
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Gastança
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Com tantos advogados e juristas nos seus quadros de assessores e consultores, a Câmara dos Deputados contrata a peso de ouro dois grandes mestres - os professores Clóvis de Barros e Manoel Gonçalves Ferreira Filho, para “elaborar um parecer jurídico sobre as condições e limites do uso das cotas de passagens aéreas pelos deputados, coisa que qualquer acadêmico de Direito pode fazer bem.
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Aí escreve
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Jaqueline Roriz, deputada da inútil e cara Câmara Legislativa de Brasília, não tem muita intimidade com o vernáculo, mas escreve pra caramba. Tanto que já gastou mais de R$ 240 mil do contribuinte somente na postagem de cartas. Ela
É filha do ex-governador Joaquim Roriz, aquele que multiplicou o patrimônio por 400 e renunciou ao mandato de senador para não ser cassado por corrupção. E já é candidato de novo ao governo do DF.
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Por Rangel Cavalcante
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