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  • Contato Brasil, 28 de março de 2024 19:31:45
Magno Martins
  • 25/11/2020 08h32

    Efeito zero para João

    Também não acredito que debates sejam suficientes para transferir votos, pois ocorrem quando o povão está no trabalho sem condições de acompanhar ou ligado em outro canal de televisão de maior audiência

    João Campos( foto: Arquivo do colunista)

    (Recife-PE) Até que ponto a contrapropaganda poderá influenciar no resultado das eleições de domingo revertendo os números até agora favoráveis à candidata do PT, Marília Arraes, segundo todas as pesquisas? Olhando para o passado e para a história recente das eleições de Pernambuco e do Recife, essa teoria cai por terra. Até porque Recife é uma cidade rebelde, cujo eleitor não se engana por panfletos apócrifos ou inserções veiculadas no rádio e na televisão.

    Também não acredito que debates sejam suficientes para transferir votos, pois ocorrem quando o povão está no trabalho sem condições de acompanhar ou ligado em outro canal de televisão de maior audiência. Em 1988, nas eleições do Recife, tendo de um lado Marcos Cunha, do PMDB apoiado pelo então prefeito Jarbas Vasconcelos e o governador Miguel Arraes, e de outro Joaquim Francisco, do PFL, as vésperas do pleito houve um derrame de panfletos e adesivos, botons com a imagem de um Dedo Duro tentando associar Joaquim a um delator da Ditadura Militar.

    A contrapropaganda fracassou. Na eleição de Jarbas Vasconcelos ao Governo de Pernambuco, cujo adversário era Miguel Arraes, que tentava se reeleger mais contrapropaganda pesada insinuando que Jarbas era um péssimo filho e que teria batido no pai. Também não vingou. Agora a vítima da contrapropaganda é Marília Arraes, atacada em todas as frentes: com panfletos sórdidos distribuídos defronte aos templos evangélicos. Nas redes sociais é chamada de maconheira e defensora do aborto.

    Enfim, tentam demonizá-la numa tentativa de reverter os números que indicam ser ela a primeira mulher a ocupar o cargo de Executivo Municipal do Recife. Alguns analistas políticos acreditam que se persistirem as acusações no horário eleitoral de que ela teria funcionários fantasmas no seu gabinete podem influenciar o eleitor a mudar de voto.

    Dificilmente isso ocorrerá pelos seguintes motivos: quem é do PT ou acompanha o partido permanecerá com Marília; quem está contra a péssima gestão de Geraldo Júlio ou desapontado diante dos escândalos dos respiradores de porcos e outras irregularidades, não vota em João Campos. Os eleitores radicais de direita que votaram em Mendoncinha ou na delegada tenderão a anular ou votar em branco.

    Analisando o quadro, Marília ainda fica na dianteira provando que foi o tempo que contrapropaganda mudava os rumos de uma eleição na reta final. Melhor exemplo é que não deu em nada a tentativa dos marqueteiros de João Campos em associar Marília à executiva nacional do PT. O efeito foi ao contrário.

    CARA PÁLIDA – Ao criticar o PT durante o debate da TV Jornal, ontem, o candidato João Campos (PSB) afirmou que nenhum gestor do PSB foi apontado como envolvido com corrupção, nas gestões da legenda no Estado e no Recife. As afirmações não são reais. O PSB tem sim ex-gestores como réus criminais na Justiça Federal de Pernambuco. As informações constam do site oficial da Procuradoria da República em Pernambuco. Em julho de 2019, o MPE ofereceu à Justiça Federal a 11ª denúncia resultante da Operação Torrentes, que desvendou "fraudes com recursos federais, oriundos do Ministério da Integração Nacional, destinados ao auxílio de vítimas das enchentes ocorridas em 2010".  O prejuízo aos cofres públicos, em valores corrigidos, ultrapassou R$ 2,5 milhões, segundo o MPF.

    ATÉ NO PALÁCIO – A Operação Torrentes, deflagrada em 2017, apontou a "atuação de grupo criminoso que, nos últimos anos, praticou fraudes na execução de ações de auxílio à população afetada pelas chuvas, que deixaram mais de 80 mil pessoas desabrigadas em Pernambuco". O esquema envolveu oficiais da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, inclusive um secretário de Estado de primeiro escalão como chefe da Casa Militar, bem como empresários favorecidos mediante fraudes em licitações e contratos em troca de vantagens indevidas. Na Operação, foi feita busca e apreensão no Palácio do Campo das Princesas, em 9 de novembro de 2017, por ser a sede da Casa Militar.

    CAIXA DE PANDORA – Após ser citado inúmeras vezes pelo candidato do PSB à Prefeitura do Recife, João Campos, ao longo do debate de ontem com Marília Arraes na TV-Jornal, na condição de maior causador dos desmandos que assolam a capital, o ex-prefeito e vereador pelo PT, João da Costa, não reeleito na eleição de domingo passado, fez um desabafo pelas redes sociais usando o seu Twitter. João disse que, no momento certo, vai abrir a caixa de Pandora e revelar o que sabe. Que efeito danoso tem essa caixa de Pandora de João, o pior prefeito do Recife?

    ENTENDA O MITO – A Caixa de Pandora foi divulgada pela obra de Hesíodo, intitulada Os Trabalhos e os Dias, escrita no século VIII a.C. Nele, Zeus cria uma mulher com diversas qualidades oferecidas pelos deuses e a concede ao irmão de Prometeu, Epimeteu. Antes, Zeus havia a oferecido a Prometeu, que temendo algum plano de vingança, a recusa. Quando Epimeteu ganha Pandora, com a mulher, ele recebe uma caixa que reunia inúmeros males espirituais e físicos que poderiam se espalhar pelo mundo. Sem saber de fato o que se encontrava dentro da caixa, ele foi apenas alertado de que o objeto não deveria ser aberto de forma alguma. Assim, a caixa foi colocada no fundo de sua casa e protegida por duas gralhas que emitiam altos sons.

    CURTAS

    SEM COLIGAÇÕES – O percentual de prefeitos eleitos sem coligação partidária quintuplicou em 2020 na comparação com 2016. Foi de 1,98% para 9,92%. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) chama de “partidos isolados” os que não fecham uma aliança formal para disputar as eleições. O levantamento tem como base os dados do TSE. As eleições deste ano foram as primeiras que não tiveram coligações para candidatos a vereador.

    MAIS VOTADOS – Antes, as vagas nas Câmaras Municipais eram divididas de acordo com o número de votos de cada aliança. Assumiam os postos os mais votados dentro das coligações. Agora, a divisão das vagas é feita de acordo com o número de votos dos partidos. Os candidatos ao Executivo podem fazer coligações. Alianças maiores significam mais tempo na TV no 1º turno, por exemplo. As novas regras fizeram com que as eleições de 2020 tivessem recorde de candidaturas a prefeito, vice e vereador.

    Perguntar não ofende: Como virá a pesquisa do Ibope de hoje para prefeito do Recife?

     

     


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