CPI, por que não?
A Coluna de Rangel Cavalcante é publicada aqui e nos "Florida Review" e "Diário do N
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Brasília – O presidente Lula e a ministra Dilma Roussef não aceitam que o Senado investigue a Petrobrás com uma CPI. Para ele, apurar denúncias de corrupção ou irregularidades no governo é impatriótico. Para a mãe do PAC os senadores querem desestabilizar o país. Então, para “o Cara”, patriotismo é fingir que não se vê a sujeira ou simplesmente jogá-la para debaixo do tapete. E para a dama de ferro, investigar é desestabilizar o país. Com esse argumento o governo FHC impediu a apuração do escândalo do Banestado, a roubalheira de 30 bilhões de dólares que envolvia figurões da República, ministros, parlamentares, empresários, que nem mesmo tiveram seus nomes revelados. Ninguém foi punido. Todo mundo ficou com o dinheiro e não se fala mais nisso. As instituições estavam a salvo. Ora, se o governo é sério, não admite
desvios de conduta, roubalheira e outras coisas mais, uma das melhores formas de demonstrar isso é tomando ele próprio a iniciativa de investigar denúncias e punir, se for o caso, os responsáveis. Em nenhum outro país democrático do mundo investigar é um privilegio da oposição. Só no Brasil é assim. Ninguém pode por em duvida a honestidade, a integridade pessoal e a boa intenção do presidente Lula. O que se questiona é o fato de ele não apenas tolerar, como até defender, aqueles que não andam na linha no seu governo. Note-se que ele jamais demitiu um só companheiro envolvido em corrupção. Nem mesmo o Waldomiro, flagrado em pleno exercício da arte de contar propinas. Todos saíram do governo “a pedido”, alguns até cobertos de elogios pelo presidente. A CPI da Petrobrás é necessária, já que o próprio governo não tomou a iniciativa de investigar as denúncias contra a estatal. Mas Lula pode ficar tranqüilo. Ela não vai dar em nada. Não vai apurar coisa alguma. É apenas uma jogada política que vai render bons frutos a alguns senadores e mais custos ao governo. Não vai desestabilizar coisa alguma. Principalmente porque – e isso o presidente devia ter dito – os nossos senadores não estão com autoridade para apurar corrupção na casas dos outros. Primeiramente deviam cuidar dos escândalos que envolvem a sua própria Casa, que eles, impatrioticamente, estão fingindo apurar. A CPI da Petrobrás serve para desviar as atenções hoje voltadas para os seus próprios desmandos.
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Nem aí
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Dona Marisa Letícia Lula da Silva passou pelo Ceará, onde ocupou grandes espaços nas colunas do soçaite. Não tomou conhecimento da situação e do clamor de famílias que estão na miséria, vítimas das inundações. A primeira dama, que não fala, também não ouve e não vê.
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Fiasco
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A inútil e cara Câmara Legislativa de Brasília cada vez mais mostra a que não veio. Basta dizer que de 462 leis por ela aprovadas entre 2004 e 2007 nada menos de 313 foram declaradas inconstitucionais pela Justiça. E tem ainda um bocado à espera de decisão do judiciário quando à constitucionalidade.
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Dossiê
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Chegam ao Supremo Tribunal Federal, onde jamais serão julgados, os processos contra o mais novo senador sem voto do país, Roberto Cavalcanti, (PRB), herdeiro da vaga deixada pelo senador José Maranhão, que assumiu o governo da Paraíba. Ele é acusado de corrupção ativa, formação de quadrilha, estelionato e uso de documento falso.
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por rangel cavalcante
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