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  • 28/01/2025 06h45

    OPINIÃO: Reflexões sobre Banco Central Independente

    Dilemas em destaque
    Foto: Arquivo Política Real

    Banco Central do Brasil

    ( Publicada originalmente às 15h00 do dia 27/01/2025) 

    Por Luiz Carlos Hauly, deputado federal

    Caríssimos, vai aí mais algumas reflexões do tal “Banco Central Independente”

    O cenário econômico gerado pelo assédio do mercado sobre o Bacen ilustra perfeitamente o que alguns economistas chamam de “armadilha fiscal” ou “dilema mexicano”. Essa situação evidencia um ciclo vicioso entre política monetária e política fiscal, onde o aumento dos juros para conter a inflação acaba agravando o problema fiscal, criando mais pressões inflacionárias no médio prazo.

    Vamos destrinchar o dilema:

    1.⁠ ⁠O Dilema (Dilema Mexicano):

          •    O Tesouro Nacional apresenta um déficit primário, ou seja, as receitas não são suficientes para cobrir as despesas, excluindo os juros da dívida.

          •    O Banco Central, para conter pressões inflacionárias (por exemplo, devido ao aumento dos gastos públicos ou expectativas de descontrole fiscal), eleva a taxa Selic.

          •    Esse aumento da Selic eleva os juros da dívida pública, já que boa parte dela é indexada à Selic ou corrigida por índices que dependem da taxa de juros.

          •    Com o aumento do custo da dívida, o déficit fiscal piora ainda mais, exigindo novos financiamentos pelo Tesouro, o que pode alimentar mais inflação (se houver aumento da base monetária) ou piorar o endividamento.

    2.⁠ ⁠Ciclo Vicioso Gerado:

          •    Banco Central aumenta juros: Para controlar a inflação e “dar um sinal de responsabilidade” ao mercado.

          •    Custo da dívida cresce: Aumentam as despesas com juros pagos pelo Tesouro.

          •    Déficit fiscal aumenta ainda mais: Elevando a necessidade de mais financiamento.

          •    A inflação persiste: Por pressões fiscais ou pela inércia inflacionária, exigindo novos aumentos de juros.

    Resultado: Uma dinâmica de juros altos e dívida crescente, sem uma solução clara.

    3.⁠ ⁠Quem é o responsável no cenário?

          •    Banco Central: Atua com base em expectativas de mercado e metas de inflação. Contudo, ao focar exclusivamente na inflação sem considerar o impacto fiscal de suas decisões, pode agravar o problema estrutural das contas públicas.

          •    Governo/Tesouro Nacional: Muitas vezes é pressionado politicamente a aumentar despesas, mesmo em cenários de déficit. Isso gera pressões inflacionárias que levam o Banco Central a agir, retroalimentando o ciclo.

    No caso, o aumento dos gastos públicos gera uma contradição, já que o próprio Banco Central, ao elevar os juros, também contribui para o aumento desses gastos.

    4.⁠ ⁠Como resolver o impasse?

    O dilema exige coordenação entre a política fiscal e a política monetária, mas isso pode ser desafiador em um contexto em que o Banco Central é autônomo. Algumas estratégias incluem:

          1.   Ajuste fiscal estrutural:

          •    É necessário reduzir o déficit primário para criar um ambiente de maior previsibilidade fiscal.

          •    Isso inclui reforma tributária, controle de despesas obrigatórias e melhoria na gestão da dívida pública.

          2.   Revisão do mix de política monetária e fiscal:

          •    Muitos economistas sugerem que o Banco Central poderia considerar outras ferramentas de política monetária, como intervenções no câmbio ou regulação do crédito, para aliviar a dependência da Selic.

          •    O governo, por sua vez, precisa evitar sinais de descontrole fiscal que pressionam o Banco Central a agir.

          3.   Controle da indexação da dívida pública:

          •    Uma forma de reduzir a exposição do Tesouro à Selic seria diminuir a parcela da dívida atrelada a juros variáveis (como títulos pós-fixados) e priorizar emissões prefixadas.

          4.   Foco no crescimento econômico:

          •    Sem crescimento, a relação dívida/PIB tende a piorar. O estímulo ao investimento privado e a redução da burocracia podem ajudar a reverter o ciclo.

    Conclusão:

    O dilema mexicano reflete a falta de coordenação entre a política fiscal (gastos públicos) e monetária (taxa de juros). Enquanto o Tesouro não equilibrar suas contas, e o Banco Central continuar aumentando juros sem considerar os impactos fiscais, o Brasil permanecerá nesse ciclo vicioso. A solução exige ações combinadas e uma visão de longo prazo, envolvendo tanto o ajuste fiscal quanto a moderação nas decisões de política monetária.

    QUEM PODE MEDIAR?

    O CONGRESSO NACIONAL

    *Por isso e diante da gravidade requeiro uma tomada de decisão dos dois novos Presidentes do CONGRESSO NACIONAL, de forma bicameral e com a máxima URGÊNCIA URGENTISSIMA!

    Deputado Luiz Carlos Hauly


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