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Magno Martins
  • 14/12/2020 09h19

    Amupe promove aglomeração

    Só quem não enxerga é a Amupe. Mesmo advertida, a instituição manteve o evento

    Amupe e evento( Foto: arquivo do colunista)

    (Recife-PE) Em meio a uma nova onda da pandemia do coronavírus, que parece muito mais grave e preocupante do que a primeira – se é que se pode separar uma da outra, já que, na verdade, nunca existiu intervalo – a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) – promove, hoje e amanhã, em Gravatá, uma grande aglomeração de prefeitos para um debate que poderia, sem prejuízo algum, ser adiado, porque só se reveste de uma pressa, a que aniquila o verso.

    Presidido pelo meu conterrâneo, o prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB), o primeiro encontro dos prefeitos eleitos de Pernambuco é um atestado do mau exemplo para uma instituição e gestores que deveriam dar o bom exemplo. Nos últimos 15 dias, o rastro de morte pela Covid-19 é um festival do pior horror cinematográfico. Não exclui idade, sexo ou classe social. Mata homens, mulheres e crianças. Cria o espetáculo do medo atemorizante da morte.

    Só quem não enxerga é a Amupe. Mesmo advertida, a instituição manteve o evento. Ao repórter Houldine Nascimento, deste blog, Patriota enviou uma nota mantendo a reunião sob a alegação de que havia reduzido os convidados – 184 ao todo, com direito a levar apenas um assessor – à metade e que não havia programação em recinto fechado, mas na beira da piscina do Hotel Canarius, em Gravatá, ao ar livre.

    É de se perguntar: que pauta tão imprescindível será posta em discussão, hoje e amanhã, em Gravatá, que não possa ser adiada? Mesmo exigindo a presença dos convidados com máscara, mantendo distanciamento e assepsia das mãos por álcool gel, a Amupe é protagonista e responsável por um ato público de aglomeração. Fora dessa linha imaginária de interpretação e julgamento não existe escape nem justificativa.

    O mais grave disso tudo é que o governador Paulo Câmara, segundo a própria Amupe, teria confirmado a presença na abertura oficial. Das duas, uma: ou o governador pactua com a irresponsabilidade da Amupe ou está fazendo o povo de besta, porque, na semana passada, deu uma canetada proibindo festas de Natal e Réveillon.

    Juntos, mas híbrido – O encontro, segundo a nota da Amupe, será híbrido: presencial e por vídeo. “O número de todos os presentes será muito inferior ao permitido pelo decreto estadual. Todos os protocolos serão rigorosamente aplicados. Não haverá reunião em ambiente fechado. A transmissão do evento em tempo real favorecerá a participação de muitas pessoas interessadas nos temas a serem abordados. Alguns palestrantes farão suas exposições por vídeo, a exemplo do representante do Instituto Butantã", diz José Patriota, presidente da instituição.

    Nem isso! – Só no último fim de semana a Covid-19 tirou a vida do ex-deputado federal Carlos Eduardo Cadoca (foto); do ex-prefeito de São Caetano Jeová Almeida; do vereador eleito de Niterói Carlos Boechat, irmão do jornalista Ricardo Boechat, que perdeu a vida na queda de um helicóptero, em São Paulo. E quem está agonizando no hospital, segundo o último boletim sobre o seu estado de saúde, é o cantor e forrozeiro Genival Lacerda, uma lenda da MPB brasileira. Mas nada disso sensibilizou a Amupe a recuar, tomando a medida mais acertada: o cancelamento da aglomeração entre prefeitos eleitos.

    Imunização – Em meio a tantas notícias ruins, uma que dá alento: o Governo Federal entregou o "plano nacional de operacionalização da vacinação contra a covid-19" ao STF (Supremo Tribunal Federal). Foi elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O governo prevê serem necessárias 108 milhões de doses de vacina para os grupos prioritários e incluiu o imunizante CoronaVac entre os candidatos a serem utilizados. A vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan se tornou alvo de disputas políticas entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

    Prefeita assume – Surgiu uma nova interpretação no meio jurídico em relação aos seis municípios em Pernambuco cujo resultado ainda não foi referendado pela Justiça Eleitoral: a possibilidade de não haver eleição suplementar, mas posse do candidato votado, no caso o segundo, já que a votação do primeiro estaria nula. Segundo um advogado consultado pelo blog, a resolução 23.611, de 19 de dezembro de 2019, baixada pelo TSE, é muito clara: assume o segundo colocado, descartada a possibilidade de nova eleição. Entre os municípios nesta situação está Pesqueira. Lá, o cacique Marquinhos (Republicanos) foi o mais votado, mas quem deve assumir é a prefeita Maria José (DEM), tendo em vista que ele foi condenado em processo criminal, já perdeu no TRE e deve sofrer nova derrota no TSE.

    CURTAS

    O CRIME – O cacique, que na semana passada esteve em Brasília, apelando com recurso junto ao TSE, é réu em processo criminal que transitou em julgado em fevereiro de 2015, tendo sido condenado a uma pena de 10 anos, quatro meses e treze dias, além de multa. A condenação é por prática de crime contra o patrimônio privado, um processo por crime de incêndio cometido pelo cacique e outras 35 pessoas.

    DEFESA – O advogado eleitoral Marcelo Cavalcante Patu explica que o cacique Marquinhos foi condenado injustamente, após sofrer uma tentativa de homicídio. “O cacique sofreu uma emboscada. Foi uma tentativa de homicídio onde dois amigos seus morreram. Ele e o primo sobreviveram. O cacique fugiu”, resumiu. Marcelo contou que a comunidade, em protesto, queimou bens do suspeito de ter atirado contra Marquinhos.

    Perguntar não ofende: Quando a Justiça Eleitoral vai se manifestar em relação aos seis municípios sem resultado oficial homologado em Pernambuco?

     

     


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