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  • Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 07:49:19
Magno Martins
  • 09/02/2021 08h39

    Só os sonhos são grandes

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    Rodrigo Maia em momento de emoção( Foto: Arquivo do colunista)

    (Recife-PE) Ao ler, ontem, a entrevista bombástica do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no jornal O Valor, na qual ataca a cúpula do DEM e se despede da legenda sem comunicar previamente aos seus velhos aliados, pelo tom ácido de profunda decepção me veio à lembrança uma constatação verdadeira e cristalina da relação humana, de autoria de Bob Marley: “Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas. O tempo passa e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!”.

    Nelson Rodrigues, um dos maiores frasistas na versatilidade política e do quotidiano, dizia que se negava a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral.  Também é dele o ensinamento de que toda unanimidade é burra. Maia imaginava ser unanimidade no DEM, partido que militou a vida inteira. Só esqueceu de ler Nelson Rodrigues, para quem qualquer político é mais importante que toda a Via Láctea.

    Maia conviveu num serpentário e só descobriu que estava em meio das cobras quando já havia sido picado pelo veneno da traição. Vivia entre beijos e abraços com ACM Neto, o herdeiro político de Toninho Malvadeza, que reinou na Bahia fazendo mais o mal do que o bem. Não atinou, porém, já tão calejado na vida pública, que as pessoas que mais gostamos são as que mais nos decepcionam, pois pensamos que são perfeitas e esquecemos que são humanas.

    Maia chorou copiosamente na despedida de mandatário da Câmara ao discursar após a eleição do seu sucessor, o alagoano Arthur Lira (PP). Foi um derramar de lágrimas quase incontido, certamente contagiado pelo sentimento de que a maior decepção é aquela que vem de quem nunca esperamos. Ele confiava cegamente em ACM Neto, imaginava que tinha o poder de influenciar não apenas o presidente do seu partido, amigo do peito, mas toda a bancada.

    O resultado é que, abertas as urnas, a grande maioria dos democratas cravou o voto em Lira. Para Maia, o movimento conduzido pelo presidente do DEM, de aproximar o partido ao Governo Bolsonaro, faz com que a legenda retome sua origem de direita ou extrema-direita e afastará o apresentador Luciano Huck. “Foi um processo muito feio do Neto e do Caiado. Ficar contra é legítimo, falar uma coisa e fazer outra não. Falta caráter, né”, disse.

    Às vezes, para consolo de Maia, é preciso uma decepção para aprender que a vida não é feita apenas de alegria, e sim de tentativas. Já ouvi, mas não tenho certeza do autor, que a ilusão da política é pior do que a do amor. Talvez Maia esteja tão pra baixo porque, provavelmente, para ele o amor não machuca. O que machuca, na verdade, é a traição, a mentira e a decepção.

    Linhagem tucana – O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que já convidou formalmente o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para entrar no PSDB. Maia disse que vai analisar a proposta e que não tomará essa decisão imediatamente. "Recebi a visita (de Rodrigo Maia) em minha residência e o convidei (a se filiar). Ele vai analisar. Essa não é uma decisão que ele vai tomar de imediato. Ficou claro para mim que ele deixará o DEM. Nos próximos dias ou semanas teremos a posição dele", disse Doria em entrevista coletiva, ontem, no Palácio dos Bandeirantes.

    No mesmo tom – O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), saiu em defesa do comando do DEM pelas redes sociais. Disse que Rodrigo Maia, “infelizmente”, sofre de uma “síndrome” que acomete “pessoas que não aceitam deixar o poder”, e que suas críticas ao DEM são passíveis de “internação hospitalar”. “Depois de ter sido eleito por três vezes, Rodrigo achou que era proprietário das decisões de todos os deputados do Democratas e dos demais da Câmara. Ao reagir desta maneira, desrespeitou toda a bancada de um partido que sempre lhe apoiou”, atacou.

    BB mantém cortes – O Banco do Brasil confirmou, ontem, a demissão de 5.533 funcionários após o fim das etapas de manifestação voluntária de interesse por desligamento incentivado no Programa de Adequação de Quadros (PAQ) e do Programa de Desligamento Extraordinário (PDE). Lá atrás, o anúncio levou o presidente Bolsonaro a um embate com o então presidente do banco, André Brandão. Irritado, Bolsonaro fez chegar a público que pedira a cabeça de Brandão. E as ações do BB tombaram coisa de 5%. A turma do deixa disso convenceu Bolsonaro de que seria pior aumentar sua interferência na empresa. Agora, o BB leva adiante o plano das demissões. Os cortes vão gerar uma economia líquida de R$ 2,7 bilhões até 2025.

    Auxílio prorrogado – O presidente Bolsonaro disse, ontem, “achar” que o auxílio emergencial será prorrogado. O programa foi criado em abril para mitigar os efeitos da pandemia entre os brasileiros mais pobres. Distribuiu, em parcelas de R$ 600 e depois R$ 300, quase R$ 293 bilhões a 67,9 milhões de beneficiários. Mesmo levantando a possibilidade, Bolsonaro não detalhou a prorrogação, e evitou especular valores. “Acho que vai ter, vai ter uma prorrogação. Foram 5 meses de R$ 600 e 4 meses de R$300. O endividamento chegou na casa dos R$ 300 bilhões. Isso tem um custo. O ideal é a economia voltar ao normal”, afirmou.

    Visão do relator – Do deputado Silvio Costa Filho (Republicanos), relator do projeto que dá autonomia ao BC, ontem, no Frente a Frente: “É papel do Banco Central defender a nossa população de aumentos de preços, que afetam os mais pobres, ainda muito mais do que aqueles mais favorecidos. É precisamente em defesa dos cidadãos mais pobres e desfavorecidos que uma política severa de combate à inflação se faz necessária. Nesse sentido, um banco central autônomo é seguramente mais eficiente na busca de baixa inflação”.

    CURTAS

    UVP DIVIDIDA – Pré-candidatos da oposição à presidência da União dos Vereadores de Pernambuco (UVP) se encontram, hoje, em São Caetano, pela manhã, para tentar chegar a um candidato consensual, capaz de derrotar o atual presidente Josinaldo Barbosa, postulante a mais uma reeleição. Difícil será encontrar quem abra mão. Por baixo, já estão no páreo mais de seis candidatos, o que só favorece Josinaldo.

    AMUPE UNIDA – Já na Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), o verbo conjugado é unidade, em torno da recondução do presidente José Patriota (PSB). Mesmo na condição de ex-prefeito de Afogados da Ingazeira, o socialista pode tentar mais um mandato. Em sua atual gestão, o estatuto da entidade foi mudado, permitindo que ex-gestores possam ser eleitos.

    Perguntar não ofende: João Roma (BA) ou Hugo Mota (PB), qual nordestino do Republicanos vai assumir o Ministério das Cidades?

     

     


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