Nordestinos e a crise.
Almeida Lima pouco revela e senadores da região são os mais enfáticos defensores do Governo; Sarney só chegou ao plenário após o discurso de Lima.
( Brasília-DF,02/03/2004) O tão esperado discurso do senador Almeida Lima(PDT-SE) nada revelou de irrefutável, como ele anunciara ainda na segunda, contra o chefe da Casa Civil, o ministro José Dirceu. Ele não divulgou nenhum documento que teria caráter inquestionável, revelando uma possível ligação pessoal e comercial entre o ministro José Dirceu e o ex-assessor Waldomiro Diniz. Ele disse que iria mostrar um documento. Os senadores nordestinos foram os mais veementes defensores do chefe da Casa Civil e do Governo. O presidente do Senado, José Sarney(PMDB-AP), só chegou ao plenário onde deu continuidade aos trabalhos da sessão desta tarde após a fala de Almeida Lima. Quem presidiu os trabalhos durante a fala de Lima foi o senador Eduardo Siqueira Campos(PSDB-TO), segundo VP da Mesa do Senado.
Ele usou o texto publicado pelo jornal “O Dia” para afirmar que o ministro José Dirceu teria no ano passado "disparado telefonemas numa operação abafa, inclusive ao Secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, para não dar prossegumento" às investigações sobre a Loterj. Essa operação teria sido divulgada pelo jornal e, segundo Lima, é importante por ter sido incluída no relatório do delegado da PF do RJ Herbert Reis Marques no seu relatório sobre o inquérito de 30/7/2003. Segundo Lima, o governo deveria ter tomado providências para demitir Waldomiro Diniz "mas não tomou nem tomaria se não fosse a reportagem sobre as fitas gravadas com Waldomiro Diniz" Basicamente, a denúncia de Almeida Lima se resume a afirmar que teria ocorrido operação abafa de Dirceu para abafar um inquérito, reservado, contra Diniz. Garotinho ligou para Renan Calheiros e negou a informação.
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) acusou o discurso do senador Almeida Lima de ser uma "brincadeira". "O que estão fazendo com este país é uma brincadeira, pois o dólar e a bolsa caíram e o país parou por causa de um relatório parcial de um delegado", acusou Renan. Segundo o líder, é preciso que se apresente um fato novo sobre o envolvimento do assessor do Palácio do Planalto Waldomiro Diniz "para esclarecer, investigar e punir exemplarmente". Renan qualificou a ligação de José Dirceu e Waldomiro Diniz, atribuída por Lima, de uma irresponsabilidade. "Se não houver um fato novo, temos que tirar isso da imprensa e do Congresso Nacional e o País precisa voltar a trabalhar", disse
O ex-presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), fez há pouco uma defesa do ministro da Casa Civil, José Dirceu, ao acusar o discurso do senador Almeida Lima (PDT-SE) de "leviano". ACM afirmou que a defesa da instalação de uma CPI tem sido "um festival de incoerências, que infelizmente é comum na vida política do País". "Depois de tudo o que o senador Almeida Lima fez a este país, e com a imprensa, eu diria que se fosse do governo ou do PT, faria uma estátua para o senador, pois ele foi o primeiro a defender o ministro José Dirceu, porque trouxe fatos inverídicos, não comprovados, numa denúncia sem nenhuma expressão", ironizou ACM.
Depois de dizer que já foi governador, presidente do Senado, ministro e de ter dirigido estatais, ACM afirmou que "não há um só administrador que não tenha sido enganado por seus auxiliares". Segundo o senador baiano, José Dirceu não merece ser acusado da forma como está sendo. Ao dirigir-se a Almeida Lima, ACM afirmou que ele é "um homem que não vai dormir bem por ter sido tão leviano". Depois do pronunciamento do senador baiano, o presidente do Senado, José Sarney, encerrou a discussão sobre o tema e iniciou a Ordem do Dia.