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- Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 15:22:20
(Recife-PE) Na época dos coronéis cearenses, de César Cals, passando por Adauto Bezerra, Virgílio Távora e Gonzaga Mota, entre os anos 70 e 80, Fortaleza era uma província, Recife já era a capital do Nordeste, independente do poderio econômico de Salvador, movido ao óleo cru do petróleo. O tempo se encarregou da renovação política e administrativa. O grande timoneiro saiu do meio empresarial, um homem já rico, que se fez grande gestor e produziu uma escola de gestão alicerçada do chamado Estado-empresa.
Atende pelo nome de Tasso Jereissati, governou o Ceará com visão empresarial. Acabou com as mamatas. Só de jornalistas, demitiu mais de 200 parasitas que sugavam o erário nem nunca dar um dia de expediente. Cortou na carne, passando a navalha até reduzir despesas de pessoal de 70% para pouco mais de 40%. Pôs fim aos privilégios, criou um plano estratégico, leis específicas para atrair capital privado. O Estado, notadamente a capital Fortaleza, passaram a escrever um novo paradigma.
Nunca mais o Ceará regrediu. Tasso fez escola, elegeu Ciro Gomes, Ciro deu prosseguimento às mudanças e os Gomes nunca mais foram derrotados. Há pouco, cria dos Gomes, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) elegeu um poste como sucessor, Sarto Nogueira, que começou a vida pública como vereador, foi eleito deputado estadual e é, atualmente, presidente da Assembleia Legislativa.
Tasso é, hoje, senador da República, Ciro eterno candidato ao Planalto, Roberto Cláudio pinta como sucessor do governador Camilo Santana (PT), em 2022. Essa escola de bons gestores levou Fortaleza, quem diria, a um feito inédito: transformou-se no maior PIB entre as três capitais mais importantes do Nordeste, deixando Salvador para trás e levando Recife à condição de lanterninha, em terceiro lugar.
Os números, por si só, falam mais alto. Nos últimos dois anos, inclusive este crucificado pela pandemia, o Ceará foi porta de entrada para 56.528 negócios, um crescimento de 16,30%, segundo o IBGE. Só este ano, quando a pandemia engessou os negócios, foram constituídos 8.965 novos negócios, contra 7,708 empresas abertas no ano passado. O setor de serviços saltou para 30.149 registros, enquanto foram instaladas 5.502 novas indústrias e 20.877 aberturas de novos comércios.
Na prática, o Ceará teve a maior alta do Brasil na produção industrial. Só em julho passado, ainda em meio à pandemia, gerou 5,7 mil novos empregos. De acordo com o IBGE, o crescimento real da indústria cearense chegou a 354,5%. Ficou acima do Espírito Santo (28,3%), superou a média do Nordeste (17,5%) e bateu até o crescente Amazonas (14,6%). Ainda segundo o IBGE, a alta cearense é reflexo da retomada das atividades econômicas e unidades produtivas após a paralisação da Covid-19.
Diferente do Recife, que na gestão Geraldo Júlio (PSB), o incompetente e falastrão, cresce feito rabo de cavalo, para baixo, Fortaleza se agiganta por políticas públicas bem geridas, por um continuísmo gerencial que deu certo, no Estado e na capital, graças ao tino administrativo de Tasso Jereissati, que teve coragem e elevado espírito público para mudar a face de um Estado, a partir de 1987, que era visto apenas como o eldorado dos coronéis.
Mercado crescente – Secretário do Desenvolvimento Econômico do Ceará, o executivo Maia Júnior constata: “Parece que a fase mais difícil do ponto de vista econômico na pandemia começa a se dissipar. Nos meses de junho e julho, não só o comércio varejista, mas a agricultura e a indústria reagiram, com excelentes resultados”, diz ele, à propósito do segundo mês consecutivo que o Ceará desponta com excelentes resultados na sua recuperação econômica, independente dos baques da pandemia.
Quem puxa – No Ceará, no mês de junho, conforme atesta a pesquisa do IBGE, se destacaram no crescimento econômico os segmentos da confecção, têxtil e calçados, e em julho os serviços turísticos começaram a despontar, o que é natural com a volta do consumo no varejo, o que está ativando a recuperação do estoque da indústria. Se comparada com julho de 2019, a produção industrial cearense teve alta de 2,7%. As maiores altas na variação mensal foram registradas nas atividades de fabricação de produtos alimentícios (36,7%), na metalurgia (26,7%) e na fabricação de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (24%).
Visão estratégica – Para o economista Alex Araújo, Fortaleza bateu Salvador baseada na boa adaptação do município à natural desindustrialização, já que as empresas saíram das capitais e foram para a Região Metropolitana. "Colocamo-nos num patamar superior ao que tinha Salvador, numa posição que é muito mais sustentável para o futuro. Essa posição de liderança deve ser mantida nos próximos anos", observa. Já o economista Wilton Daher, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), analisa que os resultados positivos de Fortaleza estão muito relacionados a uma série de governos desenvolvimentistas que, mesmo representando diferentes visões políticas, criaram políticas de Estado que possibilitaram um desenvolvimento de longo prazo.
Fala do prefeito – Desde o início da série histórica, o crescimento de Fortaleza se mostra constante. Isso fez com que a Cidade saltasse de terceiro maior PIB do Nordeste, em 2002, superando Recife em 2003, e, a partir de 2014, aproximando-se de Salvador, até ultrapassar em 2018. Sobre o dado, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, comemorou dizendo que os números divulgados são resultado do trabalho e do suor de cada fortalezense, da coragem empreendedora do empresariado e do conjunto de estímulos, incentivos e investimentos públicos diretos realizados na economia. O gestor municipal ainda diz que a Cidade se consolida no cenário nacional e até continental pelo recente crescimento socioeconômico.
CURTAS
OUTRO MUNDO – Além de Fortaleza, outras cidades do Ceará ganharam destaque no levantamento do IBGE. No cenário regional, Maracanaú se tornou o 14º maior PIB e Caucaia o 29º. Puxado pelo desenvolvimento do complexo do Porto de Pecém, São Gonçalo do Amarante ficou entre os 100 maiores municípios em PIB per capita do País, com R$ 87.086 mil, quase o dobro da segunda maior no Ceará, Eusébio (R$ 46.830 mil).
QUE DIFERENÇA! – Somente entre 2017 e 2018, o PIB fortalezense cresceu 8,8%, de R$ 61,592 bilhões para os R$ 67,024 bilhões. Já a capital baiana teve resultado bem mais tímido, saindo de R$ 62,823 bilhões para R$ 63,526 bilhões, alta de apenas 1,1% no período. Mais atrás, Recife fechou 2018 produzindo R$ 52,4 bilhões em riquezas.
Perguntar não ofende: João Campos vai pegar em bomba com a herança maldita de Geraldo Júlio?