Mais um abacaxi!
Os governadores nordestinos, reunidos em João Pessoa, anunciaram na ?Carta de João Pessoa? que desejam um encontro com o presidente Lula e o presidente do Senado, José Sarney, para começar um entendimento que envolva a renegociação da dívida dos Estados com a União!
No apagar das luzes da semana passada, anunciou-se, com destaque naquela agência de notícias, que constava na pauta, na undécima hora, das discussões dessa segunda, lá na capital paraibana, a questão do ?endividamento dos Estados?. Nos jornais da Paraíba de sábado se dava luzes a ?discussão da dívida mobiliária?, assuntos diversos, apesar da aparência.
A reunião prevista para começar no início da manhã, com término logo após o almoço só terminou no final do dia. Não era para menos - a breve carta de João Pessoa falou muito.
Primeiro, fez questão de salientar que a proposta de reforma tributária deveria voltar a proposta inicial. Isto não é nenhuma novidade! O governador do Piauí, Wellington Dias(PT), foi o primeiro a dar esse caminho. Hoje é de todos. Bem, o bom parou aí, bem, o pacífico - se assim se pode dizer! O resto é só polêmica. Os governadores dizem que estavam se contendo na questão da dívida dos estados com a União. Reconhecem um acordão que merece ser melhor explicado.
Depois de reclamarem dos recursos do Fundef , de que alguns projetos fundamentais para o combate as desigualdades regionais não eram bem tratados no orçamento de 2.004 e que a insistência em alguns pontos da proposta reforma tributária era equivocada foram na chaga, na ferida que a União não quer tocar:
?Diante dessas questões, que ameaçam o equilíbrio econômico e a estabilidade financeira de seus Estados, os Governadores decidem, por fim, solicitar aos Exmos. Srs. Presidentes da República e do Congresso Nacional audiências especiais para tratar desses problemas, ao mesmo tempo em que delegam aos seus Secretários de Planejamento, Fazenda e Finanças a missão de construírem proposta ao Governo Federal para o equacionamento da dívida dos Estados do Nordeste em níveis minimamente suportáveis.?
O anfitrião, que teria sido responsável pelo bode da discussão pela dívida, disse, logo após o encontro aos jornalistas, que 22 a 23%% do orçamento de seu Estado já estão comprometidos com o pagamento da dívida com a União porque, além do pacote do ajuste fiscal, há contratos internacionais e dívidas para com o INSS que estão fora do limite de 13% de endividamento pactuado com o governo federal. O governador da Paraíba argumenta que os índices que compõem o IGP-DI, fator de correção dessas dívidas, sofreram uma oscilação cambial muito grande e, por isso, a correção das dívidas é exagerada, desequilibrando os contratos. Ele disse que os números ainda estão sendo levantados, mas que já é evidente que, quanto mais se paga mais se deve.
Eles querem essa reunião na terça que vem,11, quando o Presidente vai lançar em Brasília o programa de universalização da energia.
O assunto é nervoso. Revela um grande pacto que parece ter juntado todos. Resta saber se o Palácio também não sabia.
Bom dia, endividados e devedores.
PONTUANDO
O governador Cunha Lima(PSDB) disse que a questão da dívida não pode ser mais deixada de lado. Na avaliação dele o IGP-DI que é usado nas dívidas dos Estados estão fazendo com que se pague mais dos 13%% acertados. Daí a impossibilidade de se continuar ignorando esta questão.
O que chama atenção é que o governador paraibano sugeriu em algumas falas que os governadores só não trataram do assunto para não aumentar o risco brasil. Se Lula sabia e foi comunicado desse acerto, se imagina, agora, obrigado a uma contrapartida, Seu!
Aviso aos amigos nordestinos que estejam me lendo. A população economicamente ativa do Distrito Federal é de 1,19 milhão de pessoas. Mais de 243 mil estão desempregados. Ou seja, Brasília tem quase 24 %% de gente, em condições de trabalho, desempregada. Por isso , não venha para cá se não tiver acordo certo de emprego, Seu!
O presidente Lula volta da suas andanças pela África tendo que lidar com essa nova questão. Ora bolas, se a União irá propor novo acordo ao FMI porque os Estados não podem se entender com o ?seu? FMI, Seu!?
Aqui pra nós: não resta dúvida que temos problemas de sobra poraqu, mas essa de ir a África foi uma grande jogada da assessoria internacional e do Itamaraty, se foi deles, claro. O caminho em Angola e no Cabo Verde é de bons negócios para o País.
Nota de Rodapé: E mais essa, super Zé!
por Genésio Araújo Junior
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