Salário Mínimo e os nordestinos.
Senado aprova projeto de conversão que autoriza mínimo de 275 reais; Nordestinos foram decisivos na disputa para aprovar novo mínimo.
( Brasília-DF,17/06/2004) O plenário do Senado acabou de aprovar o projeto de lei de conversão (PLV) oferecido à medida provisória (MP 182/04) que estabelece o reajuste do salário mínimo. Pelo PLV, que será apreciado agora pela Câmara dos Deputados, o reajuste do mínimo não será de R$ 260, como propôs o governo, mas de R$ 275. A matéria foi aprovada com 44 votos favoráveis, 31 contrários e 1 abstenção. Os senadores e autoridades nordestinas foram fundamentais em todos os momentos das negociações, desde quando chegou ao Senado. Câmara Federal deverá aprovar mínimo de R$ 275. A proximidade do processo eleitoral garantiria a vitória da tese do PFL, do PSDB e do PDT.
A disputa entre nordestinos e paulistas, petistas e não-petistas foi a marca desta disputa que garantiu a segunda grande derrota do Governo no Senado nos últimos dois meses. O presidente do Senado, o maranhense José Sarney(PMDB-AP) permitiu que João Alberto(PMDB-MA) fizesse sua negociação mas sua filha , a pefelista Roseana Sarney(PFL-MA) votou contra o Governo. O nordestino Aldo Rebêlo(PC do B-SP), ministro da Coordenação Política, conseguiu tirar o máximo do PMDB, de Renan Calheiros(PMDB-AL) que garantiu 80% de seus senadores com o mínimo de 260 reais. O PSB votou contra o Governo, a começar por seu líder o sergipano, Antonio Carlos Valadares. É bom lembrar que o projeto de conversão que foi aprovado agora há pouco é do senador César Borges(PFL-BA) que pré-candidato, aberto e confirmado, na disputa à prefeitura de Salvador. Borges é ligado ao senador Antonio Carlos Magalhães. O líder da minoria é o senador pernambucano Sérgio Guerra(PSDB-PE). A maioria dos senadores nordestinos votou contra o Governo. Dos 27 votos possíveis 19 teriam votado com a tese de R$ 275,00.
ANTES DA VOTATAÇÃO - Por votação simbólica, o Senado aprovou o requerimento de preferência que inverteu a pauta e deu preferência para o projeto do relator, César Borges (PFL-BA) que fixa o salário mínimo em R$ 275,00. Em seguida os senadores fizeram o encaminhamento da votação. O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), fez um discurso enfático contra a proposta e pediu, ao mesmo tempo, uma política permanente do mínimo. Pelos cálculos do ex-líder do PT, Tião Viana (AC), o provável placar da votação do mínimo de R$ 275 deveria ser de 44 favoráveis e 31 contrários, como se confirmou. Ou seja, o governo perderia por 13 votos, como de fato ocorreu. 13 é o número do PT e o número de parlamentares da bancada no Senado.
( da redação com informações de Genésio Araújo Junior e Toni Duarte)