Alagoas.
Vice Presidente da Câmara fala da crise de credibilidade na classe política; Thomaz Nonô fez artigo que a Política Real publica.
(Brasília-DF, 16/06/2005) A Política Real publica artigo do deputado José Thomaz Nonô(PFL-AL), vice-presidente da Câmara dos Deputados, oportunidade em que ele articula sobre a crise de credibilidade da classe política. Na avaliação dele, a CPI é fundamental para separar o joio do trigo. Confira o arttigo que o Informativo do PFL publicou hoje:
“O caminho e a salvação - CPI
Vivemos atualmente uma crise de credibilidade, e uma crise de credibilidade na classe política como um todo. Mas não é nem será uma crise de governabilidade. Não é interesse de ninguém, nem da oposição nem do governo, é claro, causar danos que afetem a vida institucional do País. E também não se pode negar que esta não é uma crise do Congresso brasileiro, nem da Câmara dos Deputados. Esta é uma crise do governo Lula, uma crise do Partido dos Trabalhadores. E uma crise de há muito anunciada.
Onde trabalhava Waldomiro Diniz? Na Casa Civil da Presidência da República. De que governo? Do governo do PT. Os vampiros da Saúde trabalhavam onde? No Ministério da Saúde. De quem? Do ministro Humberto Costa, do PT. Os desvios de natureza fiscal e tributária cometidos pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que não é do PT, mas é do governo, foram apurados? Não, foram blindados quando se deu a S. Sa. — agora S. Exa. — a condição de ministro de Estado. E agora, o que acontece?
Alegam desvios de conduta praticados por dois funcionários do PT: o secretário-geral Silvinho, que se encarregava de distribuir os cargos nesta novíssima e podre República, e o tesoureiro do partido, o caixa Delúbio, responsável por recolher o “santo dízimo” e depois retribuí-lo com distribuições de diversas formas. Mas também quero ponderar com alguns colegas que, de boa fé, não enxergam o todo e tentam puxar a crise para a Câmara dos Deputados. A crise é do governo Lula! Se ela envolve deputados, ela envolve também ministros, presidentes de empresas de economia mista, banqueiros e uma gama enorme de servidores públicos e de entidades privadas. ver tão filosófica quanto distanciada: quantas CPIs deveria haver? Uma? Duas? Três? Ora, isso pouco importa. Basta uma. Se o deputado Roberto Jefferson confirmar em seu depoimento à CPI o que disse aos jornais, ela poderá ser a “CPI de Nossa Senhora Aparecida”, a “CPI do Papel Perdido”, a “CPI da Influência do Abacate na Crise da Tailândia”. Vão-se apurar atos de corrupção que não pertencem à Casa, porque, se há um que se vende, há um que paga. É necessário saber de onde vem esse absurdo.
Faço esta análise serena em defesa da Câmara. Por aí se diz que o Congresso não tem credibilidade, que todos os companheiros são iguais. São não! São não! E também não é igual todo o governo.
Eu me preocupo com a governabilidade. Fui auto-exilado. Meu pai foi deputado cassado na revolução de 1964. Tenho receio de soluções que levem ao caos. Não quero isso.
Não acredito, pessoalmente, que Lula seja desonesto. Acho que ele é despreparado, incompetente e excessivamente solidário. Em vez de apurar denúncias contra seus companheiros, prefere não os expor, acreditando que, se os poupa, poupa também o governo.
Disse o deputado Antônio Cambraia, do Ceará, usando uma expressão nordestina que eu não sei se vale para o Sul, que essa posição do governo é uma “posição cururu”.
O cururu é um sapo, aquela coisa incômoda: a gente tange o sapo, ele volta; a gente enxota o sapo para fora de casa, ele volta. É o que tem feito este governo: nomeia o corrupto, diz que não quer nada, repudia a base... Espera aí, quem foi que construiu isso tudo? E aí os sapos — pouco importa de que partido sejam — voltam para o dono da casa, para o pagador, para a corrupção onde nasceram, prosperaram e ficaram vigorosos.
Cada membro da Câmara, independentemente do partido a que pertença, tem o dever precípuo de apurar quem pagou, quanto e de que forma; de investigar quem roubou, quanto e de que forma; de descobrir quem nomeou o ladrão, por que e por quanto. A resposta a essas perguntas é objetiva, simples. Vou parafrasear o então colega José Dirceu: qualquer CPI minimamente competente pega o Silvinho e o Delúbio. Não precisamos fazer indagações filosóficas profundas para chegar à conclusão de que quem ganha 3.600 reais não pode fumar charuto cubano, nem andar de carro blindado. Essas considerações são curiais, essenciais ao diaa- dia da Casa. Não quero nominar ninguém, nem estou responsabilizando ninguém, nem o Delúbio, nem o Daluvo. O dilúvio é que vai se aproximar com denúncias, as mais diversas.
Só quero que se apure quem é ladrão e quem não é, quem roubou e quem não roubou, quem nomeou quem não prestava para determinados lugares e quem recebe propina. Não quero saber só quem recebe o tal mensalão. Estou interessado em quem paga o mensalão, que étão ladrão quanto quem recebe. E, para isso, só há um caminho: CPI”
( da redação com informações do Informativo do PFL, na Câmara Federal)