31 de julho de 2025

Maranhão.

Deputada compara momento político com obra de Dostoievisck.

Publicado em

 

(Brasília-DF,31/08/2005) A deputada Nice Lobão(PFL-MA) analisa em artigo o momento da crise política a partir de um marco temporal e do conhecimento que se toma sobre a crise, devidamente atestado pelos institutos de pesquisa. A deputada sempre foi uma crítica do Governo, desde outros momentos, em que o PT e o Governo estavam bem com a opinião pública.

 

Confira o artigo, publicado no Informativo do PFL a que a Política Real teve acesso – na íntegra:

 

 

“Crime e castigo”

 

Nos últimos cem dias, a sociedade brasileira assistiu

estarrecida, indignada, à crise que envergonha o país. Os brasileiros querem

uma solução, temem que o excesso de informações, denúncias,

questionamentos, por mais tempo, dissipem o foco da punição dos culpados. A

imprensa nunca dispôs de tanta matéria para preencher suas páginas, horários e

seus programas humorísticos.

 

Segundo pesquisa do Ibope, 81% da população tem

conhecimento desta crise. Acompanham tudo pelo rádio, TV,

jornal, revista ou internet. Vão formando sua própria opinião,

desenvolvendo o espírito crítico, discutem a situação do país e

do mundo. Ilude-se, portanto, aquele parlamentar que tenta

enganar seus eleitores.

 

A população tem autoridade para exigir a

punição severa dos envolvidos, dos enganadores. O povo quer

a cassação de mandatos de quem não honrou a representação.

 

Não há mais espaço para maus políticos em um processo político

moderno. Tenho a convicção que os brasileiros hoje sentem na pele o

risco que representa o voto errado. A esperança que iria vencer o

medo transformou-se em um pesadelo.

 

A corrupção se instalou, envolveu dinheiro farto e

sem controle. Recursos de origem desconhecida, crime articulado por

uma quadrilha que tomou o Brasil de assalto. O crime que

agora está sendo investigado desmonta um esquema

perverso que implodiu o Partido dos Trabalhadores,

deixando a mancha na história da democracia brasileira.

Aparecem os dirigentes do partido do governo envolvidos na

maior crise sofrida pelo Brasil. Irresponsáveis que jogaram

seus líderes e filiados em uma vala comum, maculando a

classe política como um todo. Rasgaram a bandeira da

ética, sustentada em anos de lutas, deixando o rastro de corrupção, envergonhando a todos.

 

Não venho aqui trazer frases prontas para alimentar hipocrisias. A promessa de

campanha que enganou 52 milhões de brasileiros não passava de uma trama comandada por quadrilheiros. O presidente Lula não chegou ao governo somente com os votos do PT. Foi eleito por simpatizantes que confiaram em uma mudança radical nos destinos do Brasil. O presidente Lula delegou áreas vitais no seu governo em confiança. Não coordenou e quando se deu conta havia sido traído. Queremos ouvir do presidente Lula quem são os traidores. Somente S.Exa. poderá declinar os nomes, abreviando o tempo de espera por soluções.

 

Enquanto isso, a credibilidade desanda. O número dos que desaprovam o

governo supera o dos que o aprovam — os itens de avaliação “ruim” e “péssimo” superam os “ótimo” e “bom”, segundo o IBOPE.

 

O volume de recursos envolvidos nesta crise, conhecida de todos, somente

poderia ter origem nas licitações fraudulentas, nos contratos superfaturados e nas falcatruas patrocinadas pela quadrilha que se alojou no governo. E o que é pior, circulou no sistema financeiro sem que os mecanismos de fiscalização do Banco Central detectassem as irregularidades. A crise alcançou o parlamento em função de deputados inescrupulosos e levianos das siglas de aluguel que não honraram o voto de seus eleitores.

 

No início, queriam fazer crer que se tratava de campanha da Oposição contra o

PT para impedir o presidente de governar. Falou-se até em golpe. Ora, esta crise originou-se no próprio governo, segundo o presidente Lula, sem o seu conhecimento, mas com o conhecimento do partido do Presidente e de aliados.

 

O Brasil tem pressa, e há senso comum entre os brasileiros: punir severamente

os culpados, avançar na discussão das reformas política e tributária, proporcionar agenda positiva e fazer com que o Congresso Nacional retome as votações, priorizando projetos sociais de grande importância para o povo brasileiro.

 

A reforma política não resolverá todos os problemas, mas, em seus pontos

básicos, impedirá abusos nas campanhas eleitorais. Promoverá o aprimoramento moral para combater a corrupção e eliminará os partidos artificiais e de aluguel.

O governo, omisso, exerce uma inércia preocupante. As decisões não aparecem.

Lembrem-se, não se governa do palanque, mas seguindo um plano, cobrando ações de ministros, chefes e auxiliares.

 

A credibilidade e a popularidade apresentam diferenças entre si. Enquanto a

popularidade sobe e desce periodicamente, a credibilidade não pode ser perdida pelo homem público. As pesquisas mostram que a credibilidade no presidente Lula despenca. O presidente perde a chance de salvar sua biografia.

É isso que o povo quer. É isso que o Brasil precisa.

 

(da redação com informações do Informativo do PFL)