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- Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 08:13:27
(Recife-PE) Nomeado ministro da Cidadania, o DNA de João Roma Neto é 100% pernambucano. De estilo macielista, ingressou adolescente nos movimentos estudantis no Recife. Foi presidente da Frente Jovem do PFL, após a criação do Partido da Frente Liberal, dissidência aberta por Marco Maciel e Aureliano Chaves em apoio à candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República, alternativa para barrar a chegada de Paulo Maluf ao Planalto na eleição indireta do Congresso em 1985. João é descendente do revolucionário Padre Roma, que liderou o movimento separatista de 1817 em Pernambuco.
Já seu avô, João Roma, foi prestigiado deputado federal. Ao abandonar a política, se estabeleceu na vida com um famoso cartório no Recife, com o seu próprio nome. “Herdei de vovô Roma não só o nome, mas os exemplos, o gosto e a vibração pela política. Vovô foi um destacado político e uma referência para várias gerações de homens públicos”, diz o novo ministro, que vai cuidar, dentre outros programas, do Bolsa-Família.
“Através do meu avô, acrescenta ele, convivi muito cedo com personagens de destaque e pude participar, muitas vezes, dos bastidores de suas articulações. Inspiração viva em minha trajetória, vovô atuou intensamente na política pernambucana. Popularmente conhecido como Diabo Loiro, foi deputado federal por três vezes, secretário de Segurança Pública no Governo Barbosa Lima Sobrinho e secretário de Justiça do ex-governador Paulo Guerra”.
O ministro é paixão ardente pelo avô. “Tenho verdadeira admiração por sua história e um enorme orgulho pelo convívio, cumplicidade e carinho que desfrutamos. Sempre tive uma relação muito forte com os meus avós, uma relação de muita devoção, aprendizados e, acima de tudo, cuidados. No início da minha adolescência, mudei para a casa de vovó Clarice e vovô Roma, que nessa época estavam doentes, e lá permaneci até o fim das suas vidas”, relembra.
Para acrescentar: “Nesse período, era frequente a permanência em hospitais, além de muitas decisões traumáticas. Foi uma gratificante oportunidade ter cuidado deles no momento em que mais precisaram, nos mínimos detalhes, desde levantar para ir ajudar num banho ou acordar à noite para mudar eles numa posição na cama. Agradeço muito a Deus por ter tido a sorte de dar o melhor de mim nessa missão e, sempre que me recordo dos meus avós, em meu coração sinto a sensação de dever cumprido”.
TRAJETÓRIA – O novo ministro foi assessor do Governo de Pernambuco entre 1991 e 1994, durante gestão de Joaquim Francisco. Entre 1995 e 1998, atuou na esfera federal, na administração de Fernando Henrique Cardoso, como assessor do Ministério da Administração e Reforma do Estado. Ainda na administração federal, foi delegado do Ministério da Cultura para o Nordeste, entre 1999 e 2002, e chefe do escritório da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em Salvador entre 2002 e 2004. Nesse tempo, foi eleito, em maio de 2003, membro da direção executiva nacional do então PFL como presidente nacional do PFL Jovem.
NO ATAQUE – A indicação de Roma Neto foi criticada pelo ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que usou suas redes sociais para insinuar que ACM Neto, padrinho político do novo ministro, havia feito o partido perder sua independência em relação ao governo em troca da nomeação ministerial de um próximo. Nada obstante, ACM Neto negou a acusação e também usou suas redes sociais para criticar a indicação, alegando ser lamentável que Roma tivesse aceito o ministério.
ACM RETALIA – Segundo o presidente do DEM, ACM Neto, Roma estaria trilhando um caminho próprio ao consentir em integrar o Governo Bolsonaro. “Se a intenção do Palácio do Planalto é me intimidar, limitar a expressão das minhas opiniões ou reduzir as minhas críticas, serviu antes para reforçar a minha certeza de que me manter distante do governo federal é o caminho certo a ser trilhado, pelo bem do Brasil”, disse ACM. Os aliados históricos de João Roma desfizeram algumas alianças em sua base de sustentação na Bahia. Na mesma semana da indicação, um dos secretários da gestão de Bruno Reis (DEM) - o novo prefeito de Salvador - foi exonerado devido às suas ligações com o novo ministro da Cidadania.
FÓRUM DA VACINA – O Fórum dos Governadores do Brasil tem encontro, hoje, com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para discutir medidas de combate à pandemia de covid-19. O encontro foi anunciado pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT). Eis os tópicos na pauta: cronograma de entrega de vacinas até abril; avanço das negociações para adquirir doses da Sputnik V e da Covaxin; sanção da medida provisória dá cinco dias para que a Anvisa autorize o uso emergencial de vacinas contra covid-19 que já tenham aprovação internacional; pagamento de UTIs exclusivas para pacientes com covid-19 e ampliação da demanda; medicamentos em falta ou que os preços subiram de forma abrupta.
NUNCA MAIS – O ministro Gilmar Mendes usou as redes sociais, ontem, para rebater o ex-comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas. Mais cedo, o militar ironizou a reação do ministro Edson Fachin, que subiu o tom contra uma declaração dita por ele há três anos. “A harmonia institucional e o respeito à separação dos poderes são valores fundamentais da nossa república. Ao deboche daqueles que deveriam dar o exemplo responda-se com firmeza e senso histórico: Ditadura nunca mais!”, escreveu Gilmar.
CURTAS
SEMENTES – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o novo diretor do IPA, ex-deputado Kaio Maniçoba, garantiu que até o fim desta semana os trabalhadores rurais do Sertão do Pajeú começam a receber sementes de milho e sorgo para plantio, aproveitando o período das chuvas que começam a cair na região. Em dois dias, só entre Afogados da Ingazeira e Tabira, berços do Pajeú, choveu mais de 200 milímetros, sinal de que a invernada promete.
MENSAGEM – Também no mesmo programa de ontem, o novo ministro da Cidadania, João Roma Neto, prometeu dar um tratamento digno à pasta, olhando para os que mais necessitam, com destaque para os menos favorecidos no Norte e Nordeste. “Darei tudo de mim para fazer o melhor possível”, disse.
Perguntar não ofende: Quando Bolsonaro virá, enfim, a Pernambuco para entregar obras?