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- Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 09:47:31
(Recife-PE) Quando governou Pernambuco, especialmente pela terceira e última vez, depois de ser cassado no primeiro mandato, o tarimbado e sabido Miguel Arraes, bisavô do prefeito do Recife, João Campos (PSB), não se envolvia diretamente na nomeação de auxiliares. Só tirava a caneta do tinteiro depois que um grupo de olheiros bisbilhotava a vida dos indicados.
O antigo SNI, hoje ABIN, cuida em Brasília de levantar a vida de nomes indicados para o Ministério e até estatais, para checar se tem algum indicado sem condições de levantar uma ficha corrida na polícia. Se estivesse assessorado por uma gente mais experiente e não menudos, certamente João Campos não teria nomeado José Manoel da Silva para presidir a Fundação de Cultura da Cidade do Recife.
Carimbar o passaporte para cargos, por menos importantes que sejam, exige de quem assina um mínimo de critérios. Não se pode confiar cegamente em secretários que já chegam com o prato pronto. O secretário de Cultura, Ricardo Melo, foi desonesto com o prefeito. Fez João bancar o dirigente de um órgão que cuida da política cultural da cidade que lá, atrás, chamou o pai dele, Eduardo Campos, de corrupto, Paulo Câmara “governador de merda” e Geraldo Júlio de “pior prefeito do Recife”.
Melo foi desleal na medida, também, que não passou ao prefeito e amigo pessoal a ficha de José Manoel, ativista político de esquerda, que antes de virar presidente da Fundação de Cultura matava o ócio nas redes sociais malhando os governos socialistas de Pernambuco, desde a sua implantação pelo ex-governador Eduardo Campos aos dias atuais capitaneados por Paulo Câmara, cria de Eduardo.
Com sua deslealdade jogou no colo de João a primeira crise da sua gestão em menos de 30 dias, que não será debelada apenas pela anulação do ato de nomeação de José Manoel. Se quiser se livrar desse fantasma que bateu à porta do seu Governo, o prefeito será obrigado a demitir, também, o secretário de Cultura.
O nanico Maia – A já certa derrota de Baleia Rossi, candidato do MDB à presidência da Câmara, em eleição marcada para a próxima segunda-feira, não será nefasta apenas para o deputado paulista. Trará consequências danosas ao atual presidente da Casa, Rodrigo Maia, que não está conseguindo sequer levar para Baleia o conjunto dos votos da bancada do seu partido, o DEM, que tende a votar, em sua grande maioria, em Arthur Lira (PP-AL), candidato governista. Maia vai sair menor do que entrou e terá que se refugiar em São Paulo como secretário de Dória.
O placar – Ex-líder do PSD na Câmara dos Deputados, o pernambucano André de Paula prevê, por baixo, 280 votos para Arthur Lira. Para ser eleito, o parlamentar alagoano só necessita de 257 votos, mas já há quem estique mais essa corda, chegando a 310 votos, como é o caso do deputado Felipe Carreras, eleitor do candidato do Planalto, reincidente nas decisões de fechamento de questão da bancada do PSB.
O Pinóquio – O deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato a presidente da Câmara, disse, ontem, em Brasília, que Arthur Lira (PP-AL) e seus aliados têm “mentido muito” sobre os apoios que têm. Lira é o principal adversário de Baleia na disputa pela presidência da Casa. Ele deu as declarações na Câmara antes de participar de evento da Frente Parlamentar Mista Ética Contra a Corrupção. “Vejo um desespero dos adversários tentando criar factoides. Quem está tranquilo com a eleição não precisa mentir. E os nossos adversários estão mentindo muito. Isso é sinal de desespero”, declarou.
A independente – A senadora Simone Tebet (MDB-MS) confirmou, ontem, ao final da tarde, que concorrerá de forma independente à presidência do Senado. O líder do MDB no Senado, senador Eduardo Braga (MDB-AM), havia dito ao Poder360 mais cedo que a até então candidata do partido à presidência da Casa deveria seguir sozinha. Tebet não conseguiu o apoio integral da bancada do MDB. Segundo Braga, ela tem de 8 a 10 votos dos colegas, que são 15 no total. Ele negou, entretanto, que o movimento seja um desembarque da sigla da campanha da senadora.
Só no estadual – Em entrevista ao Frente a Frente, que vai ao ar, hoje, o deputado Carlos Veras, do grupo de Humberto Costa, praticamente confirmou que o senador será o candidato do PT ao Governo do Estado em 22. “Se ele topar, terá o apoio do partido e o meu entusiasmo”, disse. Veras falou também do rompimento da aliança do PT com o PSB, mas não condenou a nomeação de petistas para a gestão de João Campos, como ex-vereador Marcelo Santa Cruz, de Olinda. “O rompimento se deu em nível estadual e não municipal”, avaliou. Dá para entender?
CURTAS
DINHEIRAMA – Diante da disputa pelos comandos da Câmara e do Senado, o Governo Bolsonaro abriu o cofre e destinou R$ 3 bilhões para 250 deputados e 35 senadores aplicarem em obras em seus redutos eleitorais. O dinheiro saiu do Ministério do Desenvolvimento Regional, segundo trouxe ontem em primeira mão o jornal O Estado de São Paulo.
TÁ NA RUA – O vice-presidente Hamilton Mourão vai demitir o chefe de sua assessoria parlamentar, Ricardo Roesch Morato Filho. O funcionário está de férias e, segundo o Estadão apurou, não retornará às funções no Palácio do Planalto. A demissão foi decidida após o site O Antagonista mostrar mensagens trocadas entre o servidor e o chefe de gabinete de um deputado. A conversa teria relação com articulações no Congresso para um futuro impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Perguntar não ofende: O secretário de Cultura do Recife, Ricardo Melo, é o ator principal do filme “Dormindo com o inimigo”?