31 de julho de 2025

Matar não pode

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A Câmara Legislativa do Distrito Federal decidiu arquivar os processos em que o seu presidente, deputado Benício Tavares (PMDB) é acusado de participar de uma orgia sexual com menores a bordo de um navio na Amazônia e de desviar dinheiro destinado à compra de cadeiras de rodas por uma entidade de assistência a deficientes físicos que presidia. Desprezou a copiosa prova contra o parlamentar. Mas isso não é nada. Aproveitando a deixa, arquivou outros 17 processos contra os seus pares. Limpou a barra de todos. Já está na hora de se mexer na Constituição para extirpar um dos maiores crimes já cometidos sobre a capital do país que é a tal autonomia, em conseqüência da qual inventaram a Câmara Legislativa, uma espécie de valhacouto que faria parecerem coroinhas os integrantes da velha ?gaiola de ouro? do Rio de Janeiro.

Dos seus 24 componentes são poucos os que podem apresentar um currículo decente. Boa parte só tem prontuário Há gente para quase todo o Código Penal. Tem deputado condenado por desvio de dinheiro do Fundo de Assistência ao Trabalhador, há também um que foi preso por grilagem de terras públicas, há quem recebe propina para mudar a destinação de terrenos no Plano Piloto. Sem se falar em acusados de corrupção eleitoral, nepotismo, caixa dois de campanha, estelionato etc. Havia um que comprava cargas roubadas para o seu comércio, mas este foi promovido a deputado federal. Até hoje o corporativismo da Câmara só permitiu a punição de um companheiro, cassando-lhe o mandato. Também pudera.! O homem exagerou, mandando matar o amante da esposa, um garoto de 16 anos. Na Casa pode tudo, menos matar. Tramita no Congresso um projeto um projeto de criação de um Estado do Planalto, com a volta do Distrito Federal à condição de capital administrativa do país, gerida por um prefeito nomeado pelo presidente da República e tendo como legislativo uma Comissão do Senado, como sempre foi desde JK até a carta de 88. Extinguir a cara ? está construindo uma sede milionária, cuja obra já está sob suspeita - inútil e vergonhosa Câmara Legislativa seria um dois maiores serviços que o Congresso Nacional poderia prestar aos brasilienses e ao país.

Haja anel

Em apenas quatro despachos, entre 1º e 17 deste mês o ministério da Educação reconheceu ou autorizou o funcionamento de nada menos de 193 cursos superiores em todo o país. Haja anel para tanto doutor.

Enquanto.....

Enquanto o isso o Exército está colocando nas ruas um contingente de 30 mil jovens formados em cursos profissionalizantes ministrados pelo SESC e por outras instituições. São mais milhares desempregados a engrossar as fileiras dos que esperam pelos dez milhões de empregos prometidos pelo PT na campanha eleitoral. Os que aprenderam a manejar armas são presa fácil para o sempre promissor mercado de trabalho do crime organizado.

Aspones

A novidade no meio diplomático é a figura do ?aspone? que o Itamarati está espalhando pelas nossas embaixadas no exterior. São figuras que exibem o pomposo título de ?supervisor? mas que não fazem coisa alguma, driblando o trabalho e transferindo suas tarefas para os subalternos e ?descobrindo? falhas ou omissões dos outros, como forma de justificar os gordos salários.

Está certo

Desta feita o José Dirceu tem razão. Essa história de PMDB ameaçar romper com o governo, abrindo mão dos cargos ? entre os quais dois ministérios ? é apenas um blefe a mais para aumentar o cacife. É só o governo chegar ao e preço ninguém desembarca do rendoso trem do poder.

Vexame

Caso nomeie o senador Luiz Otávio (PMDB´PA) ministro do Tribunal de Contas da União o presidente Lula poderá passar pela mesma humilhação do antecessor José Sarney, que nomeou Aloizio Alves ministro do Superior Tribunal Militar e a corte se recusou a empossa-lo. Valmir Campelo, presidente do TCU garante que não dará posse a Otávio, que está sendo processado no Supremo por desvio de dinheiro público.

Vai pagar?

Só quem acredita em Duende e em Papai Noel acredita que algum dia a poderosa Golden Cross vai pagar os R$ 21milhões referentes às ultimas 30 multas de R$ 700 mil cada que lhe foram aplicadas pela Agência Nacional de Saúde Complementar por cobrança irregular de reajustas aos associados.

FEBEAPÀ

O Congresso deverá ser convocado extraordinariamente, a peso de ouro, porque há centenas de projetos encalhados por falta de trabalho dos parlamentares. Enquanto isso o deputado João Paulo (PL-AL) ocupou grande parte de uma sessão para fazer um discurso em homenagem ao aniversário de sua ? dele ? mãe. Para completar a ridicularia, o deputado Raul Jungman, que entrou no plenário em meio à peroração, pediu aparte para apresentar pêsames ao orador. Pensou que era necrológio. Faz falta o FEBEAPÁ..

Divida

O governo vai emitir nada menos de US$ 75 bilhões ? isso mesmo, setenta e cinco bilhões de dólares - em títulos de responsabilidade do Tesouro para vender no mercado internacional. E sabem para que essa nova e imensa dívida? É para pagar parte da dívida publica federal. É como se o sujeito pagasse a conta do cartão de crédito com o mesmo cartão de crédito.

Cultura

Já que o negócio é incentivar a cultura, o nosso ministério da dita cuja acaba de aprovar um importante projeto a ser financiado com R$ 77 mil do dinheiro do contribuinte. Trata-se do ?Manual Para Atropelar Cachorro?, de autoria de Rafael Amaral Primo, que por certo deverá se tornar um best-seller.

O primeiro

Padre Aleixo, filho do ex-vice-presidente Pedro Aleixo, o que foi sem nunca ter sido, está escrevendo um livro sobre o história do voto do analfabeto no Brasil, do qual é defensor intransigente. Uma da revelações da obra é a de que o ex-ministro Armando Falcão foi, quando líder do PSD no governo JK, o autor do primeiro projeto instituindo aquele direito. Que, inexplicavelmente, não foi à frente, embora o seu partido fosse o maior beneficiário.

Lacuna

Chega-nos o boletim informativo do gabinete da senadora Patrícia Gomes, em sua terceira edição, eivado de informações sobre o seu trabalho em favor das crianças e adolescentes. Mas nem uma linha sobre o situação das crianças apátridas, nascidas no exterior, filhas de pais brasileiros, que um projeto do hoje governador Lúcio Alcântara se propõe a resolver mas está emperrado na Câmara.

A lei

Um funcionário ficou intrigado com o grande numero de idosos nas agências da Receita Federal, em Brasília, onde as filas são imensas. Investigou e descobriu a causa de tanto macróbio atrás de pagar impostos: empresas estão contratando os velhos para que façam os seus pagamentos ou dêem entrada em documentos, usando do privilégio do atendimento preferencial nas repartições e bancos. É a Lei de Gerson.

Por Rangel Cavalcante

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