( Publicada originalmente às 19h  00 do dia 25/05/2025) 

(Brasília-DF, 26/05/2025) O analista de redes sociais Alek Maracajá divulgou neste domingo, 25, um estudo mostrando que a campanha realizada pelo Partido dos Trabalhadores para dar apoio a primeira dama Rosângela da Silva, a Janja, não decolou só por volume de interações, mas por erro estratégico.

“Mais do que falta de volume, houve erro estratégico. A campanha ignorou fatores fundamentais para viralização: envolvimento emocional, linguagem acessível, validação por influenciadores nativos e timing. Em vez de adotar um discurso empático e contar uma história que conectasse com seu público, a narrativa partiu do aparato institucional tentando se impor por autoridade, exatamente o oposto do que o ambiente digital exige”, explicou Maracajá.

 

Veja o texto do estudo que chegou na Política Real:

 

ESTUDO ATIVAWEB – CAMPANHA #ESTOUCOMJANJA

 

 

Análise da imagem digital de Janja e do PT Brasil nas redes – Maio de 2025

INTRODUÇÃO TÉCNICA

 

A Ativaweb, referência nacional em inteligência de dados e comportamento digital, apresenta uma análise

detalhada sobre a performance da campanha #EstouComJanja, desencadeada após críticas dirigidas à primeira-

dama Rosângela da Silva, a Janja, por sua suposta intervenção em jantar oficial com o presidente da China, Xi

Jinping. Na ocasião, a primeira-dama teria apontado que o algoritmo do TikTok favorece conteúdos de extrema-

direita — uma declaração que repercutiu negativamente em setores da opinião pública e impulsionou reações

adversas nas redes sociais.

Diante da escalada de críticas, o Partido dos Trabalhadores (PT) lançou uma campanha institucional nas redes

com o objetivo de proteger a imagem de Janja e ressignificar o episódio como um ato de coragem política em

defesa de um ambiente digital mais seguro, sobretudo para mulheres, adolescentes e crianças. A ação foi

simbolizada pela hashtag EstouComJanja, impulsionada a partir de peças gráficas, posts e declarações públicas

veiculadas nos perfis oficiais da legenda e de figuras próximas ao governo federal.

 

A equipe da Ativaweb aplicou uma metodologia estruturada, combinando ferramentas de Big Data Analytics,

Processamento de Linguagem Natural (NLP), análise de sentimentos, rastreamento de menções orgânicas e

leitura preditiva de engajamento, com o objetivo de avaliar, ao longo de três dias consecutivos, a efetividade

comunicacional da campanha.

Neste estudo, foram priorizados dois perfis estratégicos:

· @janjalula, que representa a persona pública da primeira-dama com forte apelo emocional e cultural;

· @ptbrasil, conta oficial do partido responsável pela articulação da campanha.

Ambos foram analisados em relação a métricas de crescimento, engajamento, tópicos centrais abordados,

variação no sentimento da audiência, e perfil demográfico de seguidores e interagentes. Também foram

identificados os principais fatores de sucesso e as fragilidades críticas que limitaram a escalabilidade da campanha

nas redes.

 

 

Mais do que medir menções, o presente estudo busca interpretar a resposta do ambiente digital frente a uma

tentativa de reconstrução narrativa com viés político-partidário, avaliando a coerência entre a linguagem

adotada, a persona digital de Janja, a estrutura algorítmica das redes e o sentimento coletivo predominante.

O estudo não se limita a uma contagem de interações: trata-se de uma leitura integrada entre técnica,

comportamento e reputação, capaz de orientar estratégias digitais com base em dados reais, e não em

percepções isoladas. Alek Maracajá

 

 

DESEMPENHO GERAL DA CAMPANHA

 

· Menções totais: 42.760

o Explicação técnica: Em campanhas políticas reativas, o impacto inicial costuma ultrapassar 100

mil menções nas primeiras 24h. O número abaixo de 43 mil em 3 dias indica baixa tração

espontânea, sugerindo que a campanha não reverberou entre públicos fora da bolha militante.

· Trending Topics: Não entrou no X (Twitter)

o Explicação técnica: A entrada em TT depende de volume, velocidade e variedade de contas

únicas. O não ranqueamento mostra que não houve dispersão algorítmica significativa, ou seja,

poucos perfis diferentes impulsionaram a tag.

· Picos e quedas: 46% de queda entre o 1º e o 2º dia

o Explicação técnica: Isso indica ausência de efeito de propagação (efeito cascata), comum em

conteúdos que viralizam. Quando há queda abrupta, a campanha morre na bolha inicial.

