Alagoas, Ceará e Maranhão.
O PMDB está a caminho da independência, diz Temer; Sarney disse que o PMDB é um partido que respeita a divergência Renan estava irritadíssimo Mônica Olveira teria feito duro questionamento sobre o tratamento que se dava aos ministros do Partido.
(Brasília-DF,08/12/2004) Depois de derrotar o grupo aliado ao Palácio do Planalto na Executiva Nacional, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), afirmou que a decisão em favor da saída dos ministros Eunício Oliveira (Comunicações) e Amir Lando (Previdência) do governo, e de todos os filiados do Partido do Governo -- significará que "o partido está no caminho da independência". O deputado se comprometeu a preparar a legenda para a sucessão presidencial em 2006 e confirmou que abrirá, no próximo domingo, a convenção nacional convocada pelos diretórios estaduais. O presidente do Senado, José Sarney(AP) disse que o PMDB tem a tradição de a norma de respeitar a opinião de seus filiados. Ele falou agora há pouco, à saída do plenário do Senado. Sarney não participou da reunião da Executiva, da qual ele não faz parte.
Temer acrescentou que a questão da devolução ao governo federal dos cargos que estão nas mãos de partidários do PMDB estará na pauta, podendo, inclusive, confirmar a posição de hoje da Executiva.
Enquanto os aliados de Temer saíram vitoriosos da reunião de hoje, os governistas, liderados pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pelo líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL) e pelo ministro Eunício Oliveira, foram derrotados. Dois fatores foram mencionados por Renan Calheiros para justificar o fracasso: o deputado Michel Temer votou duas vezes - como membro da executiva e presidente do partido, numa situação inédita. Por outro lado, os aliados do governo foram surpreendidos com os votos do deputado Tadeu Filippelli(PMDB-DF) e do ex-deputado Renato Viana (SC) que haviam prometido na véspera votar com os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na proposta de adiar a convenção, evitando assim que os ministros e outros titulares de cargos no Executivo devolvessem os postos ao governo. Filippelli é ligado a Roriz que tem uma grande parceria com o ministro Eunício Oliveira(PMDB-CE), que tem muitos negócios e interesses no Distrito Federal.
Uma fonte consultada pela Política Real, ligada a Temer, disse :
“ Esses caras são muitos espertos, estrategistas! Não dá para brincar com Temer, Geddel e Padilha. Eles estavam no precipício – todos pensavam que eles vão cair, mas quando se chega para empurrá-los eles saem do meio e o algoz é quem caí!” – disse a fonte.
Renato Viana deixou que acrescentassem à sua proposta de adiamento da convenção nacional - feita verbalmente - a exigência de que só seria transferida para março mediante a entrega dos cargos em 48 horas. O comportamento de Renato Viana motivou até um comentário duro de Monica Oliveira, tesoureira do PMDB e esposa do ministro Eunício Oliveira. "Vossa Excelência não teve a coragem de formular com clareza sua proposta e está tratando os ministros do seu partido com se fossem serviçais, sem direito até mesmo de aviso prévio", disse, causando um constrangimento geral entre os presentes.
"Viana mudou três vezes o votos dele", contou o senador Ney Suassuna (PB).O clima da reunião do PMDB foi pesado e acirrado, além de confuso no encaminhamento das propostas.
Ninguém se entendia e do lado de fora eram ouvidos socos à mesa e gritos. "Leia a ata, leia a ata, a gente quer saber o que votou", reagiu o senador Maguito Vilela em meio à confusão que durou quatro horas. "Assim não dá, não há condições de votar", repetia Renan Calheiros. O líder saiu da reunião irritado e indignado com Michel Temer que possibilitou a aprovação da proposta de devolução dos cargos, desempatando a votação (o resultado final ficou em 9 a 8 ) e o fato de Renato Viana e Filippelli terem debandado para o lado da oposição.
Renan não conseguiu sequer votar a sua proposta de adiar a data da convenção sem tocar na questão dos cargos. Mas, confessou ter sido atropelado pelos governadores Joaquim Roriz (DF) e Luiz Henrique (SC). "Os dois são da órbita de influência dos governadores", respondeu Renan ao ser indagado se fora traído pelos dois integrantes da Executiva
( da redação com informações de Genésio Araújo Junior)