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- Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 12:42:11
(Recife-PE) Um dia após a Anvisa dar o aval, a Coronavac, vacina chinesa produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantã, começou a chegar no País inteiro. Em Pernambuco, a imunização começou ontem mesmo, para um público específico: 90 mil profissionais de saúde, 26 mil indígenas, 2,6 mil idosos residentes em asilos e 130 deficientes com até 18 anos de idade. O efeito imediato é mais tranquilizador e acena, em breve, a depender da produção e do estoque, para a vacinação em massa.
Para esse público específico, um lote de 270 mil vacinas, correspondente à primeira e segunda fases, não deixa de ser um alento e tanto para quem imaginava que o mundo da ciência não avançasse tão rápido em busca da salvação de vidas diante da pandemia. Marco histórico, essa largada sinaliza para dias melhores, uma volta à rotina das nossas vidas interrompidas de forma abrupta, instalando a era do isolamento social e de crise na economia, com fortes efeitos e danos psicológicos.
Hoje, apenas 6 milhões de doses estão no País e com aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial. Serão usadas em três milhões de pessoas, pois a imunização exige duas etapas. A Anvisa também liberou a aplicação de dois milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, mas a data para importação do produto da Índia ainda é incerta.
Governadores cobraram, ontem, do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que a Coronavac já seja usada agora em seis milhões de pessoas, com apenas uma dose, mas o Ministério considera este plano arriscado, pois ainda não há garantia de que outro lote com o mesmo volume estará disponível a tempo da segunda aplicação.
A logística do Governo falhou, ontem, na distribuição com os Estados, mas há uma grande indagação, para não classificar de temor, quanto ao uso político da vacina quando chegar ao Interior: se não houver fiscalização, quem garante que não haverá privilégios, com a imunização de afilhados de prefeitos não incluídos no grupo determinado?
Largada – No evento de ontem, start oficial da vacina, os governadores conheceram os estoques do Ministério da Saúde. Em seguida, foram conduzidos até a Base Aérea de Cumbica para acompanhar, de perto, os primeiros embarques dos lotes de vacina. Vários aproveitaram o momento para tirar fotos perto dos aviões cargueiros da FAB que estavam sendo abastecidos com as vacinas. Ao todo, foram enviadas 44 toneladas do imunizante. "Este é um momento de esperança para a população", afirmou o governador Hélder Barbalho, do Pará, diante da câmera de seus assessores, perto do avião. As primeiras aeronaves começaram a sair por volta das 10h para Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
Pau em Dória – Governadores presentes à distribuição simbólica da vacina criticaram a iniciativa do governo paulista de iniciar a vacinação no domingo. “É um gesto que coloca os outros governadores em situação de segunda categoria. Um gesto que envolve a saúde pública não pode ser transformado em campanha eleitoral. A solidariedade precisa ser respeitada e não o foi ao se iniciar a campanha quando os outros governadores não tinham sequer vacina em seu Estado”, criticou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Reação em cadeia – O governador do Piauí, Wellington Dias (PT-PI), reforçou as críticas ao governo paulista. “Foi uma decisão ruim. O Programa Nacional de Imunização é um programa nacional, que envolve todos os Estados. Deveria haver igualdade entre todos”, afirmou. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), evitou comentar a aplicação da primeira dose em São Paulo. Por outro lado, ainda na reunião com os governadores, a chefe do Executivo estadual afirmou que "houve muito tumulto e descoordenação ao longo do período da pandemia.
Sem lockdown – Páginas amarelas de Veja, o ministro de Turismo, o pernambucano Gilson Neto, admite que pegou um grande abacaxi, o maior desafio da sua vida pública: “Estou assumindo o Ministério no pior momento possível. Posso prometer trabalho. Mas tudo vai depender de como será a pandemia. Aproveito para fazer um apelo aos governadores: o setor não aguenta outro lockdown. O empresário está com muito medo, não consegue se programar. De repente vem um decreto e põe tudo abaixo”. Gilson Neto mostrou amplo conhecimento do setor que dirige e fez muitos desabafos diante da pouca competitividade do Brasil, principalmente agora em tempos de pandemia.
CURTAS
VERGONHA – Ainda na entrevista, Gilson Neto criticou os que acham que o Brasil não é um grande destino turístico: “Acho que é desconhecimento, especialmente por parte das pessoas de maior poder aquisitivo. Sentir vergonha do Brasil é algo muito forte, porque o Brasil é o país mais bonito do mundo. Quem diz que sente vergonha do Brasil precisa se internar”.
POTENCIAL – Sobre a potencialidade dos Estados e regiões, o ministro disse o seguinte: “A que tem o maior potencial ainda é o Rio de Janeiro. É preciso resolver a questão da violência, outra prioridade do Governo, mas, quando você pensa em turismo na América Latina, a imagem que vem é a do Cristo Redentor. Para o estrangeiro, o Rio é a porta de entrada do Brasil”.
Perguntar não ofende: A vacina vai ser a grande temática das eleições presidenciais?