Nordeste e a Inflação.
Capitais nordestinas tiveram as maiores elevações em agosto; Cesta básica sobe em quinze capitais
( Brasília-DF,02/09/2004) O aumento no preço do tomate foi determinante para o comportamento do custo do conjunto de gêneros alimentícios essenciais em agosto, segundo apurou o DIEESE – Departamento de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos. Dentre as dezesseis capitais onde é realizada a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, o único recuo ocorreu em Fortaleza (-3,11%), também a única localidade onde o custo do tomate diminuiu.
As maiores elevações foram apuradas em Aracaju (8,52%, 1); Natal (8,27%, 1); Florianópolis (8,07%) e Vitória (7,59%), enquanto as altas menos expressivas verificaram-se em Goiânia (2,35%) e Brasília (2,61%). Em julho, o comportamento altista havia se registrado em seis capitais e, em agosto de 2003, a cesta caiu em quinze cidades, com a maior retração verificada em Recife (-9,30%).
O custo mais elevado para o conjunto de produtos alimentícios de primeira necessidade continuou a ser registrado em Porto Alegre (R$ 189,99). Também merecem destaque os valores verificados em São Paulo (R$ 182,26), Rio de Janeiro (R$ 178,81), Belo Horizonte (R$ 176,21), Florianópolis (R$ 175,64) e Curitiba (R$ 171,95). Os menores custos ocorreram em Fortaleza (R$ 139,70), Salvador (R$ 140,48) e Recife (R$ 147,03).
Com base no custo registrado na capital com a cesta mais cara – em agosto, Porto Alegre – e levando em consideração o dispositivo constitucional que estabelece que o salário mínimo deve suprir as necessidades de uma família com alimentação, educação, moradia, vestuário, higiene, transportes, saúde, lazer e previdência social – o DIEESE estima, mensalmente, o valor que o salário mínimo deveria ter para atender à definição da Constituição. Em agosto, para fazer frente a este conjunto de despesas, o menor salário pago no país deveria ser de R$ 1.596,11, 6,13 vezes o mínimo vigente. Há um ano, o mínimo necessário de R$ 1.359,03, correspondia a 5,66 vezes o piso então em vigor.
Variações acumuladas
O custo da cesta básica acumulou, entre janeiro e agosto deste ano, altas que variam de 7,66%, em Salvador, a 18,88%, em Florianópolis. As elevações, nos oito primeiros meses do ano, não indicam a existência de um comportamento predominante nas diferentes regiões. Se o maior aumento ocorreu em uma localidade do Sul do país, variações em patamar semelhante ocorreram em Vitória (18,50%), localizada no Sudeste e em Natal (18,15%), situada no Nordeste. Nesta região, além de Salvador, está situada outra capital que acumula uma das menores variações: Aracaju (8,74%). No entanto, também está entre as mais baixas a variação acumulada em Curitiba (8,02%), localizada no Sul do país.
Em doze meses – entre setembro de 2003 e agosto último – somente em Salvador (6,18%) a elevação acumulada é inferior ao aumento de 8,33% concedido, em maio, ao salário mínimo. As maiores altas ocorreram em Belo Horizonte (24,24%), Vitória (20,71%) e Florianópolis (20,48%), enquanto Aracaju (8,46%) e Fortaleza (9,01%) foram outras localidades com aumento inferior a 10%.
Cesta x Jornada
O trabalhador remunerado pelo salário mínimo, na média das dezesseis capitais, necessitou cumprir, em agosto, uma jornada de 137 horas e 22 minutos, tempo superior ao exigido em julho (131 horas e 16 minutos) e a agosto de 2003 (128 horas e 18 minutos).
Também quando se leva em conta o valor do salário mínimo líquido – após o desconto da parcela referente à Previdência Social – a mesma situação pode ser verificada. Em agosto, a cesta básica representava 67,61% do salário mínimo líquido, na média das dezesseis capitais, contra 64,61%, em julho, e 63,15%, em agosto de 2003.