31 de julho de 2025

ESPECIAL DE FIM DE SEMANA.

Estudo aponta para diminuição de pobreza no Nordeste ; A região, entretanto, ainda apresenta o maior índice de miséria do país.

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( Brasília-DF, 29/09/2006)  A Fundação Getúlio Vargas divulgou na semana passada um estudo que aponta para uma significativa diminuição do nível de pobreza entre 2003 e 2005. Nesse período a taxa de população atingida pela miséria baixou de 28,8 % para 22, 7 %. O estudo intiutlado “Miséria, Desigualdade, Estabilidade – O Segundo Real”  foi feito com base na Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicilio (Pnad), realizada pelo IBGE, e avalia o panorama de índice de pobreza na população desde 1992.

 

 

A pesquisa mostra que a queda acumulada do nível de miséria nos últimos três anos é equivalente à que ocorreu na época do Plano Real. A redução no nível de pobreza observada nesse último período está ligada a fatores como a retomada da oferta de empregos, a programas de distribuição de renda, do tipo do Bolsa Família, e à expansão dos gastos previdenciários. O estudo também aponta diminuição no ritmo de crescimento da pobreza metropolitana, entre 2003 e 2005. A pobreza metropolitana, nas grandes cidades brasileiras, que tinha aumentado muito de 1995 para 2003, cai de 22% para 16% da população.

 

 

Nesse contexto, o Nordeste ainda apresenta a maior taxa de população em nível de pobreza. Segundo o estudo da FGV a miséria na região atinge 42,47 % da população. O Sul apresenta o menor índice, com apenas 11,26 % de sua população pobre. A pesar do alto índice de população na faixa da pobreza, o Nordeste teve menor diminuição dessa taxa entre 1992 e 2005, diminuindo 17 pontos percentuais. Em 1992 a pobreza atingia 59,57 % da população local.

 

 

Dentre os estados nordestinos Sergipe e Rio Grande do Norte apresentaram menor taxa de pobreza atingindo cerca de 35 % da população. Alagoas está no final da lista entre todos os estados brasileiros, com 50 % da sua população no nível de pobreza. O Piauí mostrou melhor desempenho na diminuição do índice de pobreza, baixando em 22%. Em seguida estão o Maranhão, Rio Grande do Norte e a Paraíba que baixaram o índice em 20 %.

 

O alto índice de miséria por população da região Nordeste, bem acima da média nacional, demonstra a fragilidade das políticas de desenvolvimento regional. A região continua concentrando a população mais pobre do país em seus estados.

 

Alguns estados, que sempre tiveram Índices de Desenvolvimento Humano baixos, como o Piauí e o Maranhão, apresentaram melhora expressiva na última década. Os dois estados apresentam grupos políticos diferentes na administração. No Piauí, o governador petista Wellington Dias que está em seu primeiro mandato conseguiu diminuir em 5 pontos os índices de miséria do estado. No Maranhão, estado que vem sendo administrado há anos pelo grupo político dos Sarney, a diminuição no índice de pobreza também foi considerável, diminuindo em 20 pontos percentuais ao longo da última década. O Rio Grande do Norte, outro estado conhecido por ser governado por oligarquias apresenta um grande impacto na diminuição dos seus índices de miséria.

 

 

Alagoas apresentou apenas 3, 29 % de diminuição em seu índice de pobreza desde 1992. Na verdade, o estado tem apresentado uma muita oscilação em seus índices. Durante os oito anos do governo de esquerda de Ronaldo Lessa (PDT) o estado teve aumento constante no índice de pobreza, atingindo 57 % da população em 2003. Apenas nos últimos dois anos que a taxa baixou para 50,12 %.

 

 

No Nordeste podemos perceber que houve mudanças nas taxas de pobreza, independente da força política a frente do governo estadual. Alguns de esquerda tiveram desempenho fraco, enquanto outros muito bons. O fato que se percebe no estudo da FGV e que nos últimos três anos os índices de pobreza caíram drasticamente. Na maioria dos estados a diferença do índice entre 2002 e 2005 são em média de quatro pontos percentuais.

 

 

Segue abaixo os índices de pobreza de cada estado, em diferentes períodos, e a taxa de diminuição entre 1992 e 2005.

 

Maranhão

1992 – 69,76%

2002 – 52,99 %

2005 – 49%

Entre 1992 e 2005 baixou taxa em 20,76 %

 

Piauí

1992 – 69 %

2002 – 51,62 %

2005 – 46,47 %

Entre 1992 e 2005 baixou taxa em 22,3 %

 

Ceará

1992 – 61,81 %

2002 – 47,67 %

2005 – 43,47 %

Entre 1992 e 2005 baixou taxa em 18, 34 %

 

Rio Grande do Norte

1992 – 55,78 %

2002 – 40,2 %

2005 – 35,06 %

Entre 1992 e 2005 baixou taxa em 20, 72 %

 

Paraíba

1992 – 59,93 %

2002 – 45,22 %

2006 – 39,18 %

Entre 1992 e 2005 baixou taxa em 20,75%

 

Pernambuco

1992 – 55,19 %

2002 – 46,66 %

2005 – 41,89 %

Entre 1992 e 2005 baixou taxa em 13,3 %

 

Alagoas

1992 – 53,41 %

2002 – 54,97 %

2005 – 50,12 %

Entre 1992 e 2005 diminuiu taxa em 3,29 %

 

Sergipe

1992 – 51,66 %

2002 – 39,82 %

2005 – 35,81 %

Entre 1992 e 2005 baixou taxa em 15,85 %

 

Bahia

1992 – 57,7 %

2002 – 48,39 %

2005 – 40,24 %

Entre 1992 e 2005 baixou taxa em 17,46%

 

( por Liana  Gesteira Costa com edição de Genésio Araújo Junior)