Parece calculado, mas não é!
Nossa gente está acostumada a ver gente poderosa não pegando cadeia
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(Brasília-DF) Depois do susto que o Brasil deu no Mundo, que foi o julgamento, ainda não concluso da Tentativa do Golpe de Estado, vamos ter muito mais!
Houve comemorações, houve lamentações. Agora é o momento da reação dos perdedores. As primeiras pesquisas apontam que 54% dos brasileiros e brasileiras são contrários a anistia, porém só 50% dessa gente é favorável a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nossa gente está acostumada a ver gente poderosa não pegando cadeia. A jaula não foi feita para as elites nacionais, infelizmente é nossa rotina. Acostumamos a ver isso, porém uma coisa é saber que essa gente poderosa não ficaria atrás das grades, outra coisa é imaginar que eles podem tudo.
Muita tente importante falando que não se deve ter anistia, outros tantos falando em pacificação. Os três governadores dos Estados do Sul, região que mais votou no ex-presidente e que mais rechaça o Governo Lula 3, não foram unânimes. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, o estado mais bolsonarista e rico do país, disse que houve ”denúncia sem provas”, há muito ele fala em anistia. O governador Ratinho Junior, que deseja os votos bolsonarista para uma disputa presidencial, se disse solidário com o ex-presidente e sua família. O governador Eduardo Leite disse que o Brasil tem outras preocupações, que nem prender presidente ou anistiá-lo seriam fundamentais para o país.
Se na região mais bolsonarista do país vemos a cena dessa forma, o que imaginar do resto do país? Evidente que dar um amplo perdão para o ex-presidente é um exagero, falar que a pacificação nacional viria com o perdão é outro, também, imaginar que tudo vai se resolver sem mais coisas a fazer é outra quimera.
Mais questionamentos devermos fazer à nossa sociedade. O Governo dos Estados Unidos deverá aplicar novas medidas contra o Brasil para atingir seus objetivos, do presidente Donald Trump, para ter um governo que lhe seja simpático o quanto antes.
Essas medidas levarão a mudança de humores de nossa sociedade e dos chefes dos poderes para buscar avançar em soluções para o caso?!
Podermos mirar, em curto prazo, uma paralização institucional e econômica movida pelas forças externas a ponto de algum tipo de enfrentamento visceral entre os poderes?
Podemos arriscar dizer que isso tudo é muito improvável. Fala-se, e isso foi destacado durante o final de semana, que os grupos conservadores na política e na economia irão pressionar o ex-presidente, que tem até dezembro para ter sua condenação transitada em julgado, fazer a escolha que eles querem para um candidato para enfrentar o presidente Lula em 2026.
Essa turma deseja essa solução para o quanto antes, mas quem tem prazo tem tempo. Bolsonaro e sua família, em tese, têm até o final do ano para fazer suas escolhas políticas.
O Brasil vai viver 4 meses de muita tensão até lá. A dúvida é saber que, enquanto Bolsonaro pensa o que vai fazer, o país vai ficar paralisado frente a decisões que precisa tomar para os interesses gerais dos brasileiros e brasileiras.
Temos uma agenda pela frente que não é só do governo Lula 3, mas de interesse geral. A vida segue e isso, talvez, seja o que mais preocupa os que apostam na paralização. Parece um jogo calculado, mas não é!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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