O Nordeste e as chuvas

 

(Brasília-DF,10/02/2004) A proposta do presidente Luís Inácio Lula da Silva, apresentada no seu  programa de rádio dessa segunda,09, para atender os desabrigados pelas chuvas repercutiu muito mal no Congresso. As bancadas, especialmente a nordestina, seja ela oposicionista ou não, considerou inadequada a primeira alternativa vinda do Presidente. Os ministério da Integração e Saúde têm se mobilizado para apresentar soluções numa parceria que una a Defesa Civil com a Funasa no combate as endemias típicas desse tipo de catástrofe. Para complicar, fontes do Banco Central já garantem que o Copom não deverá oferecer mudanças na fixação da taxa selic face ao aumento da inflação, fruto do aumento de preços de produtos da cesta básica que foram atingidos pelas chuvas.

 

 

A Bancada do Nordeste se reúne nesta quarta,11, em café da manhã de trabalho para tratar da recriação da Sudene que está paralizado desde o ano passado. Na semana passada os nordestinos ofereceram uma série de sugestões ao governo para atender as vítimas nos Estados e municípios nordestinos.  A decisão do Governo Federal de realizar contingenciamentos em parte do orçamento de investimentos, o que incluiria as emendas parlamentares de 2.004 servem para animar mais ainda os críticos.

 

 

DINHEIRO FEDERAL E NÃO DO POVO – A proposta do presidente Lula no sentido de liberar recursos do FGTS, que estão retidos, para serem investidos em residências populares em região distante das que foram alagadas foi muito mal recebido. Os senadores criticaram o

Presidente no final da tarde da segunda. Os senadores petistas, Ideli Salvati(SC), Cristovam Buarque(DF) e Eduardo Suplicy(SP) que estavam no plenário durante as críticas não responderam as críticas. A senadores Salvati preferiu saldar o aniversário do PT no que foi aparteado por Suplicy. Cristovam Buarque nem isso fez.

 

 

Os deputados da base governista preferiram considerar a importância de se dar atenção às pequenas comunidades, pois os programas da Caixa Econômica, CEF, não vêm dando agilidade no atendimento às comunidades com menos de 200 mil habitantes, que vem a ser a maioria das cidades nordestinas.  Os deputados pediram o chamado off para falar da idéia do Presidente. Um parlamentar argumentou que o dinheiro do FGTS é do trabalhador e como em caso de calamidade é necessário um atendimento da União, do Governo Federal, pareceu inadequado o apoio na forma como foi colocado. “ O dinheiro tem que ser federal e não do povo”, disse um parlamentar da base e nordestino.    

 

 

OS SENADORES - O senador Efraim Morais (PFL-PB) criticou nessa segunda-feira a afirmação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em seu programa radiofônico “Café com o Presidente”, de que “o governo pode liberar FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para recuperação de casas destruídas por enchentes”.

 

 

-          Faço um desafio, o governo faça o levantamento: 99% dos desabrigados estão desempregados. Será que o presidente da República esqueceu que, para se ter o FGTS, tem de ter carteira assinada? - indagou.

 

 

Efraim, líder da oposição no Senado, citou frases do presidente Lula transcritas pelas agências de notícias, segundo as quais o governo vai esperar o término das chuvas para discutir com prefeitos e governadores como serão construídas as casas. Segundo as agências, o presidente da República defendeu que as prefeituras dêem o terreno, que os governos façam a urbanização e que o governo federal financie a construção das casas.

 

 

O senador citou também entrevista do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, na qual ele manifesta o temor de que as chuvas aumentem em fevereiro e março.

 

-          O presidente diz que se deve esperar a chuva passar, mas o ministro diz que vai chover em fevereiro, março e abril. Será que vai ser possível esperar este tempo todinho? Temos mais de 200 mil desabrigados neste país, várias mortes, as estradas estão interrompidas, e o governo vai esperar que as chuvas passem? - afirmou Efraim, dizendo não ver qualquer sinal de solidariedade nas manifestações do presidente ou de seus ministros.

-          O senador Marco Maciel (PFL-PE) pediu a liberação de recursos pelo governo federal para atender a hospitais, escolas, agricultores, pecuaristas e, principalmente, os desabrigados pelas intensas chuvas que atingem os estados nordestinos. Só em Pernambuco, citou, mais de 19 mil pessoas perderam suas moradias com as enchentes.

 

 

O parlamentar lamentou também os prejuízos econômicos trazidos pelas chuvas. Além de inúmeras barragens destruídas, há em Pernambuco 473 quilômetros de trechos rodoviários danificados, que vêm sendo recuperados emergencialmente pelo governo do estado. As obras estão sendo feitas inclusive em estradas federais, salientou Marco Maciel nessa segunda:

 

-            Esperamos que o governo federal, atento ao drama do povo nordestino, seja sensível e possa ajudar liberando recursos e associando-se a ações dos governos estaduais e dos municípios, para que se possa o mais rapidamente possível recuperar os danos causados pela enchentes - afirmou o senador.

 

O representante pernambucano citou sua participação em reunião, na última sexta-feira ,6, com o governador Jarbas Vasconcelos, seu secretariado, parlamentares federais e estaduais e ainda prefeitos e lideranças comunitárias. Ele entregou à Mesa do Senado cópia do relatório em que o governo pernambucano sintetiza suas prioridades, encaminhado ao governo federal.

 

 

( por Genésio Araújo Junior com informação da Agência Senado)