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  • Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 12:22:08
Magno Martins
  • 06/01/2021 07h30

    O País quebrou

    Um presidente da República não deveria nunca sair alardeando por aí que o País que ele mesmo governa está quebrado

    Bolsonaro e as suas( Foto: Arquivo do colunista)

    (Recife-PE) O presidente Bolsonaro parece que vive para se alimentar da polêmica. Três depois de mergulhar no litoral paulista e ser acusado de promover aglomeração no mar, ontem, em seu primeiro dia de trabalho do ano novo, afirmou que o Brasil está ''quebrado". Enfatizou que que não "consegue fazer absolutamente nada" e citou como exemplo as mudanças na tabela do Imposto de Renda.

    "O Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, tá, teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos, essa mídia sem caráter ", afirmou, dirigindo-se a um apoiador na saída do Palácio da Alvorada. A ampliação da isenção do IR é uma das promessas de campanha de Bolsonaro que nunca saíram do papel.

    Em 2019, ele chegou a retomar o assunto algumas vezes ao afirmar que a ampliação estava sendo estudada pelo Governo. Atualmente, quem ganha até R$ 1,9 mil por mês está isento de declarar o IR. Bolsonaro já chegou a dizer que gostaria de aumentar a isenção da tabela do IR para quem ganha até cinco salários-mínimos até o final de seu mandato (hoje, R$ 5,5 mil).

    A ideia, contudo, já enfrentava resistência da equipe econômica ainda em 2019, quando as contas do Governo não estavam afetadas pela crise do novo coronavírus. Na conversa com apoiadores, Bolsonaro também voltou a intensificar as críticas à mídia, que segundo ele, realiza um "trabalho incessante de tentar desgastar" o Governo. "Vão ter que me aguentar até o final de 2022, pode ter certeza aí", afirmou.

    Um presidente da República não deveria nunca sair alardeando por aí que o País que ele mesmo governa está quebrado. Muito menos para servir de justificativa para o fato de não ter cumprido uma promessa de campanha. O que vão achar os investidores que compram papéis de um Governo do qual o seu próprio presidente diz que está quebrado?

    É natural que comecem a cobrar cada vez mais para comprar os títulos da dívida brasileira. Ou seja, pode custar mais dinheiro para os contribuintes que o presidente promete ajudar com a correção da tabela do IRPF.

    Fala inoportuna – A fala do presidente é inadequada sob todos os aspectos. Mas é ainda mais perigosa no momento atual em que o Tesouro Nacional passou por meses de grande dificuldade para se financiar e tem pela frente um trabalho difícil para pagar uma montanha de dívida concentrada nos primeiros meses do ano e que já supera R$ 1,3 trilhão até o final de 2021. É ainda mais inoportuna depois da revelação de que o Brasil não honrou o pagamento da penúltima parcela de US$ 292 milhões para o aporte de capital no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), a instituição financeira criada pelos cinco países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

    Dívida não paga – O prazo para a quitação da parcela terminou no último dia 3 de janeiro e o Brasil agora está inadimplente com o banco que ajudou a fundar e é um dos acionistas. A equipe econômica não quer nem que se fale em calote com temor do estrago. Prefere dizer que é um atraso. No dicionário, porém, a definição de calote é dívida não paga. O sinal é ruim. Outros organismos multilaterais também não receberam, mas não há transparência nenhuma do Ministério da Economia para explicar o que aconteceu, qual o tamanho da dívida e a razão dela não ter sido paga.

    Pauleira – Tão logo a fala do presidente ganhou repercussão na mídia, os políticos passaram a reagir batendo duro nele. Presidente nacional do Cidadania, o ex-deputado Roberto Freire disse que o Brasil quebrou e está sendo afundado por causa do próprio Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Você, Bolsonaro, e o Guedes estão terminando de afundar a economia. Ao invés de choramingar, por que não vão cuidar de trazer a vacina para imunizar o povo?”, reagiu Freire.

    Adesão – O MDB negocia a entrada de dois novos senadores para sua bancada: Rose de Freitas, ex-Podemos, e Veneziano Vital do Rêgo, ex-PSB. As filiações ainda não foram concretizadas e os congressistas também receberam propostas de outros partidos. Caso o embarque no MDB seja concretizado, a sigla abriria vantagem como a maior bancada do Senado, com 15 integrantes. O panorama influencia diretamente na corrida eleitoral para a presidência da Casa, na qual o MDB já anunciou que terá candidato único. Disputará contra Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apadrinhado do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

    CURTAS

    MULTADO – O prefeito reeleito de Custódia, Emmanuel Fernandes de Freitas Góis, o Manuca, foi multado pelo Tribunal de Contas de Pernambuco, que julgou irregular documentação referente ao Relatório de Gestão Fiscal da Prefeitura Municipal de Custódia. Essa análise englobou os 1º, 2º e 3º quadrimestres do exercício financeiro de 2017. A Segunda Câmara considerou vários fatores, dentre eles, que a gestão municipal não promoveu medidas suficientes para o enquadramento das despesas com pessoal.

    VETO – O ex-prefeito de Salgueiro, Clebel Cordeiro, vetou integralmente o projeto que altera a estrutura administrativa da Câmara de Vereadores. Apresentado pelo então presidente da Casa, George Arraes, o PL extingue 15 cargos e cria a função comissionada de chefe de gabinete, com 15 vagas, permitindo que cada vereador nomeie livremente mais um assessor, com salário mensal de R$ 1.800.

    Perguntar não ofende: É correto o próprio presidente afirmar que o Brasil quebrou?

     


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