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- Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 09:33:43
(Recife-PE) Além da acachapante derrota imposta ao bloco da oposição, o novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tomou uma decisão, ontem, logo após proclamado eleito, que humilhou politicamente o agora ex-presidente presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), anulando os efeitos do bloco partidário criado por Maia que definiu a ocupação dos cargos na Mesa Diretora com base na proporcionalidade dos partidos na Casa.
Isso implica, na prática, na anulação da votação dos demais cargos de direção. O partido mais prejudicado foi o PT, a quem coube, pelo bloco definido por Maia, a Primeira-Secretaria, tendo sido indicada a pernambucana Marília Arraes, que já festejava sua vitória. Marília enfrentou as bravatas do PT, que não queria seu nome, e saiu da condição de candidata avulsa à oficial, bancada pelo grupo e não pelo PT.
Hoje, pela decisão de Lira, haverá uma grande rearrumação das indicações partidárias e é muito provável que Marília não tenha a oportunidade de disputar mais a Primeira-Secretaria, que é, na prática, a Prefeitura da Câmara, com o poder de decisão em cima de um orçamento da ordem de R$ 6,2 bilhões. Pela decisão de Lira, o bloco de Maia que deu ao PT a Primeira-Secretaria está dissolvido.
Para um bom entendedor, o primeiro ato de Lira foi uma vingança em cima de Rodrigo Maia, que montou o bloco de forma autoritária para beneficiar a candidatura de seu aliado Baleia Rossi, do MDB de São Paulo, que teve apenas 145 votos ante 302 do novo presidente da Casa.
Tão logo sentou na cadeira de presidente da Câmara, amparado por uma consagradora votação, Arthur Lira deslanchou alguns dos últimos atos de um combalido Rodrigo Maia. Maia desconsiderou nas suas últimas decisões eleitorais o regimento da Casa, admitindo a formação de um bloco parlamentar além do prazo e desconsiderando as questões de ordem levantadas sobre isso.
Lira mostrou que não está disposto a fazer concessões extra-legais ao grupo derrotado, determinou o retorno da situação ao limite do prazo legal, abolindo os atos arbitrários de Rodrigo Maia e abriu novos prazos para que todos os cargos da mesa sejam preenchidos rigorosamente de acordo com o Regimento da Casa.
O destino de Maia – O fim da era Rodrigo Maia no comando da Câmara ocorre em um momento de dilema vivido pelo deputado. A dúvida é se ele deve sair do DEM, partido agora dominado por lideranças cooptadas pelo governo. Nos últimos dias, ele e o presidente Jair Bolsonaro travaram queda de braço na disputa pelo controle da Casa. A legenda decidiu abandonar a campanha de Baleia Rossi (MDB-SP) e apoiar o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), eleito presidente. Se permanecer na legenda, o parlamentar de 50 anos, quase cinco deles no comando da Câmara, será mais um congressista, avaliam aliados. Fora, Maia será cobiçado por outras legendas e terá condições de se tornar um player influente do campo oposicionista no processo sucessório de 2022.
Ducha fria – Em meio à eleição de renovação das mesas do Senado e da Câmara, o que não faltou, ontem, em Brasília, foi especulação em torno da reforma ministerial. Um dos mais fortes rumores davam conta da escolha de um nome do DEM para o Ministério da Educação. A maior aposta recaia no nome do deputado João Roma, democrata baiano, ligado ao presidente nacional do partido, ACM Neto. Mas o próprio ACM jogou uma ducha fria no disse me disse ao afirmar que não indicaria sequer um porteiro para o Governo Bolsonaro.
Clube dos riquinhos – Uma socialite de Brasília cuidou de observar com acuidade o guarda-roupa dos parlamentares integrantes do chamado baixo clero que circulavam com desenvoltura ontem no Salão Verde da Câmara durante a sessão de votação e eleição da nova mesa diretora da Casa. Num país de miseráveis, segundo o IBGE são 27 milhões, vários deles exibiam sapatos da linha Salvatore Ferragamo, que custam a bagatela de quase R$ cinco mil. Que País é este, meu Deus!
O chorão – No discurso de despedida da Câmara dos Deputados, ontem, depois de três mandatos, o agora ex-presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) chorou feito bebê. Sai deste processo eleitoral do Congresso como anão político, o maior derrotado. Bancou uma aventura para confrontar o presidente Bolsonaro e se deu muito mal. Não conseguiu sequer transferir os votos da bancada do seu partido para Baleia Rossi, candidato que bancou para seu infortúnio.
CURTAS
CIRURGIA – O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, saiu direto de Alagoas, sexta-feira passada, após a visita do presidente Bolsonaro, para o Recife, para se submeter a uma cirurgia de emergência na arcada dentária. E só ontem regressou a Brasília para cumprir sua agenda, que começa às 7 da manhã e vara a madrugada.
BAGUNÇA – Em Brasília desde sexta-feira passada, para cobrir a eleição na Câmara e no Senado, percebi que o Governo do Distrito Federal descuidou na prevenção à Covid-19. Vi restaurantes apinhados de clientes, uns até com fila. Inferninhos com jovens sem máscaras, dançando ao ar livre e até motoristas de Uber sem máscaras.
Perguntar não ofende: A reforma ministerial é para já ou Bolsonaro dará um tempo?