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  • Contato Brasil, 23 de abril de 2024 14:26:55
Magno Martins
  • 16/02/2021 08h01

    Mais lenha na fogueira

    Levantamento da mídia indica que o registro de diagnósticos aumenta depois de feriados, quando pessoas se reúnem em maior número apesar das recomendações de distanciamento socia

    Ministro Ramos( Foto: Arquivo do colunista)

    (Recife-PE). No momento dramático da saúde nacional, em que os casos de mortes pela covid aumentam drasticamente, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, deu a sua ajudinha no debate em certos momentos até histéricos sobre distanciamento social. Em entrevista à Globo News, com grande repercussão em outros veículos, disse que a orientação para o distanciamento social, chamada por ele de “fique em casa”, foi um “erro” mundial.

    A declaração vai de encontro ao que apontam dos dados, que mostram aumento dos contágios depois do relaxamento das medidas de distanciamento, como nos dias posteriores a datas comemorativas. “A gente começou a ver as notícias da Itália de idosos serem encontrados mortos nas casas, o tal do fique em casa que foi um erro, na Espanha. Então, é uma doença que, desde o seu início, ainda não se tem até a data de hoje um completo conhecimento”, afirmou.

    O ministro disse que não se sabia a gravidade da pandemia em seu começo e minimizou os erros cometidos pelo Governo: “Podem ter sido cometidos, porque perfeito só Deus”, afirmou. Para Ramos, a pandemia seria comparada a um tsunami no Rio de Janeiro: algo que o País também não estaria preparado porque não é comum. O Brasil é o 3º País com mais casos de covid-19. Mais de 9 milhões já foram infectados.

    Levantamento da mídia indica que o registro de diagnósticos aumenta depois de feriados, quando pessoas se reúnem em maior número apesar das recomendações de distanciamento social. A análise compara a média móvel de novos casos nas datas comemorativas e depois de duas semanas. Especialistas afirmam que existe uma maior probabilidade de transmitir o vírus em até 14 dias após ser infectado.

    APROXIMAÇÃO – O ministro negou na entrevista que tenha havido uma aproximação do governo de Jair Bolsonaro aos partidos de centro, grupo chamado de Centrão. Ele definiu o movimento como um “amadurecimento”. Também afastou o Executivo da vitória dos novos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ambos com o apoio do governo. “Não houve aproximação com o Centrão. A pessoa vai vendo a importância da conciliação. O presidente verificou a necessidade de fazer uma composição para que pudesse lhe dar tranquilidade nas votações das pautas para o Brasil. Aí chamam isso de aproximação do Centrão. Eu chamo de um amadurecimento político que está dando resultados”, assinalou.

    NO ATAQUE – Em relação ao decreto que aumentou o direito do povo brasileiro de se armar, o presidente Bolsonaro usou a estratégia futebolística de que a melhor defesa é o ataque. “O povo tá vibrando com os decretos para facilitar o acesso a armas de fogo”, afirmou. Segundo ele, a medida desburocratiza procedimentos, aumenta clareza sobre regulamentação, reduz discricionariedade de autoridades e dá garantia de contraditório e ampla defesa. Entre as principais mudanças está o aumento no número máximo de armas que cada cidadão pode ter. Também, a quantidade máxima de munição que pode ser comprada por ano.

    REAÇÃO CONTRÁRIA – Nem todo mundo concorda com Bolsonaro. O 1º vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), diz que Jair Bolsonaro extrapolou seus poderes ao editar quatro decretos facilitando acesso a armas e munições. “Mais grave que o conteúdo dos decretos relacionados a armas editados pelo presidente é o fato de ele exacerbar do seu poder regulamentar e adentrar numa competência que é exclusiva do Poder Legislativo”, escreveu Marcelo Ramos em sua conta no Twitter.

    EM PÉSSIMAS MÃOS – A articulação do Palácio do Planalto com o Centrão para controlar o Congresso levou à cúpula da Câmara e do Senado parlamentares com extensa folha de pendências com a Justiça. Dos 14 integrantes das Mesas Diretoras de ambas as casas (presidente, vices e secretários), oito respondem ou são investigados por crimes diversos que vão de estupro e recebimento de propina até contratação de funcionários fantasmas e fraude em licitação. Todos foram alçados às funções pelos colegas parlamentares e com uma ajuda extra do presidente Jair Bolsonaro.

    FICHA LIMPA – Na Mesa Diretora do Senado, a exceção é o presidente Rodrigo Pacheco. Aos 44 anos, tem uma ascensão meteórica, sem o chamado rabo preso, verdadeiramente ficha limpa, até que se prove o contrário. Antes do atual mandato de senador, teve apenas um outro, de deputado federal. É proveniente da advocacia. Costumava frequentar tribunais não como réu, mas como advogado deles. Atuou em crimes variados, de homicídio a corrupção. No escândalo do mensalão, defendeu o ex-diretor do Banco Rural, Vinicius Samarane.

    CURTAS

    EXPULSÃO – Um vereador Severino Pereira, o Biino, do Democratas de Tracunhaém, foi preso em flagrante após atirar contra uma mulher, de acordo com a Polícia Civil. O crime ocorreu na BR-408, em frente a um bar, segundo a corporação. O caso também começou a ser apurado pelo DEM, que pode expulsá-lo da legenda. Por meio de nota, a defesa do vereador informou que, no momento do crime, Severino estava com a esposa e os funcionários no frigorífico dele.

    CARA DE PAU – Enquanto seu chefe, o deputado federal Carlos Veras (PT), condena o comportamento do presidente Bolsonaro ante à pandemia e agora pelo andar da carruagem da vacina, Flávio Marques, que disputou a Prefeitura de Tabira bancado pela estrutura da Prefeitura e perdeu feio, está sendo obrigado a dar explicações como promotor de eventos de aglomeração no último fim de semana de um feriado de carnaval disfarçado. As imagens estão no seu próprio Instagram e são incontestáveis.

    Perguntar não ofende: Depois de tanta roubalheira, o presidente ainda vai liberar dinheiro da covid para estados e municípios?


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