• Cadastre-se
  • Equipe
  • Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 15:58:31
Magno Martins
  • 18/12/2020 07h28

    O coveiro do Recife

    Recife não perdeu apenas gorduras no PIB. Perdeu charme, competitividade no turismo, na economia

    Geraldo Júlio( Foto: arquivo colunista)

    (Recife-PE) Na era Geraldo Júlio, Recife, a então charmosa Veneza Brasileira, cartão postal número um do turismo no Nordeste, cresceu feito rabo de cavalo, para baixo. Não é uma constatação da coluna, mas números oficiais do IBGE, que apontaram, ontem, a capital pernambucana em terceiro lugar no ranking do PIB da Região, o Produto Interno Bruto (PIB). Para uma capital que ostentou por muitas décadas o título de vitrine do Nordeste, uma triste constatação: o PSB a transformou no patinho feio do País.

    Segundo levantamento do IBGE de 2018, Fortaleza bateu Salvador, com um PIB de R$ 67 bilhões, enquanto a capital baiana registrou R$ 63 bilhões. Lanterninha, Recife gerou riquezas acumuladas bem abaixo das duas concorrentes, com apenas R$ 52 bilhões, R$ 15 bilhões a menos que Fortaleza. Que vergonha, prefeito? No ranking nacional, Recife sempre foi a 9ª, mas hoje perde até para cidades do interior de São Paulo, como Osasco.

    Recife não perdeu apenas gorduras no PIB. Perdeu charme, competitividade no turismo, na economia. Virou uma cidade suja, capital em desigualdade social. Geraldo virou o coveiro do Recife. O mote de capital do Nordeste, explorado em campanhas publicitárias na mídia por ele de forma desavergonhada, não passou de um grande sofisma, engodo, uma mentira deslavada, que soou mal aos ouvidos dos recifenses e custou uma baba: R$ 2 milhões em gastos com a mídia.

    Geraldo devia se envergonhar de entregar para o seu sucessor a capital brasileira mais desigual do País, com índice de 0,612, posição que não ocupava desde 2016. A cidade é seguida por João Pessoa (0,591) e Aracaju (0,581). Quanto mais perto de 1, mais a renda é concentrada nas mãos de poucas pessoas. Quando se trata de concentração de renda, numa escala que vai de 0 a 1, o Recife ocupa nada menos que 0,6894 – bem superior ao último indicador brasileiro, de 0,490.

    É o coeficiente de Gini, apurado continuamente pela Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) e a cada censo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade não só é líder entre as capitais, como também é única de grande porte na lista das 50 mais desiguais entre os 5.570 municípios brasileiros. Essa é a herança verdadeira que Geraldo entrega para João Campos e que nos envergonha. Não dá para estufar mais o peito e cantar Recife é festa, Recifolia, você faz parte da minha alegria, símbolo dos nossos carnavais na voz de Almir Rouche.

    Perda baiana – Salvador desceu um degrau no ranking dos maiores PIBs municipais do País, caindo de 9º para 10º lugar, considerando-se todas as 5.570 cidades, e de 8º para 9º lugar entre as 27 capitais. De uma forma geral, a capital baiana teve a 8ª maior perda de participação no PIB nacional, de 0,95% em 2017 para 0,91% em 2018. São Paulo liderou esse movimento, passando de uma participação de 10,61% em 2017 para 10,20% em 2018. Dentre os 10 municípios com maiores PIBs no país, apenas Osasco/SP (R$ 76,6 bilhões) não é uma capital.

    Serviços – O município de São Paulo tem, historicamente, o maior valor, R$ 714,7 bilhões em 2018, representando 10,2% do PIB brasileiro – e mais de 11 vezes o PIB soteropolitano. As perdas de participação e de posição por parte de Salvador nos PIBs nacional e nordestino, entre 2017 e 2018, se explicam, em parte, pela retração nominal da indústria na capital e, de forma mais importante, pela queda de participação nos serviços em geral. Em 2018, o valor adicionado bruto da indústria soteropolitana ficou em R$ 6,9 bilhões, mostrando um recuo nominal de 6,4% frente ao valor gerado em 2017 (R$7,4 bilhões).

    Força cearense – Para o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho de Fortaleza, Maia Júnior, a cidade atingiu esse resultado por ter uma economia de participação preponderante do comércio e serviços. “A capital cearense reúne não só os melhores centros de atacado e varejo, mas uma rede de prestação de serviço da melhor qualidade e bastante competitiva, do ponto de vista regional – que se inserem também o turismo e a economia criativa. Particularmente eu sempre advoguei que Fortaleza fosse um grande portal de serviços da Região Nordeste pela expansão do crescimento”, apontou o secretário.

    A grande família – O prefeito eleito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), dá sinais de que pode começar muito mal a sua gestão, com viés nepotista: tenta fazer presidente da Câmara o seu irmão Johny Albino, de primeiro mandato, eleito com 1.193 votos, 11º lugar entre os 17 eleitos. Corre nos bastidores também que reservou duas secretarias para irmãos e que já tem planos de eleger um irmão deputado estadual em 2022. Se isso vier de fato a se confirmar, com o prognóstico eleitoral da próxima eleição, é fortíssimo candidato a conquistar o troféu de “Rei do nepotismo”.

    CURTAS

    ADESISTAS – O adesismo é, verdadeiramente, uma das maiores pragas da política. Em Garanhuns, Sivaldo Albino foi eleito numa coligação com seis dos 17 vereadores. Vai tomar posse, em 1 de janeiro, com apenas dois vereadores na oposição – Gersinho, parente de primeiro grau, e Magda Alves, ambos do PTB. Antes mesmo de chegar ao poder, nove parlamentares cometeram o crime do oportunismo político, mudando de lado como folha que o vento leva.

    BOMBA – Caiu como uma bomba no meio empresarial e político a decisão do empresário João Carlos Paes Mendonça de desistir do mega projeto turístico Costa de Guadalupe, no litoral Sul do Estado, tudo por causa da burocracia ambientalista do Governo de Pernambuco. A notícia foi dada com exclusividade na edição de ontem do jornal O Poder. Se você ainda não recebe O Poder em seu celular, se cadastre agora mesmo no www.jornalopoder.com.br

    Perguntar não ofende: Vai demorar também para Recife ser passada para trás por Natal?

     

     

     


Vídeos
publicidade