31 de julho de 2025

Alagoas.

Deputado Nonô(PFL), VP da Câmara dos Deputados, analisa crise política com a chega de Antonio Palocci na cena.

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( Brasília-DF, 25/08/2005) A Política Real teve acesso a artigo do deputado José Thomaz Nonô( PFL-AL) em que ele destaca a questão da crise política com sua chegada ao ministro Antonio Palocci, da Fazenda.

 

Confira:

 

“A voz rouca do mercado”

 

Fui cobrado, em minha terra, por alguns eleitores que acompanham preocupados o desenrolar da crise nacional para dizer algumas palavras sobre o depoimento do ministro Palocci. O depoimento do ministro Palocci foi saudado pelo mercado — apesar de não conhecer este senhor, ele existe, o mercado — e por alguns profissionais da imprensa como algo extraordinário. O ministro foi sereno. Lula disse que Palocci mostrou a segurança de uma pessoa inocente. E por aí andamos.

 

Louvo, do depoimento do ministro Palocci, a forma tranqüila, serena. Mas quero dizer, com minha longa experiência de promotor, que já vi criminoso frio, gelado e reincidente falar da sua vida com absoluta tranqüilidade, frieza e coerência. Quero lembrar que todos os delinqüentes envolvidos neste processo, desde os delinqüentes dirigentes do PT, passando pelo ex-presidente da Previ, Pizzolato, e por todos os parlamentares aqui envolvidos, o que é lamentável, todos negam. De novo, em minha modesta experiência de promotor, nunca vi acusado chegar espontaneamente e dizer: “Eu matei. Eu roubei. Eu delinqüi.” Todos negam.

 

Então, a negativa do ministro não me sensibiliza em nada. Não digo que S.Exa. seja delinqüente — ainda não o digo —, mas não lhe dou o beneplácito da certeza absoluta da inocência prévia, porque, repito, negou Roberto Jefferson, negou Genoino, negou Delúbio, negou Marcos Valério. Negam todos. Se há uma constante, é a negativa e, logo depois, as lágrimas. Sempre há um choro também, com um quê de telenovela, para sensibilizar os corações mais susceptíveis.

 

Não recebo isso com o coração tão aberto, Até porque o depoimento do ministro Palocci cometeu uma “pequena” omissão. Ele omitiu um contrato de 41 milhões de reais, exatamente o maior dos contratos. E disse S.Exa. que não falou porque não lhe foi perguntado. Os contratos do ministro Palocci, quando prefeito, foram oito. Cinco foram de 769 mil 511 reais, todos sem licitação, todos por emergência, todos por 90 dias, para fazer aterro sanitário.

 

Também já fui secretário da Fazenda. Portanto, conheço essas dispensas de licitação. Não há emergência para aterro sanitário e muito menos cinco emergências consecutivas.

 

Para usar a idéia do aterro sanitário, esses contratos fedem. E o contrato de 41 milhões de reais, ganho novamente por esse Leão Leão que abocanhava o erário de Ribeirão Preto? Ele não foi sequer tangenciado no depoimento do ministro Palocci. Diz S.Exa. que não lhe foi perguntado. Mais cedo ou mais tarde lhe será perguntado, talvez numa das muitas CPIs da Câmara dos Deputados.

 

Por último, os nossos jornais, as nossas televisões afirmam aqui e ali: “o mercado recebeu bem”, “o dólar caiu”. Todos os deputados que têm alguma noção primária de economia ou alguma vinculação sutil com o mundo dos negócios sabem que, se o presidente Lula andar nu em praça pública, ou se o ministro Palocci fumar um cigarrinho de maconha no ministério da Fazenda, ou qualquer outra aberração desse nível, o dólar não sobe. E o dólar não sobe por causa do maior dos crimes deste País: a taxa de juros fixada pelo Banco Central. Pagamos um juro correspondente ao dobro do cobrado pela Turquia e 70% maior do que o da Hungria, os maiores do mundo. Então todo o capital especulativo do mundo vem para o Brasil. Com Palocci, sem Palocci; com Lula, sem Lula, enquanto tivermos Meirelles e a maior taxa de juro real do mundo, não há força terrena que faça o dólar subir.

 

Os lucros dos bancos são extraordinários. Nesse mar de corrupção que vemos, afligindo o núcleo central, a base do governo, acho que não é especulação desvinculada de razão pensar: “será que esses banqueiros não estão distribuindo um percentual módico para essas pessoas que sustentam essa política anti-Brasil, antipovo, anti-sociedade?”

 

Quando encerrarem as CPIs da corrupção, temos de criar rapidamente a CPI dos juros. Então, gostaria de ouvir esse grande patriota, homem que abriu mão de um mandato, de um partido, de um futuro político em Goiás, que abriu mão de tudo para ser presidente do Banco Central, esse que prejudica a todos no País: o famoso sr. Meirelles.

 

( da redação com informações do Informativo do PFL)