Lula no Nordeste.

 

 

(Fortaleza-CE,17/03/2004)) O presidente Luís Inácio Lula da Silva disse que não vão faltar recursos para o Nordeste - o que estaria faltando para a região seriam projetos. Ele informou que nos últimos dez anos nunca se investiu tanto no Nordeste como no último ano. Na sua avaliação o que estaria faltando são projetos e são eles “é que fazem o dinheiro e não o dinheiro que faz os projetos”, numa crítica velada aos empresários da região. “Temos mais de 100 bilhões de reais no BNDES, BB, CEF e BNB mas não vamos levar à frente projetos inexeqüíveis. Não vamos fazer projetos que não possam se manter economicamente”. Lula criticou a oposição que estaria torcendo contra ele como se fosse ex-mulheres que desejam o insucesso de ex-maridos que começam nova vida.

 

Os governadores nordestinos que participaram do encontro de lançamento do “Crescer Nordeste” nesta manhã-tarde na capital cearense mudaram o tom das declarações no dia anterior, quando do lançamento do Prodetur II, face a uma promessa do Presidente de que dentro de 30 a 40 dias eles voltarão a se reunir para tratar de uma alternativa para vários problemas na região, inclusive na questão da dívida dos Estados. Na reunião privada que manteve com os quatro governadores da região – Lúcio Alcântara,PSDB, do Ceará, Cássio Cunha Lima, PSDB, da Paraíba e os governistas Wellington Dias, PT, do Piauí, e Ronaldo Lessa,PSB, de Alagoas - Lula teria sido irônico ao lembrar aos tucanos que no Governo anterior, na questão da dívida, eles ficavam silentes e pediu aos aliados que tivessem calma mas cobrassem dele. Os governadores estavam ansiosos e deixaram claro na reunião que tiveram, ontem, sobre a distribuição de recursos para os atingidos pelas enchentes, especialmente na divisão da Cide, que poderá evoluir de 20% a 25 % na antecipação. O Presidente teria afirmado que na próxima encontro com os governadores, que ainda não se sabe se será com todos ou só da região, será definida essa questão, também. Os governadores teriam se contentado com a possibilidade de se retomar obras inacabadas com recursos de orçamento e com a possibilidade de se rever a questão da dívida.

 

O encontro reservado com governadores e que contou com a presença dos ministros que vieram ao encontro – Ciro Gomes, da Integração Nacional, Eunício Oliveira, das Comunicações, Humberto Costa, da Saúde, e Walfrido dos Mares Guia, do Turismo,- assim como o presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, foi de duas horas e meia e atrasou o evento que estava programado para às 10hs.

 

“ Não vamos financiar projetos inexeqüíveis. Não vamos rasgar notas de cem”, disse o Presidente ao se referir ao presidente do Banco do Nordeste, BNB, Roberto Smith, anfitrião do lançamento do programa “Crescer Nordeste” - que pretende investir, em diversos setores mais vocacionados da região, R$ 3 bilhões. Ele informou que em 2.002 teriam sido investidos do FNE, o fundo constitucional da região, R$ 254 milhões e que no ano passado teriam sido investidos R$ 1 bilhão que poderiam ter chegado a R$ 1,7 bilhões. “ Só em janeiro deste ano o banco(BNB)já aplicou 3 vezes mais do que o aplicado no mesmo período de ano passado”, disse o Presidente. Ele informou que os que investirem no semi-árido com recursos do Banco, e pagarem em dia, serão recompensados com 25 % de desconto na hora do pagamento.

 

PROMESSAS : TRANSNORDESTINA – Ele foi pontual ao falar dos grandes projetos que atendem a região, como a transposição de águas do São Francisco – que jurou nunca ter usado essa expressão( que foi dita pela platéia a partir da sugestão do tema ) -, da BR 101 ou transnordestina e da recriação da Sudene. “ Não podemos continuar a ser o país das obras inacabadas”.

 

Ele afirmou, largando o breve discurso de três laudas, por um improviso dentro de seu tradicional estilo – que a longa paralização da transnordestina deve ser revista a partir da formulação de um plano de desenvolvimento da região. “ É preciso pensar num projeto que dê sustentação econômica( BR 101). Discutir os projetos de turismo que liga todo o Nordeste através do litoral”. Ele criticou aqueles que vêm saídas fáceis para a região como se divulgada no centro-sul, como a de que o Nordeste está sobre um grande lençol de água.

 

TRANSPOSIÇÃO - Sobre a transposição de águas ele afirmou que neste ano será tocada a primeira fase( de projetos de impacto ambiental) pois não é adequado que depois de algum trabalho feito o Ibama venha embargar a obra.

 

SUDENE - Na questão da Sudene, ele afirmou que ainda nesta semana o Congresso iria voltar a tocar na recriação da instituição que está parada na Câmara desde o ano passado e que(o governo)iria buscar formas de financiamento, numa referência ao fim do Fundo de Desenvolvimento Regional, FDR, que foi esvaziado face a inclusão desse recursos para ser usado em compensações na reforma tributária. Ele entende que o retorno da instituição será uma forma de recompensar a região que teria perdido o que não deveria nesses anos.

 

( por Genésio Araújo Junior, enviado especial )