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- Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 09:29:46
(Recife-PE) Localizada nos arredores de uma montanha literalmente talhada, onde Lampião se escondia das tropas de choque da polícia, os “macacos”, na sua denominação, Serra Talhada, a 415 km do Recife, caiu na graça dos investidores. Virou, em apenas dois anos, a grande vedete da economia nordestina, vetor de desenvolvimento regional, em plena harmonia entre a indústria, a tecnologia, a saúde e o saber.
Criou, também, as bases sólidas em infraestrutura para disputar em igualdade de condições com a sua grande concorrente no semiárido pernambucano, a já afamada Petrolina, a Califórnia brasileira, capital do São Francisco, maior centro de produção de uva e vinho do Nordeste. Agamenon Magalhães, que já se foi, e Inocêncio Oliveira, que continua atuando discretamente na política, gente afamada por lá, nunca imaginaram que o chão seco de onde brotaram virasse a página da indústria da seca e da violência, o cangaço urbano.
Sim, depois de Lampião, havia um homem que matava muita gente em Serra Talhada: Vilmar Gaia. Como o rei do cangaço, fez derramamento de sangue em todo Sertão, marcando a cidade, como se ferra um boi, pelo símbolo da violência. Mas hoje os tempos são outros. Tempos construídos pela obstinação e a persistência do ex-prefeito Luciano Duque, uma ave rara petista no Pajeú que deu certo, filho de João Duque, empresário rico e afamado na região.
Com Duque, Serra Talhada saiu de patinho feio e virou a namoradinha do empresariado: atraiu duas grandes redes de supermercados - Assaí e Atacadão. Seu comércio pujante plantou as sementes de um shopping, já inaugurado, e na área de infraestrutura ganhou um aeroporto, com voos diários para o Recife pela Azul Linhas Aéreas. Em breve, a rede hoteleira ganha um plus, com a marca Ibis (imagem acima que ilustra a coluna).
Tem mais: Serra Talhada é, hoje, o segundo maior centro universitário do Sertão. São oito instituições de ensino superior, entre as quais uma de Medicina, mantida pela UPE – Universidade de Pernambuco. Na área de saúde, consolidou sua posição, uma marca já antiga, de 4º polo médico do Estado, com vários hospitais, prontos-socorros, maternidades e clínicas particulares. Está em fase de conclusão um hospital regional, com heliporto.
A namoradinha do PIB pernambucano alavanca, também, o turismo na sua cidade-irmã Triunfo, oásis em pleno Sertão, com temperatura média de 18 graus, chegando a 10 graus no inverno. Com os voos diários entre Recife e Serra, os que sonhavam em desfrutar do frio gostoso de Triunfo e suas atrações do turismo ecológico, como as cachoeiras e o Pico do Papagaio, 1.185 metros de altitude acima do nível do mar, onde se vê, a olho nu, cidades vizinhas entre Pernambuco e Paraíba.
MAIOR ATACADISTA - Com um investimento de R$ 40 milhões e a geração de 460 empregos diretos, o Assaí Atacadista, rede de atacado de autosserviço do GPA (antigo Grupo Pão de Açúcar), começou a funcionar em Serra Talhada no primeiro semestre de 2019. Oferece mais de sete mil itens de grandes marcas nacionais e importadas de alimentos, perecíveis (carnes, peixes, queijos, etc), higiene, bebidas e limpeza. A de Serra é a oitava unidade da rede no Estado, dentro do plano de expansão da rede, que cresceu 30% em 2020, taxa igual ao crescimento nacional.
CHEGOU ATACADÃO – Primeira entre as empresas do comércio varejista do Brasil, o Atacadão também está de vento em popa em Serra Talhada, com uma loja na BR 232, em frente à Tropical Piscinas. Disponibiliza uma diversidade de produtos para todas as necessidades de comerciantes, transformadores e consumidores finais, para compras em atacado ou varejo, além de alimentos em geral, frios e laticínios, hortifrúti fresquinho, conservas e enlatados, doces e biscoitos, higiene pessoal, limpeza, bazar, produtos para pets, automotivos e muitos outros itens.
SHOPPING SERRA – A exemplo de Petrolina, a capital do Xaxado, como também a cidade é conhecida, ganhou seu primeiro shopping, empreendimento com feição moderna e atrativa, investimento da ordem de R$ 30 milhões, gerando mais de 400 empregos diretos. O Shopping Serra Talhada representa uma mudança histórica para a cidade, com opções de compra e lazer também para municípios situados na sua área de influência expandida, que é de aproximadamente 500 mil habitantes.
OBRAS DO TERMINAL - Com dois voos diários para Serra Talhada saindo do Recife, em aeronaves com capacidade para apenas nove passageiros, a Azul pretende, em breve, fazer a rota com um avião maior, capacidade de 70 pessoas. Mas antes disso, o Governo de Pernambuco deveria tirar do papel as obras físicas do terminal de passageiros. Hoje, o aeroporto está improvisado num galpão, em condições precárias. O que se sabe é que já está no caixa de Paulo Câmara R$ 20 milhões para o terminal e ninguém dá um pio quanto ao atraso das obras do terminal.
SEM CONTINUIDADE – Radialista, empresário da comunicação, ex-presidente da Associação das Emissoras de Rádio e TV do Estado, Marcos Oliveira teve um papel importante também como secretário de Desenvolvimento na gestão Duque, atraindo o braço privado. “Nossa missão foi gerar empregos, criar um ambiente de negócio favorável para instalação de empresas no município. Com investimentos consolidados, Serra Talhada abriu mais de dois mil empregos diretos com Duque, mudando a sua matriz econômica”, diz Marquinhos, como é mais conhecido. Não se sabe lá as razões, mas a prefeita Márcia Conrado (PT), eleita por Duque, não o manteve na função.
CURTAS
REDE ÍBIS – A Rede Íbis comunicou aos empresários Marcelo e Murilo Duque, irmãos do ex-prefeito, proprietários do Shopping Serra Talhada, que seu plano de extensão no Nordeste contemplará a cidade que mais cresce, hoje, no Sertão do Pajeú. Investimento da ordem de R$ 10 milhões, a torre Ibis ficará localizada ao lado do shopping, dando, assim, mais suporte ao turismo de negócios na região.
FORA DO PT – Maior responsável pelo boom econômico que Serra Talhada vive, o ex-prefeito Luciano Duque é candidato a deputado estadual, mas sem a certeza de que disputará pelo PT. Está sendo sondado por vários partidos, entre os quais o PP, Republicanos e Podemos, com mais chances para a última legenda, comandada no Estado pelo deputado federal Ricardo Teobaldo.
Perguntar não ofende: O que o PT fará para segurar Luciano Duque na legenda?