- Cadastre-se
- Equipe
- Contato Brasil, 10 de dezembro de 2024 23:45:29
( Publicada originalmente às 13h 45 do dia 03/11/2017)
Por Gil Maranhão
Especial Politica Real
(Brasília-DF, 06/11/2017) A violência vem se alastrado, ano após ano, das mais diversas formas, nos nove estados da região Nordeste. Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas e Ceará despontam entre os estados brasileiros com registros assustadores, ano passado, em diferentes tipos de mortes – as violentas intencionais, as decorrentes de intervenções policiais, latrocínio (roubo seguido de morte) e feminicídio (contra mulheres).
Os dados constam no 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2016 e foram divulgados esta semana (dia 30/outubro) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em todo o Brasil, registrou-se 61.619 mortes violentas em 2016, considerado o maior número de homicídios da história do País, segundo o Fórum – o que equivalem, em números, às mortes provocadas pela explosão da bomba nuclear que dizimou a cidade de Nagasaki, no Japão, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.
Pelo Anuário, sete pessoas foram assassinadas por hora no ano passado, aumento de 3,8% em relação a 2015. A taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes ficou em 29,9 no país.
Bahia na ponta
Na região Nordeste, a questão da segurança pública se torna cada ano mais preocupante. O estado da Bahia lidera o ranking de mortes violentas intencionais. Do total de 61.619 registradas no Brasil, 7.110 foram verificadas no maior estado do Nordeste. Pernambuco aparece em 4º, nesta categoria, com 4.479 assassinatos. Ceará aparece em 7º, com 3.566. Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e Paraíba ocupam, respectivamente, da 11ª à 15ª posição nesse ranking.
Aracaju surpreende
Nos dados das capitais do Brasil com maiores taxas de assassinatos por 100 mil habitantes, mais uma vez o Nordeste é destaques: Aracaju (SE) aparece em 1º, com 66,7. É seguida por Belém, com 64, e Porto Alegre, com 64,1.
Sergipe: intervenção Policial
Quando de mortes violentas por 100 mil habitantes no País, Sergipe aparece como o estado brasileiro com maior registro - 64, seguido de Rio Grande do Norte, com 56,9, e Alagoas, com 55,9 – todos do Nordeste.
No quadro que revela que as mortes decorrentes de intervenções policiais (por 100 mil habitantes), Sergipe volta a se destacar, ficando em 3º no ranking, com 4,1. Alagoas está em 5º, com 3,2; e Bahia está em 7º, com 3,0Ao pesquisar
Ceará: violência policial
No item que trata de policiais mortos, em serviço e fora de serviço, o Anuário aponta que 437 policiais foram mortos em 2017 no Brasil. Em 2015 esse número foi de 372. A pesquisa considera policiais civis e militares mortos em confronto ou por lesão não natural.
O estado do Ceará aparece em 3º no ranking, 1,4 (por grupo de mil policiais na ativa). O Piauí aparece em 4º, em 1, 2; Sergipe e Alagoas vêm a seguir, em 5º, com 1,1. A liderança nesse item é do Rio, com 2,3: em 2º está Roraima, com 1,6.
Pernambuco: roubos e furtos
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública pesquisou, também, estados com maiores taxas de roubos e furtos no País. Pernambuco aparece em 3º no ranking, com 785 casos em 2016. A liderança nesse item é novamente do Rio, com 971; seguido de Goiás, com 799.
Mais dois estados do Nordeste aparecem nesse quadro: Alagoas, em 7º lugar, com 625 casos; e Rio Grande do Norte, em 8º, com 621.
Piauí: feminicídios
O Anuário também contabilizou os números de estupros e revelou que houve crescimento de 3,5% no País, no ano passado, com 49.497 casos. A pesquisa mostra que uma mulher foi assassinada a cada duas horas no Brasil, totalizando 4.657 mortes. Contudo, apenas 533 casos foram classificados como feminícidio, mesmo após lei de 2015 obrigar tal registro para as mortes de mulheres dentro de suas casas, com violência doméstica e por motivação de gênero.
O estado do Piauí registrou 58% das mortes de mulheres como feminicídio, “que é a estatística esperada pelos especialistas”, disse a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz Samira Bueno. “É a primeira vez que conseguimos computar os dados de mortes por sexo”, acentua.
Policiais mortos
A letalidade das polícias nos estados brasileiros aumentou 25,8% em relação a 2015: 4.224 pessoas foram mortas em decorrência de intervenções de policiais civis e militares. Segundo a pesquisa, quase a totalidade das vítimas é homem (99,3%), jovem (81,8%), tem entre 12 e 29 anos e é negra (76,2%).
O número de policiais mortos também aumentou 17,5% em relação a 2015: 437 policiais civis e militares foram vítimas de homicídio em 2016. A maioria das vítimas também é negra: 56%, contra 43% de brancos; além disso, em 32,7% dos casos elas têm de 40 a 49 anos.
Latrocínios
No item de latrocínios - roubo seguido de morte – o estudo mostra que o Brasil teve 2.703 ocorrências em 2016, um crescimento de 50% em comparação com 2010.
As maiores taxas estão em Goiás, com 2,8 mortes por 100 mil habitantes, e em dois estados da região Norte: Pará e Amapá.
Adolescentes e escolas
O Anuário traz ainda o número de adolescentes cumprindo medidas socioeducativas: 24.628 em 2014, sendo 44,4% por roubo e 24,2% por tráfico de entorpecentes. Pela pesquisa, 40% das escolas não possuem esquema de policiamento para evitar violência em seu entorno e 70% dos professores e diretores presenciaram agressão física ou verbal entre os alunos.
Carros e armas
O estudo aponta ainda que um carro foi roubado ou furtado por minuto no Brasil, totalizando 1.066.674 veículos subtraídos entre 2015 e 2016.
E revela que diminuiu foi a apreensão de armas: houve queda de 12,6% e, no total, 112.708 foram apreendidas em 2016. Segundo Elissandro Lotin, que integra o Fórum, “na maior parte dos homicídios, o assassino usou armas legais produzidas no Brasil. Então, não é só uma questão da fronteira”, declarou.
Força Nacional
Outro dado do 11º Anuário é que em 2016 houve aumento de 292% no número de profissionais da Força Nacional mobilizados em ações pelo país. Os gastos também saltaram de R$ 184 milhões para R$ 319 milhões, em 2016.
Apesar disso, houve redução de 30,8% nos gastos com o Fundo Nacional de Segurança Pública, queda de 63,4% nos gastos com o Fundo Nacional Antidrogas e aumento de 80,6% nos recursos do Fundo Penitenciário Nacional.
Sobre o Anuário
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública foi concebido com o objetivo de suprir a falta de conhecimento consolidado, sistematizada e confiável no campo. Ele compila e analisa dados de registros policiais sobre criminalidade, informações sobre o sistema prisional e gastos com segurança pública, entre outros recortes introduzidos a cada edição.
(Por Gil Maranhão. Agência Política Real, com informações do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Edição: Genésio Jr.)