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  • Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 15:44:49
Magno Martins
  • 04/01/2021 09h04

    O limão e a limonada

    Oxalá não repita esse desempenho pífio como “vendedor” das vocações e potenciais do Estado

    Geraldo Júlio é empossado por Paulo Câmara( Foto: arquivo do colunista)

    (Recife-PE) De olho fixo no projeto de perpetuação no poder, o PSB de Pernambuco não esperou sequer romper o ano novo e já anunciou o local de despacho do seu candidato a governador, o agora ex-prefeito do Recife, Geraldo Júlio, a partir desta semana: a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Na sua estrutura está a gestão de Suape e por ela passam todos os investimentos privados do Estado.

    Para bombá-la, em tempos bicudos agudizados pela pandemia do coronavirus, é necessário um piloto que tenha, sobretudo, articulação política. Posto por indicação do próprio Geraldo, o antecessor Bruno Schwambach, que já se despediu, passa o cargo para o próprio padrinho sem deixar o saldo que se esperava dele como empresário bem-sucedido.

    Porque essa é uma tarefa que empreendedorismo rima com articulação política. E nessa seara, Schwambach não navega, não é do ramo, ilustre desconhecido. Daí, a razão da escolha de Geraldo pelo governador. Em oito anos à frente da Prefeitura, Geraldo, aquele que fez e fazia, segundo carimbou o ex-governador Eduardo Campos, não atraiu, entretanto, nenhum grande investimento para o Recife.

    Oxalá não repita esse desempenho pífio como “vendedor” das vocações e potenciais do Estado. Secretário de Desenvolvimento vende estrutura, negocia facilidades e, como bom gerente, barra a terrível burocracia, motivo maior do afastamento dos investidores que, nos últimos anos, se transferiram de Pernambuco para a Bahia e o Ceará, Estados que priorizam e tratam com pão de ló quem faz negócios e gera empregos.

    Mas Geraldo secretário é o Geraldo do palanque de governador em 22. Como tal, tem pela frente o grande desafio de fazer da pasta uma vitrine para não ser esquecido pela mídia nem deixar de pavimentar sua candidatura. O tutor Eduardo Campos, que o descobriu trabalhando para o então prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho, quando ministro da Ciência e Tecnologia, pasta que ninguém se destaca, fez do limão a limonada. O limão, Câmara já deu. Restará, com o tempo, Geraldo transformá-lo em limonada.

    DIVISIONISMO – Enquanto o PSB já definiu Geraldo candidato, a oposição caminha para cometer os mesmos erros do passado: exercitar o divisionismo, sinônimo de insucessos eleitorais. Já de largada, como pré-candidatos, aparecem na vitrine Fernando Bezerra e Miguel Coelho, pai e filho, nomes do MDB; Anderson Ferreira, prefeito reeleito de Jaboatão, pelo PL; e Raquel Lyra, prefeita reeleita de Caruaru pelo PSDB. Por ter se dividido mais uma vez, a oposição permitiu que o PSB continuasse dando as cartas na Prefeitura do Recife.

    EFEITO MUNICIPAL – Se depender do efeito das eleições municipais, o PSB não terá o céu de brigadeiro que imagina para emplacar Geraldo governador. Na Região Metropolitana, por exemplo, perdeu em Olinda, Cabo, Jaboatão e Igarassu. Nos grandes colégios eleitorais do Interior, sucumbiu em Caruaru, Petrolina, Palmares e Serra Talhada. Sai, aliás, de Caruaru ou Petrolina um dos prováveis adversários do PSB em 22, isso se Anderson não vingar como principal liderança oposicionista na RMR.

    PÉSSIMO EXEMPLO – Deplorável o comportamento da deputada bolsonarista Clarissa Tércio, da bancada do PSC na Assembleia Legislativa, e do seu marido, o vereador eleito para a Câmara do Recife pelo Podemos, Júnior Tércio, durante a posse do prefeito João Campos: desfilaram em todo o recinto, inclusive no plenário, sem máscaras, desrespeitando o protocolo sanitário da Casa e as regras do Governo do Estado. Mesmo quando estavam com a proteção, utilizavam-na de forma inadequada, no queixo ou abaixo do nariz, em tom de deboche. Chegaram até a fazer piadinha de mau gosto depois de levarem um pito do cerimonial.

    O REI DO NEPOTISMO – Eleito pela oposição, responsável pela queda da oligarquia implantada pelo ex-prefeito Carlos Cecílio (PSD), o prefeito eleito de Serrita, berço da tradicional e famosa Missa do Vaqueiro, Aleudo Benedito (MDB), começou muito mal. Na escolha do secretariado exagerou na dosagem nepotista, nomeando seis parentes para governar com ele, a saber: Jaqueline Cristina (esposa), secretária de Ação Social; o sobrinho Artur (Infraestrutura); Irmã Noca (Finanças); Alessandra (ex-esposa), Governo; Maria do Socorro (prima), Educação; e, por fim, a cunhada Tatiane Vidal, na Controladoria. Só faltou o papagaio!

    CURTAS

    LIXO, NEGÓCIO DA CHINA – Entre as medidas saneadoras anunciadas pelos novos prefeitos, chamou atenção a de Gilvandro Estrela (DEM), de Belo Jardim, que determinou um corte de R$ 2,5 milhões no contrato da empresa que cuida da limpeza urbana da cidade. Imagina o tamanho desse contrato original fechado pelo ex-prefeito? É por essas e outras que muitos enriquecem manipulando contratos bilionários do lixo.

    NEM FREUD – A partir de agora, com a volta de Luciano Pacheco (MDB) à Câmara de Vereadores de Arcoverde, o mais prudente seria o novo presidente da Casa providenciar segurança em todas as sessões, para evitar uma tragédia entre ele a desafeta Célia Galindo (PSB). Já na sessão de posse dos eleitos, Pacheco armou o maior barraco. O ódio que ele move contra Célia vai além do figadal, é ira incontida, rancor violento, antipatia mortal. Nem Freud explica!

     

    Perguntar não ofende: João vai estender o expediente para o secretariado aos domingos, como fez ontem?

     


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