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Lula, no embate com Donald Trump, melhora a popularidade e a população defende sua postura no enfrentamento com o presidente dos Estados Unidos face ao tarifaço

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( Publicada originalmente às 10h 26 do dia 16/07/2025) 

(Brasília-DF, 17/07/2025)   Na manhã desta quarta-feira, 16, foi divulgada nova rodada da pesquisa Genial/ Quaest apontando que a aprovação do Governo Lula 3 aumentou e as pessoas, em sua maioria, defendem a postura de Lula e o Governo com o tarifaço de Donald Trump sobre os produtos brasileiros.

O cientista político e CEO do Instituto Quaest fez comentário na sua conta X, que a Política Real republica:

Genial/Quaest: Confronto com Trump ajuda governo Lula a recuperar popularidade - aprovação sai de 40% para 43% (+3) e desaprovação passa de 57% para 53% (-4) entre maio e julho. Saldo negativo que era de -17 passa para -10 pontos.

O que chama atenção é que a melhora na popularidade se deu principalmente fora das bases de apoio tradicionais do governo.

Enquanto nas outras regiões não houve variação na aprovação, no Sudeste a diferença negativa passou de -32 pp para -16 pp.

A mudança mais significativa nos estratos de escolaridade se deu entre quem tem ensino superior completo: a diferença que era de -31 pp em maio, passou para -8 pp em julho.

Não foi nem entre os mais pobres, nem entre os mais ricos que captamos mudanças na aprovação; foi nos setores de renda média: a diferença que era de -19 pp passou para -9 pp de maio pra cá.

Entre eleitores lulistas ou de esquerda, a aprovação continua alta (> 80%). Entre eleitores bolsonaristas ou de direita, a aprovação continua baixa (< 12%). A mudança mais significativa foi captada nos setores moderados, onde o saldo negativo passou de -28 pp para -16 pp.

Para explicar as razões da melhora na aprovação nestes sub-grupos, investigamos o efeito de 3 fatores:

(1) confronto entre Lula e Trump

(2) melhora na percepção econômica

(3) campanha ‘nós contra eles’

Vejamos o que os resultados sugerem…

66% ficaram sabendo da carta enviada por Trump ao presidente Lula; 79% acreditam que as tarifas impostas vão prejudicar suas vidas; e 72% consideram que Trump errou ao impor taxas ao Brasil sob a justificativa de que haveria uma perseguição contra Bolsonaro.

O tarifaço contra o Brasil conseguiu unir a esquerda, os lulistas e os moderados (sem posicionamento); mas dividiu a direita e os bolsonaristas. Ou seja, empurrou o ‘centro’ para o colo do Lula.

A pesquisa revela ainda que a maioria dos entrevistados (53%) apoia a declaração de Lula de que o Brasil deve responder com medidas equivalentes às tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Na disputa entre os dois lados, Lula e o PT venceram a batalha da opinião pública contra Bolsonaro e seus aliados, pelo menos até aqui. A maior parte dos brasileiros defende que Lula está se saindo melhor que Bolsonaro (44% a 29%).

A economia parece ter um papel coadjuvante na melhora da popularidade do governo. Embora a economia continue ‘despiorando’, já que menos gente acredita que o cenário piorou, a variação entre maio e julho é pequena demais para produzir algum efeito significativo.

Se houve algum efeito, ele se deve ao menor percentual de brasileiros que afirmam ter notado alta nos preços dos alimentos no último mês. Essa leve ‘despiora’ acompanha a tendência registrada pelo índice oficial de inflação de alimentos, que vem recuando nos últimos meses.

O que mudou pela primeira vez na série histórica foi a expectativa sobre a economia no próximo ano: 43% afirmam que ela deve piorar. Essa mudança deve estar associada à preocupação que as tarifas de Trump provocaram na população.

O que também não parece ter contribuído significativamente (ainda) para explicar a melhora do governo é a campanha promovida pelo governo em prol da taxação dos super-ricos. A idéia de ‘justiça tributária’, por exemplo, só ficou conhecida por 43% dos brasileiros.

A notícia da disputa entre o Congresso e o Governo chegou a 51% da população, mas a forma como foi conduzida parece ter produzido uma opinião mais negativa que positiva nas pessoas: 79% acreditam que o conflito entre os poderes mais atrapalha que ajuda o Brasil.

Outro dado que indica (ainda) a baixa efetividade da campanha é que apenas 17% dizem ter visto os vídeos com inteligência artificial produzidos pelo governo. O alcance parece ter se limitado a pequenas bolhas

Mas o potencial da tese para melhorar a imagem do governo é grande: 63% dos brasileiros concordam que o governo deveria aumentar impostos dos mais ricos para poder diminuir a taxação dos mais pobres.

A isenção do IR para quem ganha até 5mil tem apoio de 75% da população, e o aumento do IR para super-ricos tem apoio de 60%.

Mas pq o tema não teria ganhado tração ainda? O motivo não parece ser o conteúdo em si, mas a forma como foi apresentado. Se a justiça tributária vier acompanhada de uma roupagem ‘ricos contra pobres’ o tema tende a perder força, já que 53% afirmam que essa estratégia cria mais briga e polarização.

É a escolha tática que o governo vai ter que fazer assim que retomar o assunto. Se mantiver o clima de confronto social, tende a mobilizar sua base lulista ou de esquerda, mas tende a perder o eleitor moderado de centro.

A Quaest ouviu 2.004 pessoas entre os dias 10 e 14/07. O nível de confiabilidade da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de 2 pp. A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos.

( da redação com informações de redes sociais. Edição: Política Real)