Nordeste e o desenvolvimento.
Nordestinos estarão representados na Câmara de Desenvolvimento; Ausência de peemedebistas pode revelar nova tendência.
(Brasília-DF,21/07/2004) Dos treze nomes que irão ocupar a Câmara de Desenvolvimento Econômico que se instalará essa manhã em reunião no Palácio do Planalto, presidida pelo ministro José Dirceu, da Casa Civil, com direito a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – quatro são nordestinos, uma única mulher e nenhum peemedebista, o partido tido como preferencial quando da reforma ministerial do início do ano.
A composição da Câmara, presidida por Dirceu, é um sinal reconhecido pelos principais observadores da cena política ouvidos pela Agência Política Real - do novo status do ministro da Casa Civil, que se fortalece, ao tempo que define qual é sua turma. Os nordestinos presentes no grupo, como Jacques Wagner, do CDES, Eduardo Campos, da C&T, Ciro Gomes, da Integração e Aldo Rebêlo, da Coordenação Pólitica, este último se elege deputado pelo PC do B de São Paulo, ou são ligados diretamente a ele, como Wagner, ou são nomes que com ele não discrepam ou que Dirceu os quer por perto- como Rebelo e Ciro Gomes, que disputa com Walfrido Mares Guia, do Turismo – outro que está no grupo dos treze – uma possível vaga na provável chapa de reeleição do presidente Lula.
Os políticos consultados pela Política Real, em sua maioria, acreditam que os nordestinos envolvidos têm reais condições de influenciar, diretamente, nos rumos da política econômica que deverá surgir depois das eleições municipais e da aprovação da PPP´s. Não custa lembrar que estão nesse grupo os ministros da Fazenda e do Planejamento. Ciro Gomes, da Integração, lançou recentemente o Plano Nacional de Desenvolvimento Regional, que ainda não foi bem divulgado e chegou a ser esquecido no balanço de 18 meses do Governo Lula. Ciro Gomes, que, em tese, seria o condutor das grandes obras nacionais que possam ser desenvolvidas no Nordeste, face seu assento na decisão das políticas do Banco do Nordeste e seu FNE, a possível Sudene e no futuro de programas como do biodiesel ou até com a instalação de uma nova refinaria nos próximos anos, dividirá essas decisões com os baianos Jacques Wagner e o pernambucano Eduardo Campos, outros interessados nos mesmos temas.
O relator da proposta de recriação da Sudene, Zezeu Ribeiro(PT-BA), é ligado a Wagner. Eduardo Campos está diretamente envolvido com o biodiesel e sua pasta tem uma secretaria que cuida da inclusão social, coisa rara na história do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Chama atenção a não inclusão do ministro Eunício Oliveira, das Comunicações, que com o novo modelo de agências reguladoras terá nova força, assim como do ministro Alfredo Nascimento,dos Transportes, filiado ao PL. Se sabe em Brasília que Oliveira é tido como competente politicamente e teria trabalhado contra a reeleição de João Paulo, na Câmara Federal, hoje muito próximo de Dirceu ao tempo que este deseja sua reeleição no posto que comanda no Parlamento. Eunício Oliveira é do PMDB que deu apoio ao senador Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado, que deseja o lugar de Saney.
A composição deste Conselho sem a presença de peemedebistas é visto como um efetivo fortalecimento de Dirceu e de pessoas com quem ele vem mantendo parcerias, como o senador José Sarney(PMDB-AP), outro nordestino que se elege fora de seu estado, como Rebêlo.
NOMES E VERSÕES - Além do ministro José Dirceu, participam da Câmara os ministros de Coordenação Política, Aldo Rebelo; da Agricultura, Roberto Rodrigues; da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos; da Fazenda, Antonio Palocci; da Integração Nacional, Ciro Gomes; de Minas e Energia, Dilma Rousseff; das Relações Exteriores, Celso Amorim; do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto; do Planejamento, Guido Mantega; do Trabalho e Emprego, Ricardo Berzoini; do Turismo, Walfrido dos Mares Guia; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jacques Wagner.
Em um outro decreto, publicado no Diário Oficial também no dia 16, o presidente Lula estabeleceu que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci passará a presidir a Câmara de Política Econômica, criada em 2002.
O porta-voz da Presidência, André Singer, disse na semana passada que as atribuições da Câmara de Desenvolvimento não vão se chocar com as da Câmara de Política Econômica. Segundo André Singer, a Câmara de Desenvolvimento tem como objetivo acompanhar e formular maneiras para implementar os programas de desenvolvimento do país, enquanto a Câmara de Política Econômica vai continuar formulando propostas voltadas para a política econômica.
( da redação, coordenação de Genésio Araújo Junior)