Piauí – Maranhão

(Brasília – DF, 05/12/03) O Nordeste vai crescer em 2004, acima da média nacional. A afirmação é do governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que em entrevista exclusiva a agência Política Real, fez um balanço do Governo Lula nesse ano. Na entrevista, Dias falou ainda da parceria Piauí e Maranhão e da necessidade de um plano de ação conjunta entre os estados, procurando, inclusive, esquecer o passado de desavenças de ambos.

 

Confira abaixo as declarações do governador Wellington Dias sobre os temas em questão. A entrevista foi concedida ao jornalista Genésio Araújo Júnior.

 

RELAÇÃO PIAUÍ/MARANHÃO – Às vezes nós falamos tanto de seca no Piauí, que terminamos esquecendo que fazemos fronteira com a região Amazônica, no momento que estamos unidos ao Estado do Maranhão pelo rio Parnaíba. Portanto, temos uma relação muito estreita em diversas áreas, como por exemplo nas áreas comercial, de prestação de serviço, cultural, além da própria história no que se refere a luta pela independência do Brasil. Eu diria, que ainda temos a necessidade de se trabalhar alguns outros setores de modo combinado, como a exploração da Bacia do Parnaíba, a região dos Cerrados e a região do Delta do Parnaíba, onde estamos montado, em conjunto, uma rota turística naquela área denominada de rota Delta Lençóis Maranhenses. Além disso, também temos que pesquisar produtos que são típicos das duas regiões, como o Bacuri, Carnaúba e Babaçu, de modo que tudo isso nos leva a uma relação estreita entre os dois Estados.

 

NOVO JORNAL  É com grande felicidade que recebo a informação do nascimento desse novo periódico. Com toda certeza, o Diário do Maranhão vai desenvolver um trabalho belíssimo na região do Meio Norte do Brasil. Será um jornal onde a população daquela região acompanhar o interesse em comum entre os dois estados. Creio que o nascimento do jornal, somente vai aumentar as condições de se criar um nível de conscientização muito forte entre os povos desses dois estados.

 

DIVERGÊNCIAS  Creio que estamos mais amadurecidos nesse sentido. Tanto eu quanto o governador José Rinaldo (MA), temos estilos diferentes. Ainda no período da eleição eu fui ao Maranhão numa missão a pedido do presidente Lula, e participei de um evento que permitiu integrar as lideranças do Maranhão a campanha do presidente Lula. Ou seja, apesar das divergências conseguimos integrar a campanha de Lula a participação do bloco liderado pela senadora Roseana Sarney, pelo senador José Sarney e pelo próprio governador José Rinaldo. Sei que para muita gente não era compreensivo aquele ato na época, mas em nome de um objetivo maior foi bastante válido.

 

MODELO COMUM  Depois das eleições já tive a oportunidade de visitar o Maranhão por duas vezes, onde pude conversar com o governador José Rinaldo sobre ações de interesse comum entre os dois estados, inclusive o governo maranhense está instalando um escritório em Timon, para estreitar ainda mais esses laços na área fiscal e tributária. Atualmente estamos trabalhando junto, com a participação da Codevasf, no desenvolvimento da Bacia do Parnaíba, do Cerrados e na rota turística do pólo do Delta.

 

Outro ponto em comum é o do gasoduto. Através de um trabalho dos dois estados, conseguimos assegurar, no Congresso Nacional, recursos para a conclusão de um gasoduto que estava paralisado no Ceará, e em 200 vamos retomar as obras desse gasoduto que vai atender tanto o Piauí quanto o Maranhão.

 

SOCIAL – O Piauí e o Maranhão disputam atualmente qual é o Estado mais pobre do Brasil, em vários indicadortes. Porém, no resto dom país ninguém tem mais dúvida que nos dois estados se concentra o maior contingente de pobreza da federação.  Olhando para trás, percebemos que o setor da Educação no Piauí teve uma melhora importante na última década, mas em compensação em outras áreas ainda deixa a desejar, e muito. Entretanto, também percebo que o que falta para essa região é investimento. Tenho viajando por várias cidades maranhenses como: Balsas, Imperatriz, Barreirinha, Carolina e Santas Inês e vejo que o Estado é bastante rico, assim como o Piauí, do qual conheço todos os municípios. São estados ricos, o que faltou foi compromisso dos governantes anteriores para com essa região. Ou seja, para o resto do país, Piauí e Maranhão sempre representaram a periferia do Brasil. Agora, nós temos um presidente com sensibilidade e compromisso em desenvolver as regiões menos desenvolvidas. E o Piauí e o Maranhão nunca foram forte politicamente em Brasília. No meu caso por ser o único governador do partido do presidente e pela relação de amizade com Lula. Já o presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney, é do Maranhão.

 

GOVERNO LULA –  Quanto ao governo Lula, estou bastante otimista. Já estamos dando reais sinais de melhoras e em 2004 vamos crescer, no mínimo, uns 4, o que já representa uma revolução para o que vivemos na última década, já que nos últimos 13 anos o Brasil cresceu apenas 10, e em apenas um ano temos a previsão de crescer quase a metade disso. E isso é muito importante, pois durante alguns anos tivemos crescimento negativo. Mas, desde outubro passado, já percebemos um claro sinal da retomada do crescimento. A taxa de juros vem baixando progressivamente e vai baixar ainda mais. A inflação está controlada. Temos atualmente os melhores indicadores na relação externa. Existe a estabilidade de fato do real frente ao dólar. Sem falar na balança comercial que vem surpreendendo até mesmo o poder central. Hoje, temos a maior reserva líquida da história do país desde 1970. Estamos chegando na casa dos US 20 bilhões de superávit esse ano. O que ainda é uma vergonha, pois sempre que posso tenho citado a China como exemplo. Isso porque, embora a China tenha uma população bem maior que a brasileira, os chineses enfrentam dificuldades de desenvolvimento bem maiores que no Brasil, mas mesmo assim tem uma reserva líquida na casa de US 800 bilhões. Por isso, é o país quem mais cresce no mundo inteiro. Mas, estou confiante e acredito que o Brasil vai crescer, o Nordeste vai crescer acima da média nacional e o Piauí e o Maranhão, também, vão crescer acima da média do Brasil.

 

(Da Redação)