· Sentimento:

o Positivas: 20%

o Negativas: 28%

o Neutras: 52%

o Explicação técnica: Alta neutralidade sugere engajamento protocolar ou pouco emocional,

comum quando o público não se sente implicado no tema ou quando há linguagem

excessivamente institucional.

 

 

PERFIL @JANJALULA – ANÁLISE TÉCNICA

 

· Seguidores: 2,4 milhões (queda de 0,63%)

o Explicação técnica: A leve queda indica que, apesar da visibilidade, houve perda de adesão,

possivelmente por percepção de exposição negativa ou desconforto com a pauta.

· Engajamento médio: 1,05%

o Explicação técnica: Índice razoável para perfis políticos, mas que não reflete crescimento durante

crise. Campanhas bem-sucedidas geralmente impulsionam picos temporários.

· Público dominante: mulheres de 25 a 34 anos (28,3%)

o Explicação técnica: É uma faixa com alta atividade em redes, porém mais sensível à linguagem

emocional e causas pessoais, o que exige comunicações menos institucionais e mais narrativas.

· Top interesses: moda, música, beleza, entretenimento

o Explicação técnica: Confirma que a persona digital de Janja é construída sobre temas leves e

afetivos, o que torna difícil a introdução de pautas duras sem quebra de coerência narrativa.

 

 PERFIL @PTBRASIL – ANÁLISE TÉCNICA

 

· Seguidores: 1,4 milhão (crescimento de 0,71%)

o Explicação técnica: O leve crescimento mostra que houve visibilidade, mas ela não foi

acompanhada por engajamento qualificado.

· Engajamento médio: 0,15% (queda de 17,79%)

o Explicação técnica: Um número extremamente baixo, mostrando desgaste da audiência e

saturação de conteúdo político institucional. A queda é um alerta estratégico.

· Público equilibrado entre homens e mulheres

o Explicação técnica: Isso exige que os conteúdos tenham pluralidade de linguagem, evitando tom

monocórdico ou hiperespecializado.

· Interesses principais: política, família, cultura popular

o Explicação técnica: Sinaliza um público que responde melhor a conteúdos que misturem causas

políticas com storytelling afetivo. A campanha falhou nesse equilíbrio.

 

 

 

 PRINCIPAIS FALHAS DA CAMPANHA – COM ANÁLISE TÉCNICA

 

1. Engajamento artificial e institucionalizado

o Explicação técnica: A campanha foi puxada por perfis partidários e políticos, o que a tornou

previsível e pouco atrativa para perfis fora do núcleo militante.

2. Baixa ressonância emocional

o Explicação técnica: A hashtag não foi embalada por conteúdo sensível, narrativo ou inspirador —

essenciais para viralidade em contextos pessoais.

3. Timing desfavorável

o Explicação técnica: O debate coincidiu com temas de maior urgência pública (INSS, 8 de janeiro,

economia). O algoritmo prioriza relevância contextual e volume simultâneo.

4. Desalinhamento entre persona e pauta

o Explicação técnica: A Janja digital é emocional e cultural. Quando usada para emitir

posicionamentos geopolíticos, gera dissonância narrativa, o que reduz a adesão espontânea.

5. Hashtag sem organicidade

o Explicação técnica: Hashtags funcionam como pontos de convergência. Quando lançadas sem

apoio prévio de criadores e sem "storytelling de adesão", são percebidas como forçadas.

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 INTERPRETAÇÃO TÉCNICA DOS DADOS

 

1. 2. 3. 4. 5. Menções baixas + queda rápida = campanha não tracionada

Foco em defesa racional em vez de conexão emocional enfraqueceu a adesão

A queda do engajamento do PT mostra fadiga do conteúdo e exige renovação da linguagem digital

Janja não sustenta agendas partidárias com o perfil atual de audiência

Influência nas redes exige convergência entre tom, canal e momento

 

 

 

CONCLUSÃO FINAL COM EXPLICAÇÃO TÉCNICA

 

A campanha #EstouComJanja evidencia uma falha estrutural recorrente em estratégias digitais partidárias: tentar

impor narrativa com base em autoridade e não em afinidade algorítmica e emocional.

O caso mostra que públicos com perfil lifestyle ou emocional não aderem a pautas institucionais sem prévia

preparação narrativa. O PT também precisa reposicionar seus canais para dialogar com uma base mais ampla,

revendo formatos, linguagem e frequência de publicações.

“O digital é um campo de disputa narrativa onde ganha quem conecta, não quem comanda. Os dados estão

mostrando o que muitos partidos ignoram: a influência é construída, não imposta.” – Alek Maracajá

Alek Maracajá

Diretor Executivo

[email protected]

 

 

( da redação com informações de Alek Maracajá. Edição: Política Real)