31 de julho de 2025

Nordeste e Cerrados

.Estudo do Banco do Nordeste analisa o agronegócio no cerrado nordestino; Bahia, Maranhão e Piauí são os destaques.

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( Brasília-DF, 31/07/2006 )  A produção de grãos no Nordeste tem impulsionado o agronegócio nacional, configurando-se na nova fronteira de expansão de atividades agrícolas. Esta expansão vem ocorrendo sobretudo na Bahia, Maranhão e Piauí, estados com vastas áreas de cerrados, bioma que abriga a maior produção de grãos da Região (cerca de 75%). A atividade que se destaca é a cultura da soja, cujo volume produzido aumentou 65% em cinco anos (1998 a 2003), nos cerrados nordestinos.

 

 

Essas informações estão contidas no livro "Grãos nos cerrados nordestinos: produção, mercado e estruturação das principais cadeias", de autoria dos pesquisadores do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), do BNB, Wendell Carneiro, Narciso Sobrinho e Maria do Carmo Coelho.

 

 

O estudo descreve a situação atual dos principais grãos produzidos nos cerrados (soja, café, milho, arroz e feijão), em termos de produção, tecnologia e mercado, bem como gargalos e perspectivas para o futuro do setor. O último capítulo se dedica a uma reflexão sobre as cinco culturas analisadas, dando sugestões para o melhor desempenho por parte dos diversos atores envolvidos nessa cadeia na Região.

 

 

Os autores também fazem uma análise do desenvolvimento regional a partir da produção de grãos nos cerrados e apontam melhorias nos indicadores sociais dos municípios produtores. "O estudo justifica-se pela importância desta atividade agrícola para o País, em especial para o Nordeste, no tocante à geração de emprego, renda e divisas internacionais", dizem os autores.

 

 

A força da soja -  Uma das mais importantes commodities comercializadas no mercado internacional, a soja tem influenciado substancialmente a economia dos municípios nordestinos, promovendo impactos na infra-estrutura, facilitando a aquisição de novas tecnologias, entrada maciça de migrantes e redefinição da estrutura fundiária.

 

 

Um exemplo é o município de Luís Eduardo Magalhães (BA), cuja população duplicou desde sua emancipação, em 2000. O número de empresas saltou de 400 para 2.200 e a arrecadação municipal mais que dobrou, passando de R$ 12 milhões para R$ 25 milhões em quatro anos.

 

 

Além do oeste baiano, destacam-se: o sul do Maranhão, representado pelo município de Balsas, e o pólo de desenvolvimento integrado Uruçuí-Gurguéia, no Piauí. "Nos próximos anos, o Brasil pode se tornar o maior produtor mundial de soja, tendo em vista possuir ainda grandes áreas para expansão agrícola, diferentemente dos Estados Unidos e Argentina", concluem os pesquisadores.

 

 

 

Grãos e desenvolvimento -  Os cerrados nordestinos possuem uma área total de 46,1 milhões de hectares, ocupando cerca de 30% de todo o Nordeste, e apresentam boas possibilidades de crescimento pela produção de grãos.

 

 

O estudo conclui, porém, que este crescimento econômico pode se reduzir devido a gargalos em setores como o de transporte. Fatores estruturais também têm influenciado negativamente a região, como falta de armazéns, energia elétrica, indústrias de beneficiamento que atendam à demanda existente, mão-de-obra especializada e ações do Estado. Atualmente, a região vem sofrendo ainda com problemas climáticos, mercadológicos e sociais. A agricultura familiar representa 86% dos estabelecimentos rurais, porém, soma apenas 21,7% da área total. Já as fazendas de grande porte representam 10% do número de estabelecimentos e ocupam 77%  da área total.

 

 

Para transformar o crescimento econômico dos cerrados nordestinos em desenvolvimento sustentável, os autores apontam a necessidade de um esforço conjunto entre as esferas pública e privada. Os governos devem apoiar os produtores, disponibilizando melhor infra-estrutura para o escoamento da produção e fornecendo instrumentos mais atrativos para a comercialização, como os incentivos fiscais, além de melhores condições de acesso ao crédito, o que contribuiria para elevar a produção local.

 

 

A Série -  "Grãos nos cerrados nordestinos" é o oitavo título da coleção Documentos do Etene, editada pelo Banco do Nordeste. Os temas abordados na série tratam de questões relevantes na pauta do desenvolvimento socioeconômico do Nordeste brasileiro. Os interessados em adquirir a publicação, ao preço de R$ 10,00, podem entrar em contato com o serviço de atendimento Cliente Consulta do BNB pelo fone 0800.783030 ou pelo e-mail [email protected].

 

( da redação com informações do BNB)