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  • Contato Brasil, 25 de abril de 2024 21:24:10
Nordestinas
  • 29/07/2020 08h14

    AUXÍLIO EMERGENCIAL: Pessoas na extrema pobreza no Brasil chegam a 3,3% em junho, a maior queda em 40 anos; pesquisador disse que se economia não reagir haverá recuo

    Veja o comparativo da pobreza e extrema pobreza nos últimos anos
    Foto: Montagem Política Real

    ( Publicada originalmente às 19h 00 do dia 28/07/2020) 

    (Brasília-DF, 29/07/2020) Nesta terça-feira, 28, foi divulgado pela Fundação Getúlio Vargar estudo do pesquisador Daniel Duque, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Covid 19 (Pnad Covid-19) de junho, mostrando que a taxa de pobreza extrema (população vivendo com menos de 1,90 dólares por dia, equivalente a R$ 154 mensais) caiu de 4,2% para 3,3%, enquanto a pobreza (população vivendo com menos de 5,50 dólares por dia, equivalente a 446 mensais) também caiu de 23,8% para 21,7%.  Essa é a maior redução da pobreza em tão curto período nos últimos 40 anos.

    Tais reduções coincidem com um aumento da cobertura do auxílio emergencial, que passou de um antedimento de 45% para 50% da população entre maio e junho, que beneficiou principalmente os mais pobres. Tais níveis são os menores já registrados por todas pesquisas domiciliares brasileiras - apesar de que a comparação não é perfeita, por se tratarem de desenhos diferentes.

    “Supondo que o governo lance o Renda Brasil logo após o auxílio emergencial, o volume de transferência para as famílias será muito menor. Não há dúvida de que, se não houver uma forte recuperação do mercado de trabalho, voltaremos a ver novos aumentos da taxa de pobreza nos próximos meses. O maior risco é aumentar tanto a taxa de pobreza e chegarmos a níveis menores do que tínhamos em 2019, 2018. Esse é o principal risco”, afirmou Daniel Duque.

    O pesquisador Daniel Duque, que fez esse estudo  para FGV, comentou no Twitter a repercussão do que foi divulgado.

    “Hoje teve bastante repercussão a matéria para a qual fiz o levantamento mostrando a queda da pobreza no Brasil.

    Gostaria tecer alguns comentários sobre essa questão, para tentar qualificar mais esse importante debate.

    Se puder, siga aqui o fio.

    Vale sempre ressaltar que as pesquisas não são perfeitamente comparáveis, inclusive a PNAD-Covid pode ter viés de coleta, mas os números assim ainda surpreendem.

    Não lembro de o país ter documentado antes queda do % de pobreza em meio a uma crise econômica, como a atual.

    Surpreende também que, de maio para junho, os decis mais ricos da população tenham tido expressivos aumentos da renda para além do Auxílio Emergencial, ao contrário do resto.

    Provavelmente, estaríamos observando aumentos expressivos da desigualdade sem o atual programa.

    Mas, mesmo havendo menos pobres hoje, essa situação é, no mínimo, instável.

    Claro que enquanto jogarmos R$ 50 bilhões por mês de transferências para trabalhadores informais e desempregados, vamos ver menos famílias abaixo da linha da pobreza, mas isso não é sustentável.

    O Bolsa Família custa R$ 30 bilhões por ano, enquanto o BPC custa R$ 56 bilhões. Já o Abono custa R$ 17 bilhões.

    Tudo isso junto em um ano inteiro não cobre dois meses de Auxílio Emergencial, e não estamos falando de pouco dinheiro.

    O Brasil não gasta pouco em assistência social, comparativamente a países de nível semelhante de desenvolvimento.

    Desse modo, comemoremos essa experiência que estamos vivendo, mas temos que pensar também no próximo momento.

    O que acontecerá com todas as essas famílias quando acabar o dinheiro para o auxílio emergencial?

    A economia vai se recuperar em velocidade suficiente para impedir grandes aumentos da pobreza? Tendo a crer que não. Assim, estamos sob riscos de forte retrocesso social.

    Após essa crise, não creio que possamos nos contentar com o mesmo volume de gastos com transferências, o que é um problema tendo em vista nossas atuais restrições fiscais (quem me conhece sabe que sou bem reticente quanto a mexer muito no teto).

    O ideal seria fazer um planejamento do aumento do gasto social em um horizonte de 5 a 10 anos, condicionado a reformas e mudanças estruturais.

    Temos um tanto de privilégios que já passou da hora de mexermos. Pode não ser suficiente, mas ajuda no combate à pobreza.

    Por fim, temos que ter em mente que transferências diretas são importantes, mas não são tudo.  Além de educação e saúde, @vobotelho mostra também que há fatores inclusive psicológicos que dificultam a superação da pobreza, como depressão de mães.”, disse em 11 postagens, em fio, no Twitter no final da tarde desta terça-feira.

