Prender para que?
A Coluna de Rangel Cavalcante é publicada aqui e nos "Florida Review" e "Diário do N
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(Brasília-DF) Nunca na história deste país a Polícia Federal foi tão eficiente no combate à corrupção e à roubalheira dos dinheiros públicos como atualmente. Passa de mil o número de figurões presos e os processos instaurados contra eles consomem toneladas de papel. Mas por que nenhum deles está na cadeia? Com exceção do juiz Nicolau dos Santos Neto, o “Lalau”, que cumpre pena em sua luxuosa mansão de São Paulo, nenhum outro ladrão rico, mesmo os condenados, passou mais do que algumas horas preso neste país. Fica difícil explicar ao cidadão comum esse jogo de cão e gato entre a Policia e a Justiça. Ora, por que a Policia gasta tanto dinheiro com processos, operações de busca, prisões e tudo o mais, se já sabe que todo mundo que prende vai para casa poucas horas depois, graças a uma ordem de hábeas corpus emitida por algum juiz ou tribunal.
O exemplo mais recente foi o das prisões da milionária dona da loja Daslu e dos dirigentes da empreiteira Camargo Correia. Para trás, quase esquecidos, tivemos escândalos como os do mensalão, sanguessugas, vampiros, Guatama, ambulâncias, que resultaram numa pilhagem de bilhões de reais dos cofres públicos. Nenhum deu em nada. E logo os envolvidos estarão a salvo, graças ao generoso instituto da prescrição e à lerdeza da Justiça. Alguém lembra pelo menos do nome dos que roubaram e desviaram para o exterior mais de 30 bilhões de dólares no escândalo do Banestado? O caso foi abafado porque envolve políticos influentes, autoridades, grandes empresários, gente fina, e sua apuração poria em perigo as instituições, segundo figuras do governo. Nenhum está preso. Parece que só há uma forma de explicar: dizer que para cada lei que manda prender um ladrão existe uma outra lei que manda soltar o dito cujo bandido. O delegado aplica a primeira, o juiz aplica a segunda. Uma anula a outra. Assim, tanto a Policia como a Justiça estão rigorosamente dentro da lei. Tudo muito legal. E não precisa de julgamento. O tempo se encarrega de absolver todo mundo. E como só deputados e senadores podem mudar isso – e se o fizerem muitos irão para a cadeia – não há como esperar o fim desse samba do crioulo doido.
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Homenagem
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Para fazer média com o finando, a Câmara resolveu decidiu aprovar projeto do deputado Clodovil Hernandez que permite ao enteado adotar o sobrenome do padrasto. Bem que poderia ter feito melhor, aprovando o projeto de emenda constitucional do falecido que reduz de 513 para 250 o número dos nossos deputados federais.
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De novo
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Lá vai ele de novo. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso arruma as malas novamente. Participa, em Washington, de um debate sobre os novos desafios da democracia e do desenvolvimento na América Latina, que nada tem de missão oficial do governo. Leva um segurança, com todas as despesas pagas pelo contribuinte.
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Comunicação
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Mesmo dispondo de uma excelente assessoria de comunicação social, o nosso ministério do Planejamento, coerente com a gastança oficial, contratou uma empresa, a In Press, com 13 profissionais do ramo, para prestar-lhe serviços de assessoria de imprensa.
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Moralidade
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O mesmo espasmo de moralidade e renovação que atinge o Senado e a Câmara chega ao PT, que estuda readmitir o ex-tesoureiro do mensalão, Delúbio Soares e eleger o companheiro José Dirceu para a presidência nacional do partido. Aliá, nem precisa, pois lá que manda mesmo pé ele.
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Na moita
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Aproveitando que o nosso amigo jornalista Edílson Cid Varela, o criador do “Correio Braziliense”, está morto há mais de dez anos, não podendo reagir, a inútil e cara Câmara Legislativa do Distrito Federal impingiu-lhe um título, que não serve para nada, de Cidadão Honorário de Brasília.
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Mosca
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Pedro Brito, que vem fazendo um excelente trabalho na Secretaria Especial de Portos e lá deveria ficar, foi mordido pela mosca azul e vai fazer a mesma besteira que fizeram tantos outros técnicos de grande valor, candidatando-se a deputado. O país perderá um bom executivo e certamente não ganhará um bom político. Vai se perder no serpentário.
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Vergonha
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O governo do Distrito Federal realiza concurso para engenheiros do Metrô de Brasília. Oferece o magnífico salário de R$ 2.985,00 por mês, mais ou menos a metade do que vai ganhar um soldado de polícia aqui. É no que dá esse negócio de estudar. Melhor é não ir à escola e ser presidente da Republica.
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Teatro
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O ministério da Cultura deu o aval para o projeto de realização da VII Mostra Brasileira do Teatro Transcendental que a Associação Estação da Luz vai promover em Fortaleza neste ano, no Teatro José de Alencar.
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por Rangel cavalcante
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