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- Contato Brasil, 24 de novembro de 2024 15:26:45
(Recofe-PE) Confúcio foi um pensador e filósofo chinês cuja pregação versava sobre a moralidade pessoal e governamental. Também focava os procedimentos corretos nas relações sociais, era justo e sincero.
Chamado para a última morada ontem, a celestial, o jornalista Fernando Mendonça era confuciano: firme, paciente, simples, natural e tranquilo. Quem é assim está perto da virtude, segundo o pensador chinês. E ele era virtuoso.
Virtude é a disposição de uma pessoa de praticar o bem. Arraesista fervoroso, tendo saído com Miguel Arraes por força da ditadura em 64 pela mesma porta que entrou de volta em 1987, após a campanha memorável de 86, Fernando, como ouvi do amigo comum Eduardo Monteiro certa vez, era um homem de caráter indômito, que não é dobrado nem vencido.
Com ele, na fornalha das primeiras impressões da Folha de Pernambuco, que plantou suas sementes integrante do exército de abnegados jornalistas mobilizados por Eduardo Monteiro, aprendi que jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique, uma paixão insaciável, palpitação sobrenatural pela notícia. Mais do que isso, que sem jornalismo não há revolução.
Mendonça, para ser mais sincero e preciso, foi um segundo pai para mim. Conselheiro e conciliador, se constituiu no enviado de Deus para apaziguar minhas divergências, sadias e honestas, com Eduardo Monteiro. E não foram poucas! Entre um trago de charuto cubano e um vinho tinto chileno, me fez fumar incontáveis cachimbos da paz com nosso chefe da notícia, com cheiro de tinta fresca, efeito de nitroglicerina pura.
Eduardo é um homem movido a paixões, ouvi dele em incontáveis oportunidades. Enquanto editorialista da Folha, Mendonça lia os pensamentos de Eduardo e transcrevia na Folha com uma fidelidade canina. Mendonça foi fiel a quem com ele se comportou como cúmplice. Em 64, viveu os momentos mais tensos da sua vida, viu nos coronéis o ódio que moviam contra um homem com cheiro de povo, altivo e corajoso da estirpe de Miguel Arraes.
Na convivência com o mito de carne e osso, que o povo usava sua foto para fazer chá, em meio à emoção da sua volta pela porta que saiu, Mendonça dizia o que poucos tinham coragem, olho no olho, com a sua verve política e visão jornalística.
Fernando Mendonça morreu levando os segredos de Arraes para o túmulo. Bem que insisti, no tempo em que convivi com ele, em passar tudo que viveu em um livro de memórias. Mendonça era tão próximo de Arraes que foi a ele que o então governador entregou a missão de colher assinaturas para um abaixo assinado em favor de João Goulart, deposto pelo golpe militar de 64.
Mendonça viveu mais de 80 anos, era a própria notícia, mas preferiu passar os dias que Deus lhe deu na missão terrena fazendo a notícia.
Contra vacina – O presidente Jair Bolsonaro disse, ontem, que não vai tomar a vacina contra a covid-19. A declaração foi dada ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band. Ele já foi diagnosticado com a doença em julho, mas cientistas ainda não sabem por quanto tempo as pessoas ficam protegidas de se infectar novamente. "Eu não posso falar. Como cidadão é uma coisa e como presidente é outra. Mas como eu nunca fugi da verdade, eu digo: Eu não vou tomar a vacina. Se alguém acha que a minha vida está em risco, o problema é meu e ponto final", afirmou o presidente.
“Narrativa fantasiosa” – Em resposta enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, disse que é “narrativa fantasiosa”, “sem nenhum lastro de veracidade”, as acusações de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) elaborou orientações para auxiliar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por sua vez, disse ao Supremo que não existe “relatório produzido institucionalmente” pela agência a favor de Flávio Bolsonaro e pediu para ter acesso aos documentos mencionados nas reportagens.
Queiroz apenas pagava as contas – O presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, que Fabricio Queiroz, figura central na investigação contra Flávio Bolsonaro no suposto esquema de rachadinha, fez pagamentos pessoais para ele no passado. De acordo com o presidente, Queiroz era de "confiança". “Vamos apurar? Vamos, mas cada um com a sua devida estatura, e não massacrar o tempo todo, como massacram a minha esposa, quando falei desde o começo que aqueles cheques do Queiroz ao longo de dez anos foram para mim, não foram para ela. Eu dava 89... divide aí, Datena. R$ 89 mil por dez anos, dá em torno de R$ 750 por mês. Isso é propina? Pelo amor de Deus! Pelo amor de Deus! R$ 750 por mês. O Queiroz pagava conta minha também. Era de confiança, tá?”, disse em entrevista à Band.
Fundeb – O Senado aprovou, ontem, a regulamentação do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) sem mudanças feitas pela Câmara que poderiam transferir até R$ 12,8 bilhões por ano da rede pública para escolas confessionais (religiosas), filantrópicas e comunitárias. Como foi alterado, o projeto retorna para a análise dos deputados. O relator da proposta, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), apresentou um relatório com mudanças mais tímidas das que foram aprovadas. Depois de ser pressionado por diversos colegas, decidiu derrubar todas as alterações aprovadas em destaques – votações em separado – pelos deputados.
CURTAS
COMARCAS – Um projeto de resolução que diminui de 150 para 107 o número de comarcas do Judiciário estadual foi aprovado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). De acordo com a decisão, 43 comarcas com baixo percentual de processos que ingressam anualmente na Justiça serão agregadas a de outras localidades. De acordo com esse projeto, quando essas comarcas forem desativadas, moradores de 43 cidades terão que se deslocar para municípios vizinhos para ter acesso a serviços do Judiciário ou participar de audiências.
CHAPA-BRANCA – Após encontro entre os dirigentes partidários e líderes de partidos da Oposição na Câmara Federal, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, reforçou que o partido deve apoiar um candidato à presidência da Casa "que possa derrotar o candidato do Palácio do Planalto". À Folha de Pernambuco, o dirigente socialista disse que a reunião "demonstrou que será possível vencer o candidato chapa branca, desde que os partidos de esquerda apoiem o candidato de centro".
Perguntar não ofende: quando a vacina vai chegar ao Brasil?