    Veja o quadro comparativo que mostra a evolução da pobreza e extrema pobreza:

     

    Ano

    Trimestre

    Pobreza

    Pobreza Extrema

    mes

    data

    Base

    2004

    3

    47,2%

    13,3%

    set

    01/09/2004

    PNAD

    2005

    3

    45,4%

    11,5%

    set

    01/09/2005

    PNAD

    2006

    3

    41,1%

    9,6%

    set

    01/09/2006

    PNAD

    2007

    3

    38,7%

    9,2%

    set

    01/09/2007

    PNAD

    2008

    3

    35,1%

    7,4%

    set

    01/09/2008

    PNAD

    2009

    3

    33,4%

    7,2%

    set

    01/09/2009

    PNAD

    2011

    3

    30,0%

    6,2%

    set

    01/09/2011

    PNAD

    2012

    3

    25,7%

    5,4%

    set

    01/09/2012

    PNAD

    2013

    3

    24,9%

    5,6%

    set

    01/09/2013

    PNAD

    2014

    3

    22,8%

    4,2%

    set

    01/09/2014

    PNAD

    2015

    3

    24,6%

    5,1%

    set

    01/09/2015

    PNAD

    2012

    1

    27,8%

    6,2%

    mar

    01/03/2012

    PNAD-C

    2012

    2

    26,6%

    5,8%

    jun

    01/06/2012

    PNAD-C

    2012

    3

    26,0%

    5,6%

    set

    01/09/2012

    PNAD-C

    2012

    4

    25,1%

    5,4%

    dez

    01/12/2012

    PNAD-C

    2013

    1

    25,9%

    5,4%

    mar

    01/03/2013

    PNAD-C

    2013

    2

    25,1%

    5,2%

    jun

    01/06/2013

    PNAD-C

    2013

    3

    24,7%

    5,2%

    set

    01/09/2013

    PNAD-C

    2013

    4

    23,5%

    4,5%

    dez

    01/12/2013

    PNAD-C

    2014

    1

    22,4%

    4,4%

    mar

    01/03/2014

    PNAD-C

    2014

    2

    22,8%

    4,4%

    jun

    01/06/2014

    PNAD-C

    2014

    3

    23,0%

    4,8%

    set

    01/09/2014

    PNAD-C

    2014

    4

    22,7%

    4,2%

    dez

    01/12/2014

    PNAD-C

    2015

    1

    23,0%

    4,7%

    mar

    01/03/2015

    PNAD-C

    2015

    2

    23,1%

    4,6%

    jun

    01/06/2015

    PNAD-C

    2015

    3

    23,6%

    5,0%

    set

    01/09/2015

    PNAD-C

    2015

    4

    25,1%

    5,3%

    dez

    01/12/2015

    PNAD-C

    2016

    1

    25,3%

    5,7%

    mar

    01/03/2016

    PNAD-C

    2016

    2

    25,3%

    5,8%

    jun

    01/06/2016

    PNAD-C

    2016

    3

    25,6%

    5,8%

    set

    01/09/2016

    PNAD-C

    2016

    4

    25,2%

    5,9%

    dez

    01/12/2016

    PNAD-C

    2017

    1

    27,4%

    6,7%

    mar

    01/03/2017

    PNAD-C

    2017

    2

    26,9%

    6,8%

    jun

    01/06/2017

    PNAD-C

    2017

    3

    25,2%

    6,0%

    set

    01/09/2017

    PNAD-C

    2017

    4

    25,2%

    6,0%

    dez

    01/12/2017

    PNAD-C

    2018

    1

    25,4%

    6,8%

    mar

    01/03/2018

    PNAD-C

    2018

    2

    25,6%

    6,7%

    jun

    01/06/2018

    PNAD-C

    2018

    3

    25,1%

    6,3%

    set

    01/09/2018

    PNAD-C

    2018

    4

    25,2%

    6,3%

    dez

    01/12/2018

    PNAD-C

    2019

    1

    25,3%

    6,8%

    mar

    01/03/2019

    PNAD-C

    2019

    2

    25,0%

    6,9%

    jun

    01/06/2019

    PNAD-C

    2019

    3

    24,8%

    6,4%

    set

    01/09/2019

    PNAD-C

    2019

    4

    24,0%

    6,2%

    dez

    01/12/2019

    PNAD-C

    2020

    2

    23,8%

    4,2%

    mai

    01/05/2020

    PNAD-Covid

    2020

    2

    21,7%

    3,3%

    jun

    01/06/2020

    PNAD-Covid

     

     

    ( da redação com informações de assessoria e Twitter. Edição: Genésio Araujo Jr)


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